domingo, 29 de novembro de 2009

Palavras de agradecimento pelo sucesso obtido com o lançamento de "Uma História em Cinco Vozes"


Venho através desta mensagem agradecer a todos pelo sucesso obtido com o meu primeiro livro, Uma História em Cinco Vozes. A aceitação, a crítica foi tão favorável que me surpreendeu enormemente, tanto que a primeira tiragem, lançada em 7 de abril deste ano, foi esgotada, e eu tive que providenciar uma nova, com mais 100, devido a procura que está acontecendo por exemplares do livro.
O livro, nascido para ser um de “contos de fadas para adultos”, teve uma aceitação muito maior do que as minhas mais otimistas projeções, pois se tornou comum a sua utilização em sala de aula, pelos professores, por parte de palestrantes, que utilizaram minhas histórias em meio às suas palestras.
            E todo esse sucesso, toda a repercussão favorável que teve o livro, eu devo a você, amigo, que sempre me apoiou nessa dura e difícil empreitada que foi a construção e realização desse sonho que tenho lutado tanto ao longo dos anos, de publicação de minhas histórias e início de uma “carreira literária”.
            E, como todos sabem, a forma como encontrei para homenagear a todos vocês, grandes amigos, foi a da publicação de um conto no livro, cujo título é O Jardim da Amizade, a última e mais difícil história de se escrever, de se expressar através das palavras. Além disso, as palavras, simples, da dedicatória, Dedico este livro a meus amigos, e a forma que encontrei para homenageá-los, para expressar toda a minha estima, foi a de incluir um conto, o último a ser escrito e colocado neste livro, cujo título é O Jardim da Amizade, servem para exemplificar a minha gratidão a todos aqueles que ajudaram não só para a obtenção do sucesso com o livro, mas também para escrever a história de Uma História em Cinco Vozes.


sábado, 21 de novembro de 2009

Como seria Drácula, de Bram Stoker, no mundo de hoje?


Tudo bem. Resolvi me declarar publicamente um chato, um alguém conservador e pouco afeito às novas mudanças. No tocante a literatura então, sou praticamente intratável, conservador ao extremo, pouco afeito aos modismos e fiel defensor das “tradições literárias” e das boas histórias.
            Um desses modismos, o que tem se mostrado o mais forte da atualidade, é o da explosão literária dos “vampiros”.
            Os vampiros estão entre as criaturas mitológicas-fantasiosas que mais despertam o interesse dos leitores desde tempos imemoriais. Desde antes do lançamento do clássico Drácula, de Bram Stoker, o vampiro desperta amores, interesses e temores no imaginário do homem. Esses fantásticos seres têm despertado fascínio no homem em todas as áreas. No cinema foram feitas inúmeras adaptações, sendo algumas consideradas verdadeiras obras-primas do cinema e outras se tornando verdadeiros ícones no gênero suspense/terror. Na literatura, são outras tantas histórias que povoam o imaginário dos leitores. É raro um jovem escritor que pensa em empreender uma carreira literária no gênero do suspense/ terror ou com toque de misticismo que não tenha escrito pelo menos uma história sobre vampiros, ou que tenha, em meio a uma de suas histórias pelo menos uma “participação especial” de uma dessas criaturas.
            As histórias de vampiros são, muitas vezes, tão vívidas que deixaram, há tempos, de povoar o imaginário e passaram e ser vividas (e sentidas!) por muitos dos seus amantes. Não é raro encontrar, seja na Irlanda, terra de Bram Stoker, na Transilvânia, onde a figura de Drácula é tão presente, nos Estados Unidos ou aqui no Brasil, aqueles que acreditam piamente na existência de vampiros, ou aqueles que juram (de pé junto) já terem encontrado algum e ainda há os que dizem terem sido mordidos.
            No entanto, fora desse fascínio por vampiros, que remonta e tempos imemoriais, o que tempos visto hoje é uma enxurrada de livros que tratam do assunto. Para comprovar isso, basta olhar a lista dos livros mais vendidos, pois lá, entre os dez, podem ser encontrados facilmente pelos menos seis títulos que têm como protagonista (ou antagonista, por que não?) algum vampiro. Mas esses títulos, longe do bom gosto das tradicionais histórias de vampiros, têm se mostrado uma verdadeira deturpação da história e do nome dos vampiros.
            Vampiros, existindo na vida real ou “apenas” no imaginário das pessoas, têm uma reputação a zelar, têm toda uma história construída ao longo dos séculos (e das noites escuras da Transilvânia!), o que não está sendo respeitado nos dias de hoje. Temos visto, na literatura e no cinema, principalmente, uma enxurrada de “vampirEMOs” e de “vampiros vegetarianos”, que mais chamam a atenção pelo seu visual de bom-moço, com seus penteados altamente estilosos do que pelo temor ou fascínio que os verdadeiros vampiros exercem. Vampiros que não mordem ninguém, que não colocam medo sequer a uma criança de cinco anos, que deixaram de habitar as noites escuras e passaram a andar a luz do sol (e a brilhar durante os dias!) não são vampiros, mas sim posers que só porque andam de preto durante o dia e possuem dentes proeminentes (muitas vezes chapas) batem no peito para se proclamarem vampiros, embora fujam, enjoados, ao primeiro sinal de sangue!
            Eu sempre fui fascinado pela fantasia, pelo respeito que o nome vampiro exerce no imaginário das pessoas. Já li inúmeros livros que tratem do assunto, inclusive o maior clássico de todos: Drácula, de Bram Stoker. E me sinto enormemente ultrajado quando vejo a forma e no que os vampiros se tornaram hoje em dia. Fico, por vezes, a pensar em como seria um Drácula, se Bram Stoker o escrevesse hoje. Que visual ele teria? Como se portaria com as outras pessoas, os meros mortais? Quem (ou o quê) ele morderia?
            Só em tentar responder as essas hipotéticas perguntas sinto um arrepio me subir pela espinha e fico a imaginar como devem estar os ossos de Bram Stoker, se debatendo em seu túmulo, a uma hora dessas, vendo no que a sua obra-prima se tornou para o “mundo moderno”!


