domingo, 26 de janeiro de 2014

Ser-Escritor

Não é fácil ser escritor! Não é nada fácil pegar aqueles negócios diminutos que para alguns são apenas letras, coloca-los numa sequência lógica de forma que produzam um som, que formem palavras e destas dar-lhes um sentido dentro daquele organismo vivo chamado frase. Por vezes ficamos longos minutos pescando no ar letras e palavras que estão ali, à nossa frente, flutuando, juntando-as, por vezes brigando com elas, segurando firmemente com nossas mãos, lutando para que se encaixem perfeitamente no corpo daquela frase.
            Escrever dói! Escrever é cortar a própria carne, é expor a própria alma, fazer aflorar e se deixar tomar por aquele sentimento que jazia adormecido no fundo do coração, com o qual não queremos nunca mais nos deparar justamente por temê-lo. Escrever é falar de si mesmo, do que acredita, mesmo que esta verdade venha disfarçada, camuflada entre mil e uma palavras bonitas de uma bela ficção.
            Escrever é viver, é suar, é chorar! Nenhum texto vem ao mundo pelas hábeis mãos de um simples escritor sem a medida exata de dor, sofrimento e esforço. Existem, sim, momentos de “iluminação”, de um “rompante de inspiração”, que são raros, e nestes os textos fluem mais, as palavras “saem mais fácil” e se encaixam com naturalidade naquela “frase perfeita”, mas mesmo nestes momentos, o escritor sofre para manter-se na luz, sofre para não deixá-lo passar e fazer jorrar mais, mais e mais palavras e chora, angustiado, ante o medo de perdê-lo sem que antes tenha colocado o último ponto na última frase daquele texto que, a seus olhos, adquire a beleza de uma obra-prima.
            Escritor é um ser deveras mentiroso! Ele pega uma verdade e a distorce, contando-a de tal maneira, disfarçando-a, camuflando-a de tal forma que ela se torna irreconhecível sob a roupagem de uma ficção. Por outro lado, ele colhe uma mentira, uma ficção, e com ímpar habilidade para tecê-la de forma que, no final, ela está tão bem contata e apresentável que se confunde e confunde muita gente que a toma como “a verdade absoluta e indiscutível”.

            Escritor, apesar de humano, é um ser a parte! Ele é diferente, vive mil e uma vidas, que se mostra com mil e uma faces, todas elas sendo diferentes, mas nenhuma delas deixando de ser ele. Ele tem hábitos, gostos e rotinas diferentes de todas as outras pessoas, pois é regido não pelas “vontades do mundo”, mas sim pelo que manda o texto que quer e força um “nascimento”, sendo dele uma espécie de escravo, um canal para que possa vir ao mundo!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O homem que não tinha tempo

