segunda-feira, 28 de junho de 2010

Xógum - Livro do mês


Eu costumo dizer que cada livro é um livro e cada leitor é um leitor. Além disso, como já é de conhecimento comum, os livros são sempre muito pessoais e a forma como o lemos e o sentimos depende muito do nosso momento. Há livros que parecem ser feitos para determinados momentos em nossas vidas, que se o lêssemos em um outro, ele não teria o mesmo saber, o mesmo significado.
            Falar de livros, conversar sobre livros com diferentes leitores, que possuem diferentes gostos é algo extremamente prazeroso, mas difícil de se fazer. Definir um livro, dizer se ele é bom ou ruim, se é agradável para esse ou aquele momento é sempre das tarefas mais árduas. Algo comum, para quem gosta de fazer isso, de escrever breves resenhas, pequenas “críticas” de livros, como faço neste blog, é receber inúmeras respostas, algumas de pessoas comentando que gostaram do texto, elogiando-o, de pessoas falando que irão ler aquele livro, por terem gostado da “crítica” e por estarem curiosos para conhecer tal obra, ou simplesmente criticarem a “crítica”, por não serem de acordo como foi colocada, por não concordarem com as minhas opiniões, por terem lido, também, o livro em questão e acharem a minha visão “destoante”. Pois bem, essa é a vida de um leitor apaixonado e de um alguém que se aventura a falar abertamente sobre algo que mexe tanto com as pessoas: suas paixões por livros.
            Há livros e livros, e defini-los, podem ter certeza, amigos leitores, que acompanham este blog, não é nada fácil, mas com Xógum eu posso afirmar que foi fácil, que, a medida que eu avançava na leitura, não encontrava uma outra palavra (isso mesmo, ousarei até definir o livro em uma palavra!), que o definisse de uma maneira mais justa do que magnífico. Isso mesmo: magnífico. E estou falando isso, assim, tão abertamente, correndo o risco de ser criticado em minha “crítica”, que Xógum é um livro magnífico nos mais diversos sentidos dessa palavra, nos mais diferentes aspectos que o livro pode ser lido, interpretado e estudado.
            Obra ímpar da literatura, romance histórico belíssimo, Xógum nos convida, nos conduz a um mundo muitas vezes tão pouco conhecido por uma imensa maioria, embora tão amado por tantos amantes da literatura, história e cultural oriental, do Japão Feudal. Somos, como leitores, levados a conhecer um universo diferente do nosso, em todos os sentidos. Um mundo, um universo diferente em aspectos culturais, valores, visões do mundo, nos relacionamos com as pessoas que nos cercam e com o mundo que nos rodeia. Universo repleto de sabedoria e simbolismos, tão falado, mas tão pouco conhecido por nós, ocidentais.
            A leitura de Xógum é envolvente e cativante, extremamente enriquecedora. Mostra um verdadeiro choque de culturas e valores, não só entre ocidente e oriente, mas de dois mundos completamente diferentes, mas ao mesmo tempo iguais, que podem ser compreendidas e caminhar lado a lado, podem se completar uma com a outra.
            A História de Xógum é centrada em John Blackthorne, um piloto inglês de um navio holandês que tem como grande ambição de ser o primeiro inglês a dar a volta ao mundo e chegar a lugares verdadeiramente lendários, conhecidos apenas por portugueses e espanhóis, que possuem uma espécie de monopólio dos mares do mundo. Blackthorne chefia uma esquadra de navios holandeses, mas ao atravessar o Estreito de Magalhães é surpreendido por uma esquadra espanhola. Há uma batalha travada nos mares e o Erasmus, navio de Blackthorne, se desgarra e passa a navegar mares desconhecidos quando é surpreendido por uma forte tempestade. Perdidos em alto-mar, os homens daquele navio têm que lutar pela sobrevivência por dias tão escuros quanto as noites, até que atracam numa enseada num lugar desconhecido, longínquo, num mundo a que não julgavam existir.
            Feito prisioneiro, Blackthorne é separado de sua tripulação e conhece um mundo que lhe parece tão hostil e, por vezes, até desumano, habitado, entre outras pessoas, por samurais e padres portugueses em missão jesuítica. Bárbaro, como ele é chamado e tratado, Blackthorne possui um imenso conhecimento, e passa a ser temido ao mesmo tempo que tê-lo como aliado, como fiel vassalo, passa a ser desejo de muitos daimios japoneses naquele momento tão tumultuoso da história do Japão, prestes a entrar numa verdadeira guerra civil, que dividirá, novamente, o país e envolverá todas as pessoas, sejam elas samurais ou não.
            Contada com maestria ímpar na literatura ocidental, Xógum: a gloriosa saga do Japão, conta a jornada de Blackthorne, que representa um homem ocidental, sofrendo com o choque de culturas e valores a medida em que vai assim tomando conhecimento, entrando e assimilando aquele mundo inteiramente novo.
            Intrigas políticas, romance histórico, romance, drama e um livro de valores, Xógum é um livro belíssimo, obra extremamente enriquecedora sobre uma gloriosa história passada no Japão Feudal.

4 comentários:

  1. Nossa... venho conhecer o seu blog e já encontro um post sobre Shogun (é muito feia a grafia em português com X...). Não tinha como ter uma melhor impressão... AMO esse livro! É o máximo :)
    Vou ler agora o post com atenção... pq assim que vi que era Shogun eu tive que deixar um comentário aqui ^^

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  2. Adorei a resenha!!! Linda!!!
    Shogun é muito bom mesmo!!! Mas eu sou suspeita para falar, porque além de louca por livros também sou louca pela cultura oriental... então juntando tudo não tinha como eu não gostar...
    Vc sabia que a história é baseado em fatos reais? Os nomes não são verdadeiros e é claro que é tudo muito exagerado. Mas tirando a casquinha do romance, por baixo existe uma verdadeira história que realmente aconteceu no Japão... Inclusive um estrangeiro que vira protegido do futuro Shogum ^^

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  3. Ótima postagem sobre este livro! Te digo que esta entre os melhores que já li! James Clavell consegue nos prender em cada página!Faz muito tempo que estive com este livro em mãos, mas é como se eu tivesse assistido cada passagem ao vivo, realmente me marcou de mais! A sensação de desespero por estar perdido em uma terra desconhecida aonde seus inimigos já chegaram. A mudança nos hábitos de higiene, no convívio em sociedade, nos pensamentos. O choque cultural completo acompanhado de um amor proibido e impossível. Sem falar dos nijas! Ah os ninjas! hehe Recomendo este livro a todos também, assim como outro do Clavell que é muito bom: TAI-PAN, que fala sobre a chegada dos ocidentais na China em meio ao tráfico de ópio, ótimo livro também! Buenas!

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  4. Parabéns. Muito bem colocado a questão da relação Leitor-Livro. Ao por suas mãos em um livro, as marcas entre a alma e o texto é como uma digital: única, pessoal. Shogun é um Livro extraordinário. O encontrei em 1994, e desde então tornou-se um amigo que reencontro de tempos em tempos. É o melhor livro de Clavell. Comentasse que em parte é sugado da textos de uma obra japonesa que narra o Japão do seculo XVII. Para os brasileiris o texto ganha ainda maior atração por nosso vinculo com a influência da formação católica e presença dos jesuítas. O Livro mais do que Aventura, traz diálogos ricos sobre comportamento, estratégias e sentimentos. Fruto do fato Clavell foi o tradutor de “ A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, livro adotado como manual de Gestão de Negócios. Shogun é daquele Livros capaz de se tornar um grande Amigo para toda Vida.

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