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Salada Russa - Livro da Semana

impressionante como a literatura russa, mesmo quando a julgamos tão conhecida, consegue ainda nos surpreender. e o livro "salada russa", além de nos apresentar textos fantásticos, alguns até bastante raros e pouco conhecidos, ainda nos guarda dois contos de autores pouco conhecidos e falados, Gárchin e Grin.
o livro trata-se de uma breve coletânea de contos, de alguns dos principais escritores russos, do que há de mais significativo na literatura daquele país no século XIX.
o primeiro conto do livro é do pioneiro da literatura daquele país: Puchkin. o conto possui o que é uma característica de muitos escritores russos: a tragédia. a diferença, na história que abre o livro "Salada Russa", é o tom que pode ser interpretado, também, como "cômico".
o segundo conto, de Liérmontov, escritor este tão pouco conhecido no Brasil, é de uma intensidade impressionante, e a história só tem seu verdadeiro desfecho na última linha, prendendo o leitor da primeira à última palavra.
o seguinte é de Turguêniev, escritor conhecido em nossas terras pela obra "Pais e Filhos". seu conto é de uma simplicidade e delicadeza ímpar que, apesar de possuir uma forte carga emocional, de possuir características de um drama, possui uma sensibilidade rara, de uma ternura impressionante.
o outro, de Tolstoi, trata-se do conto "depois do baile", que é relativamente comum em coletâneas de conto do autor. possui tudo que tornou-se a marca do consagrado escritor de "Guerra e Paz" de "Anna Kariênina": conflitos, dramas e finais com fortes tons "não muito felizes".
em seguida aparece o conto de Gárchin, escritor russo tão pouco conhecido no Brasil. pela história, muito forte e marcante, nós, leitores brasileiros, lamentamos enormemente por possuirmos tão pouca coisa desse escritor publicada por aqui.
Tchékhov, o que é considerado o principal contista russo de todos os tempos e um dos mais importantes de toda a literatura mundial, teve seu espaço reservado nesse livro, sendo o único a ter três histórias curtas na obra.
Gorki, escritor que tem como principal marca as história com forte cunho político, apresenta-nos dois textos de uma simplicidade tão pouco conhecida em sua obra. seus contos (são dois os que foram colocados no livro "Salada Russa") são curtos, ternos e delicados.
e para fechar o livro, temos um conto do escritor Grin, este tão conhecido quanto Gárchin. seu conto é de uma força impressionante, com personagens muito bem construidos numa circunstancia marcante, com tons de uma fantasia pouco explorada dentro do universo literário russo e um romantismo de uma beleza ímpar, não só na literatura russa, mas universal.

o livro "salada russa" teve os textos, todos, traduzidos direto do russo por Tatiana Belinky.