Ele tinha muita pressa. Corria sem parar de um lado para o outro, impaciente. Não conseguia conceber a ideia de esperar um pouco para que as coisas dessem certo: queria tudo “pra ontem!”, como costumava dizer. Para ele, “desperdiçar tempo é desperdiçar dinheiro”, e ele nunca tinha tempo algum para nada, nem para usufruir de todo o dinheiro que tinha conseguido acumular ao longo dos anos, fruto de seu trabalho e da falta de tempo. Contava os segundos. Tudo seu era rigorosamente cronometrado, desde as horas de sono, o tempo do banho e até o tempo dedicado para fazer amor com sua esposa; esposa com quem ele nunca saia à noite ou numa tarde de domingo, com quem ele vivia há anos, mas nem ele mesmo sabia há tanto tempo estavam juntos (logo ele, que tinha “o tempo nas mãos”).
            Seu tempo ia passando rápido, e ele sempre a reclamar que não tinha tempo para nada. Seus filhos foram crescendo sem que ele se desse conta. Um dia, haviam nascido, passado algumas noites chorando (incomodando seu precioso tempo dedicado ao sono), e na hora seguinte estavam já adolescentes, entrando na universidade, para em seguida já serem adultos, constituindo suas próprias família, e só percebeu isso, que seus filhos não moravam mais na mesma casa que ele, quando, por um acaso, ele estava em casa, num feriado, quando não tinha nada para fazer, que os chamou. Ninguém respondeu. A enorme casa onde morava estava vazia. Tornou a chamar um a um pelos nomes, e a única resposta que teve foi o silêncio. Abriu a enorme e pesada porta do seu escritório e olhou pelo longo corredor. Nenhum eco de um único passo! Voltou contrariado para dentro do escritório, quando bateu os olhos numa série de porta-retratos. Neles havia fotos de todos os principais momentos da vida da família: a esposa grávida, os meninos pequenos, os primeiros passos, os aniversários, fotos de escola, viagens na adolescência, formatura, casamentos, entre outros tantos momentos retratados. Em todas as fotos havia algo em comum: em nenhuma delas, ele estava presente. Lembrou-se, então, das desculpas que dera para cada uma daquelas ausências: não tinha tempo para estar presente.
            Sentia, agora, o peso da idade, dos anos acumulados sobre os ombros e do tempo perdido. Fechou os olhos e jogou todo o peso de seu corpo desabando na poltrona, que protestou contra aquele repentino golpe. Numa mesa ele viu uma foto de sua esposa, uma foto antiga, de quando se conheceram. Estava linda, com seu sorriso radiante naquele dia, e ele sorriu ante essa lembrança. Chamou-a pelo nome, depois pelos apelidos carinhosos com que a tratava. Ela não apareceu. Tornou a chamar, quase gritando, com insistência, até perder a voz. Quando cansou, deu por si e os ecos de uma lembrança, de palavras, começaram a vir à sua mente. Nessas palavras, que lhe chegaram vindas de tão longe, lhe davam conta da morte repentina de sua esposa. Ele estava envolvido, como sempre, em importantes negócios, e não chegou a tempo do velório e enterro. Apareceu em casa vários dias depois, e mesmo muito triste pela perda de sua companheira de tantos e tão longos anos, só ficou uns breves minutos no cemitério, em frente a sepultura da esposa, esperando em silencio que, de alguma forma, ela lhe dissesse algumas palavras que lhe desculpassem por mais essa falta cometida pela falta de tempo. Sentiu-se decepcionado, como que tivesse perdido um precioso tempo ali, e não obtivera resposta alguma.
            Com os olhos marejados das lágrimas que nunca tivera tempo de dar vazão, levantou-se e, às cegas, caminhou pelos amplos e vazios aposentos de sua casa. Viu os quartos dos filhos como nunca havia visto antes, passou por enormes salas que nunca eram usadas, pela cozinha ampla tão com cheiro de vazia e entrou no seu quarto e se sentou na cama que dividira com a esposa. Ali chorou copiosamente, como nunca antes havia chorado em sua vida. Quando o pranto cessou, levantou-se e caminhou a esmo pelos cômodos da casa, todos repletos de ecos de lembranças às quais ele não tinha, pois não estivera presente pela simples falta de tempo para coisas tão banais (e essenciais) da vida!
            Em sua caminhada pela casa vazia, seus passos acabaram por levá-lo até um enorme espelho. Ele então levantou a cabeça e se mirou nele. Não reconhecia aquele homem que via no reflexo do espelho. Aquele rosto não era o seu, aqueles cabelos, aquelas rugas, aquela expressão cansada, aqueles olhos... nada naquele que via no espelho representava ele! Mas ao se mirar melhor, percebeu que aquele no reflexo do espelho era ele, sim, muito mais velho, tendo sofrido a ação do tempo e dos anos passados, pesados, sobre seus ombros. E enquanto se olhava no espelho, percebeu uma sombra se aproximando lentamente, e foi só então, quando viu sua face, se deu conta de que o seu tempo tinha findado, de que naquele momento, realmente, não lhe restava mais tempo.