domingo, 15 de novembro de 2009

Fahrenheit 451 - Livro da Semana


Escrito por Ray Bradbury na década de 50, o livro Fahrenheit 451 relata a história em um “futuro perfeito”, onde as pessoas vivem uma sensação de paz e felicidade plena, quando se veem livres de quaisquer espécies de questionamento. Vivem suas rotinas sem qualquer preocupação.
            Nessa sociedade de um estado totalitário, os bombeiros atuam como verdadeiros agentes repressores, responsáveis pela queima e destruição da que se tornou a maior arma sediciosa à felicidade das pessoas, justamente por despertarem nelas questionamentos não só relacionados ao mundo que as cerca, mas a forma como o veem e a si próprias: os livros.
             Nesse contexto, conhecemos o bombeiro Guy Montag, um bombeiro fiel a sua causa, ciente de sua responsabilidade para com a sociedade. Responsável, o bombeiro vê se mundo mudar quando conhece sua vizinha adolescente, em que nunca tinha reparado.  Jovem, como que falando a si própria, e o homem, então, percebe a pertinência das colocações e questionamentos dela e começa a dar uma maior atenção ao que a adolescente diz.
            Dia após dia, Guy a encontra, por vezes propositalmente, em outras por um mero acaso, e se dá conta do quão tragado está sendo pelas palavras da adolescente. Mas os encontros entre o bombeiro e a adolescente foram bruscamente interrompidos com a morte dela. Fora atropelada ao atravessar uma via expressa e parara para reparar no céu.
            Deparando-se pela primeira vez com um sentimento de perda (sentimento este que também fora abolido nessa sociedade), foi trabalhar, como todos os dias, e justamente neste dia um chamado urgente o fez se deslocar, junto com todo o seu grupamento, a uma casa onde eram escondidos não só um, mas muitos livros. E no processo de queima, o dono daquela biblioteca recusou-se a sair de dentro da casa, preferindo morrer queimado, junto com seus preciosos livros.
            Essa morte vai surtir um efeito devastador na alma de Guy Montag, e se pergunta o motivo de alguém chegar a dar sua vida por algo como um livro. Adoentado, o bombeiro vê chegar a sua casa seu capitão, que explica as regras que regem aquela sociedade e mostra os porquês dos livros serem tão amplamente combatidos, por representarem uma ameaça a paz e a felicidade das pessoas. No entanto, tais explicações, longe de alcançar os efeitos desejado, deixam no bombeiro um sentimento estranho, com o qual ele nunca havia se deparado. Procura um outro homem, antigo professor, que fora certa vez investigado por suspeita de possuir livros em sua residência e por agir em prol da propagação de livros e de levantar questionamentos às pessoas e ao mundo que o cerca, e, com os olhos abertos, vê o erro que tem cometido ao longo de todos aqueles anos de serviço à sociedade na queima de livros.
            Guy Montag, de agente repressor, passa a agir como um daqueles que justamente combatia e se vê perseguido pelo Estado por que havia lutado até então.
            Um livro intenso e perturbador, Fahrenheit 451 representa um marco na literatura do século XX, não só dentro do gênero de ficção científica, mas de toda a literatura, por ter sido dos pioneiros e abordar os temas a que aborda e por representar o primeiro livro a pintar um futuro “distópico”.

domingo, 8 de novembro de 2009

Concreta e abstrata - crônica


Podem me chamar de ignorante, de não saber compreender e até de insensível, mas a partir de agora não vou mais mentir e dizer que gosto, sem gostar, de poesia concreta e de arte abstrata. Cansei de mentir para amigos “artistas” que vinham me mostrar suas “obras” e eu, mesmo sem entender absolutamente nada, dizer, para não desapontá-lo, falar um insosso “gostei” ou algo do tipo: existe algo nessa obra que me deixou inquieto, que mexeu comigo. Não. A partir de agora não vou mais mentir, nem para os amigos, e se vieram me pedir para “avaliar” sua obra pense duas, três, dez, vinte e cinquenta vezes antes de falar comigo, pois correrei o risco até de perder a amizade, mas não vou deixar de ser sincero.
            Existem, lógico, exceções dentro do grupo adepto a essa arte, de artistas de renome, reconhecidos por sua sensibilidade, mas esses são exceções. E muitas vezes, até mesmo esses artistas para se fazerem entender em sua arte, ainda tem que dar explicações, dar os motivos de terem usado aquele tipo de material, de terem espalhado as tintas daquele jeito, de terem jogado as letras naquele sentido ou de darem tal sentido a determinada palavra.
            A arte, a poesia deve falar por si só. Deve mexer com aquele que a contempla e com o que a lê, sem que seja preciso um alguém a explique, pois cada um a sente de uma maneira diferente. Mas arte abstrata e poesia concreta são estilos artístico e literário que, em nome da quebra de regra, do não seguimento a um “academicismo” e do “desprendimento”, acabaram quebrando o bom-senso, a beleza, o sentindo e o desejo de se contemplar um quadro ou uma escultura ou de se ler e sentir a poesia de um poema. A arte tem que mexer conosco, sim, mas não num sentido de estranheza, de repulsa, pois ela nasceu para ser compreendida, para ser sentida e contemplada.
            Cansei de poemas sem poesia, de letras jogados ao léu numa folha de papel em branco (isso, quando existem folhas de papel!), de ferros retorcidos, de pontas, de concreto e de ainda, ao ouvir a explicação do artista, soltar uma exclamação do tipo: “ah, agora entendi!”, quando, na verdade, continuei sem entender nada, mesmo após a explicação, e passei a gostar menos ainda “entendendo” do que “antes de entender”.
            Desculpem-me, amigos, adeptos a essa arte, mas, acima de tudo, sou uma pessoa fiel ao bom-senso, sou uma pessoa sincera, amante da boa poesia e da bela arte.