sábado, 11 de janeiro de 2014

A Magia do Lápis de Cor

Luíza fora completamente engolida e tomada por sua rotina. Seu dia-a-dia era dividido entre trabalho, estudos e outras tantas obrigações, não sobrando, nunca, tempo para o seu lazer e prazer. Há tempos não traçava uma única linha numa folha de papel em branco para começar a brincar, dando cor, luz, forma e vida aos seres criados por sua imaginação. Todos os dias prometia para si mesma que iria voltar a exercitar a sua arte, que iria dar livre vazão à sua imaginação e deixar sua mão livre, mas todos os seus dias eram iguais aos anteriores e estes aos anteriores, e ela nunca conseguia cumprir aquilo que prometera. Até tentava, para mostrar para si mesmo a sua força de vontade e determinação, deixando, ao sair de casa, à vista um caderno de desenho aberto e uma enorme coleção de lápis de cor sobre a escrivaninha, para que quando voltasse, mesmo sendo tarde da noite, começar a fazer nem que fosse o rabisco de um desenho; mas ela sempre chegava à casa cansada e ao ver as folhas em branco e os lápis sem dar cor a nada, dizia que no dia seguinte começaria a desenhar. No dia seguinte, a mesma coisa. Passavam-se semanas e o caderno de desenho continuava aberto e os lápis ainda arrumados na sua caixa a ponto de ela nem sequer mais reparar neles.
            Todos os dias eram sempre de um mesmo igual para Luíza. Os mesmos horários, as mesmas rotinas, os mesmos tempos perdidos. Pegava até mesmo os mesmos ônibus todos os dias, perdia longas horas em congestionamentos nos mesmos horários e lugares, sentava-se nos mesmos lugares, apreciava as mesmas avenidas e o mesmo céu e até via, muitas vezes nos ônibus, mas principalmente no trabalho e na universidade, as mesmas pessoas. Seu mundo era sempre o mesmo, pois seu olhar para o mundo também o era.
            Um dia, ao sair da universidade um pouco mais tarde do que o convencional, pois ficara para discutir com colegas do grupo um trabalho a ser apresentado na semana seguinte, perdeu o ônibus que sempre pegava. Ficou irritada, pois aquilo a fizera sair da rotina e a faria perder longos e preciosos minutos na parada esperando o próximo ônibus. O tempo passava e nada do ônibus vir, a parada ia ficando cada vez mais deserta e Luíza ficava cada vez mais só ali, até que, quando já olhava para o relógio pela enésima vez, viu, dobrando a esquina, seu ônibus. Ele veio praticamente vazio, como ela raramente o via, já que a linha que fazia o trajeto pelo bairro onde morava normalmente andava lotado. O lugar em que costumava se sentar, na cadeira alta, perto da porta de saída do ônibus, estava ocupada, e ela se jogou numa outra soltando um sonoro “que dia!”. Respirou fundo duas ou três vezes e fechou os olhos. Sentiu o ônibus em movimento, depois parar, abrir as portas para que passageiros subissem e outros descessem, depois fechar as portas e voltar a se movimentar.
Numa determinada parada subiu um senhor velho, que de tão velho era impossível se precisar sua idade por sua aparência, mas que parecia ter o vigor da sua juventude ainda intactos no seu olhar e na sua voz rouca e forte. Ele pediu licença aos passageiros e se desculpou por estar incomodando a sua viagem. Luíza soltou todo o ar que estava nos pulmões, irritada. “Até a essa hora esses vendedores ambulantes de ônibus aparecem! Hoje, definitivamente, não é meu dia!”, disse para si mesma e fechou os olhos com força, mas aquela voz, daquele homem, entrava por seus ouvidos com tal força e delicadeza, ele tinha um tom tão inebriante que não se conteve e abriu os olhos. O que viu diante de si era um senhor de cabelos e barba muito branca e grande, de roupa muito parecida com uma túnica cinzenta, que em outros tempos deveria ter tido uma cor bonita, mas que perdera devido ao longo uso e às inúmeras lavagens. Ele se apoiava numa bengala, que na parte de cima, onde segurava com força, havia muitas fitinhas multicoloridas . Luíza percebeu, também, que de seu pescoço pendia um delicado colar colorido e em seus finos braços havia pulseiras feitas de fitas coloridas. Passou tanto tempo observando-o e sequer notou que ele tinha se calado e a fitava nos olhos. E que olhos ele tinha, de um verde profundo! O olhar dos dois se encontrou, e Luíza sentiu um arrepio, pois era como se ele conseguisse ler o que havia em sua alma. Tentou desviar os olhos, desprender os seus dos dele, mas não conseguiu, e percebeu, pelo olhar dele, que ele sorria, o que a tranquilizou e fez o seu coração voltar a bater no compasso correto. Ele então fez um sinal afirmativo com a cabeça e ela conseguiu desviar os olhos.
O velho homem andou pelo corredor do ônibus, falando com as pessoas e pedindo que cada uma segurasse um pequeno embrulho dizendo que não estava vendendo nada, e que dentro daqueles delicados pacotes, uns pequenos e embrulhados em papeis de cores apagadas, outros grandes e envoltos em papeis coloridos, havia algo especial para cada uma daquelas pessoas que os quisesse. Depois voltou para a frente do ônibus, onde dirigiu a palavra a todos e Luíza o olhou novamente nos olhos, e percebeu que eles não eram mais verdes, mas sim de um castanho, mas ao piscar, eles voltaram a ser verdes. Ela arregalou os olhos ao ver a repentina mudança na cor dos olhos do homem e se perguntou se tinha realmente visto aquilo ou se tinha sido algum fruto da sua imaginação. Ele sorriu para ela e esperou que cada pessoa se decidisse se iria querer ou não ficar com os pacotes ele lhes entregara, depois passou pelo corredor do ônibus, recebendo de volta os das pessoas que não queriam receber nada de um estranho, e apenas Luíza ficou com o seu, e sem que ela mesma percebesse, estava abraçada a ele, como se ali houvesse um precioso tesouro. O homem sorriu ao vê-la tão ferrenhamente agarrada ao seu embrulho, recebeu os dos outros passageiros e pediu parada. Quando o ônibus parou, Luíza olhou para trás, para ele, e ele olhou para ela, piscou os olhos, que mudaram de cor rapidamente, passando do verde para o castanho, piscou novamente e eles adquiriram a cor do azul do céu em manhã de primavera, e depois aos piscar pela última vez, eles voltaram a ser verdes. Antes de descer, ele ainda sorriu para uma vez para ela, despedindo-se.
Luíza chegou agitada em casa e nem respondeu a sua mãe, quando ela lhe perguntou o motivo da demora e se estava com fome, se queria que preparasse algo para jantar. Abriu de um supetão a porta de seu quarto e jogou o embrulho que tinha recebido do velho homem sobre a cama. Começou a andar de um lado para o outro pelo quarto e só voltou a dar por si quando sua mãe bateu à porta do quarto, chamando-a para jantar. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, pegou o embrulho e o colocou na gaveta de sua escrivaninha e disse à sua mãe que já estava indo, que iria apenas tomar um rápido banho, vestir uma roupa e ir jantar.
Depois do jantar, Luíza, muito cansada, foi se deitar, como que tendo esquecido do embrulho que estava guardado à um metro de onde dormia, mas pensando, ainda, no velho cujos olhos mudavam de cor.