domingo, 1 de novembro de 2009

Indignação - Livro da Semana


Philip Roth, escritor norte-americano nascido em Newark, Nova Jersey, em 1933, numa família de origem judaica, é considerado um dos maiores romancistas do seu país na segunda metade do século XX. É conhecido, sobretudo, pelos romances, mas também tem uma extensa obra em contos e ensaios.
            Entre as suas obras mais conhecidas encontra-se a coleção de contos Goodbye, Columbus, de 1959, a novela O complexo de Portnoy (1969), e a sua trilogia americana, publicada na década de 1990, composta pelas novelas Pastoral Americana (1997), Casei com um comunista (1998) e A Mancha humana (2000).
            Muitas de suas obras refletem os problemas de assimilação e identidade dos judeus nos Estados Unidos e explora a natureza do desejo sexual e da autocompreensão. A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo, dito com um humor amotinado e a energia histérica por vezes associada com as figuras do herói e narrador de O complexo de Portnoy, a obra que o tornou conhecido.
            Venceu diversos prêmios literários, inclusive o Pulitzer, na categoria ficção, pelo seu livro Pastoral Americana, em 1998.
            Em seu mais novo livro, Indignação, Roth, conta a história de Markus Messner, um jovem judeu residente em Newark. Estudioso, Markus acostumou-se, desde cedo, a ouvir das pessoas que tinha um longo e belo futuro pela frente. Destaca-se na escola pelas excelentes notas e bom-comportamento. No entanto, apesar de fazer sempre o que os outros esperam dele, sendo um bom filho, não se envolvendo com coisas erradas, que não sejam da tradição a que sua família segue, ele se vê obrigado a, na maioridade, quando entra pra universidade, ir embora para estudar numa no estado de Ohio, na Universidade de Winesburg, uma instituição conservadora, tudo porque seu pai, um açougueiro Kosher, vigoroso, parece ter enlouquecido ante a menor probabilidade de seu filho se desvirtuar – louco de medo e apreensão que os perigos da vida adulta e o mundo cercam seu único filho.
            Cansado da insegurança e da loucura de seu pai, Markus se muda e passa a viver num quarto do alojamento da universidade, que fica no Meio-Oeste americano. Lá, no primeiro quarto que ocupa, tem desentendimentos com um dos companheiros de quarto, e acaba se mudando. No segundo quarto a que ocupa, apesar de ter encontrado, pelo jeito, um outro aluno tão aplicado e discreto quanto ele, teve desentendimentos, e mais uma vez teve que mudar de quarto, indo, dessa vez, ocupar um quarto sozinho, o que acabou por chamar a atenção do diretor da universidade, que o chama para conversar e tentar entender os problemas de sociabilidade do jovem e talentoso judeu.
            Em meio a todas as confusões do inicio dessa fase de sua vida, Markus também se vê numa fase de descobertas em sua vida, de uma paixão arrebatadora por Olívia, uma não-judia cujos pais são divorciados, tentou suicídio e sofreu de problemas de ordem psicológicos, que a levaram, inclusive, a ser internada.
            Medo, insegurança, conflitos e incompreensão acabaram por levar o promissor aluno de direito da Universidade de Winesburg aonde ele não quer ir: para a Coréia, no auge dos conflitos, onde os Estados Unidos estão envolvidos, de onde ele conta sua história após ter sido ferido, sob o efeito da morfina.