Teve uma noite tranquila e sem sonhos, mas acordou sobressaltada, antes do despertador, com um barulho vindo da gaveta de sua escrivaninha. Ao abri-la, viu apenas o embrulho entregue pelo homem no dia anterior.
            - Acho que estou precisando urgentemente de férias – disse para si mesma, e foi se preparar para começar um novo-igual dia.
            Aquele foi um dia atípico na vida de Luíza. Estava distraída, meio alheia ao que acontecia ao seu redor. Cometeu erros no trabalho que costumava não cometer e, pela primeira vez em anos naquela empresa, pediu para sair mais cedo, alegando não estar bem, o que, até certo ponto, era verdade. Na universidade, não prestou atenção às aulas, quando convidada, pelo professor, a levantar alguma questão, não fazia as perguntas ou comentários que se esperava dela. Quando soou o sinal do fim da aula, ela caminhou devagar em direção à parada, para perder propositalmente o ônibus que sempre pegava. Pretendia pegar o seguinte, o mesmo do dia anterior, justamente para provocar um possível encontro com o mesmo homem. Ficou esperando impacientemente o ônibus, que veio, naquele dia, lotado, mas ela subiu mesmo assim. A cada parada que o ônibus fazia, ela fechava os olhos torcendo para que o estranho velhinho subisse, mas não foi o que aconteceu.
            Chegando a casa, disse, à sua mãe, que estava indisposta e que não queria comer nada e iria direto pra cama. Deitou-se, ainda vestida do jeito que estava, jogou o travesseiro sobre a cabeça a fim de se acalmar e esperou que sua respiração voltar ao normal, e quando se sentiu tranquila, foi até sua escrivaninha, abriu a gaveta e tirou lá de dentro o embrulho. Colocou-o sobre a cama e ficou olhando para ele.
            - O que será que tem aí dentro?
            Tateou o embrulho para ver se adivinhava o que havia por trás daqueles papeis, mas não conseguiu adivinhar, depois começou a cuidadosamente abri-lo e, para sua surpresa, o que encontrou foi uma coleção de lápis de cor. Eram lápis de cor muito velhos, mas que pareciam nunca ter sido usados. Luíza abriu seu caderno de desenho e pegou alguns dos lápis e começou a fazer uns traços sem forma definida a princípio, mas que pouco a pouco foram tomando a forma de um passarinho. Quanto mais ela desenhava, mais ficava surpresa com os resultados. Os lápis, apesar de velhos, davam ao desenho cor e vida impressionante. Quando terminou, pegou o caderno e o posicionou de forma que pudesse vê-lo melhor, de frente, na altura dos olhos.
            - Uau! – disse, impressionada com o resultado do desenho. Olhou os lápis que agora estavam espalhados sobre a escrivaninha, trocou de roupa, apagou a luz e foi dormir.

Acordou na manhã seguinte com o barulho do canto de um pássaro e imaginou estar sonhando. Era um canto límpido, como os pássaros só cantam para saldar o sol na primeira manhã de primavera. Ao acordar daquele jeito, ela sorriu. Abriu os olhos bem devagar, mas os arregalou repentinamente quando viu que o passarinho que cantava estava voando sobre sua cabeça, no quarto. Pousava no alto de seu guarda roupa e descia em voo rasante em direção à escrivaninha e ficava lá alguns segundos, para saltar e ir pousar na cabeceira de sua cama.
            - Como você veio parar aqui?
            Levantou-se de um salto e passou as mãos sobre os olhos. O passarinho continuava ali a voar pelo seu quarto e a cantar. Se seus olhos podiam traí-la, seus ouvidos lhe diziam que havia um pássaro ali. Abriu então a porta do quarto e foi chamar sua mãe, e tirou da cama e ao voltar, ao quarto, não havia sinal algum do passarinho.
            - Mas... mãe, ele estava aqui. A senhora não ouviu seu canto?
            - Não, filha! Não ouvi canto nenhum de passarinho nenhum. Não tinha como um pássaro entrar no seu quarto, pois a janela está fechada. Agora, volte a dormir. Ainda está muito cedo e seu despertador nem sequer tocou!
            - Mas mãe, eu juro que tinha um passarinho no meu quarto.
            - Acho, filha, que você tem trabalhado e estudado demais. Está precisando urgentemente de férias – disse ela e voltou a seu quarto para dormir.
            Luíza ainda ficou procurando pelo passarinho em todos os cantos do quarto, mas não o achou, e encontrou apenas o desenho o desenho do passarinho que fez na noite anterior.
            - Será que você saiu do papel? – perguntou, e riu com o absurdo da situação, de imaginar que seu desenho ganhara vida durante alguns instantes e depois voltara ao papel.
            Colocou o caderno de desenho no seu lugar, na escrivaninha, ao lado daqueles velhos lápis de cor, e voltou a dormir.
            - Será? – perguntou, e riu novamente.

Seu trabalho naquele dia fora igual ao de tantos outros dias. Olhou, ao longo do dia, um sem-número de vezes para o relógio, contando as horas para ir embora direto para casa, pois não teria aula naquela noite. Quando terminou o expediente, bateu e mal se despediu dos companheiros de trabalho, que a chamaram para sair, ir a um barzinho para espairecer um pouco, ao que ela recusou.
            Sua mãe não estava em casa quando chegou, e ela foi direto para o quarto, se trocou, e se sentou à escrivaninha, abriu o caderno de desenho, pegou os lápis e começou a brincar com eles, sem ter nada definido quanto àquilo que queria desenhar. Misturou algumas cores, fez linhas curvas, deu forma, cor e vida, aos poucos, ao que só residia em sua imaginação, e pouco a pouco, na que há pouco era apenas uma folha de papel em branco, foi surgindo uma bela flor e, tal qual seu desenho anterior, ficou dotado de uma beleza e realidade ímpar.
            - Esses lápis são maravilhosos e os desenhos que faço com eles parecem vivos! – disse Luíza, mirando o desenho.
            Deixou o caderno aberto e foi preparar algo para comer. Ficou longos minutos, após a refeição, entre pequenos afazeres domésticos e a televisão, até que ouviu um barulho leve, quase imperceptível, vindo de seu quarto. Foi, pé ante pé, até lá. A porta continuava aberta, a janela, fechada e a luz ainda acesa. Colocou a cabeça na porta, procurando descobrir o que acontecera, mas não viu nada de estranho. Passeou os olhos pelo guarda-roupa, pela cama, e quando olhou para a escrivaninha, seus olhos se arregalaram e ela quase caiu para trás. O que tinha diante de si era algo inimaginável! Do caderno, onde acabara de desenhar, nascera uma flor. Não uma flor qualquer, mas aquela flor que ela acabara de desenhar! Prendeu a respiração, não acreditando no que seus olhos viam. Fechou os olhos para que, quando os reabrisse, percebesse que a flor tinha sumido. Mas não foi o que aconteceu! A flor continuava lá, abria lentamente as pétalas e se deixava guiar numa dança com o suave vento que entrava pela fresta da janela. Luíza passava as mãos sobre os olhos, incrédula, mas o que tinha diante de si era a mais pura verdade: a flor que desenhara acabara de ganhar vida!
            Entrou no guardo com as pernas mal conseguindo mantê-la de pé, trêmulas. A respiração estava difícil, presa e quando chegou até bem próximo da escrivaninha, esticou o pescoço para ver melhor. Da folha em que há pouco havia feito um desenho, brotara uma flor, da mesma forma, cor, beleza e delicadeza que criara. Olhou para os lápis ao lado e só então percebeu que eles eram mágicos!
            Chegou mais perto da flor e à muito custo esticou o braço e abriu as mãos para tocá-la e senti-la, para sentir se realmente era real. Tocou suavemente uma pétala e sentiu sua delicadeza e desceu o dedo pelo caule, depois subiu novamente para sentir os pequenos, porém pontiagudos espinhos.
            Boquiaberta, ficou observando a flor por um longo tempo, até que a viu começar a se deitar, como se murchasse, até que ficou rente ao papel e novamente se fundiu a ele, voltando a ser apenas um desenho. Luíza ficou espantada com o que acontecera bem diante de seus olhos. Pegou os lápis e os observou um a um.
            - Vocês são mágicos! – disse, e soltou uma sonora gargalhada.

Luíza passou o final de semana inteiro praticamente trancada no quarto, e só abria a porta, à muito custo, após muita insistência de sua mãe para que saísse dali nem que fosse para apenas se sentar à mesa e fazer as refeições.
            Desenhou, quando sentiu sua vida sem cor, uma arco-íris, que ficou por longos minutos atravessando de ponta a ponta o seu quarto. Quando a noite estava muito escura e fria, desenhou um sol, que prontamente a iluminou e aqueceu. Desenhou personagens que faziam parte de sua infância para poder brincar e se divertir com eles, voltando a ser a criança que nunca deixou de ser pelos longos minutos em que eles correram livremente pelo seu quarto e subiam em sua cama. Quando teve calor, desenhou uma janela aberta por onde soprou uma suave e refrescante brisa. Fez tantos desenhos naqueles dois dias que até quando dormia, sonhava que estava a desenhar.
            Na segunda-feira, sua mãe, preocupada, quando veio perguntar se não iria trabalhar, ela alegou estar doente e que não iria naquele dia!
            - O que você tem, filha? – perguntou sua mãe.
            - Sou estou indisposta, mãe, mas não precisa se preocupar. Eu logo, logo vou estar bem novamente – disse ela, e abriu a porta do quarto para se mostrar á sua mãe e mostrar que não estava doente de verdade, mas sim levemente indisposta.
            - Tudo bem, então, filha. Fique bem, e qualquer coisa... – ela interrompeu o que dizia porque ouviu o barulho de uma voz vindo do quarto da filha – Que barulho foi esse? Quem está aí, Luíza?
            - Ninguém, mãe. É só um vídeo que estou assistindo no computador – respondeu, e fechou a porta antes que a mãe lhe perguntasse mais alguma coisa ou que a obrigasse a deixar entrar em seu quarto.
            Desenhou até seus dedos doerem e ficarem calejados, e quando quis experimentar algo diferente e surpreendente, fez o desenho de uma pequena porta na parede de seu quarto por onde observou o que havia do outro lado, num mundo paralelo onde só vivia a imaginação e tudo que ela pudesse criar.
            Quanto mais desenhava, mais sentia o desejo e a necessidade latente de desenhar.
Ficava horas a fio concentrada, buscando perfeição até o último traço de um desenho, e quando o finalizava, colocava-o à sua frente e permanecia parada, esperando para que a figura ganhasse vida e ela pudesse senti-la em sua própria mão.
Desenhou um cachorro com que pudesse brincar durante à tarde, e depois um gato, só para bajulá-lo e mendigar um pouco de sua atenção, em seguida fez o desenho perfeito de um papagaio só para poder ensiná-lo a falar. Fez até um desenho de si mesma só para conversar consigo própria e ouvir a sua própria opinião sobre determinados assuntos.
Sentia-se leve como há tempos não se sentia, como se colocar para fora, dar toda aquela vazão à sua arte, à sua imaginação, lhe tirasse um enorme peso de suas costas.

Não foi trabalhar no dia seguinte, nem no outro e nem no outro. Deu as mesmas desculpas para sua mãe e ligou para o trabalho alegando ainda não estar bem para voltara trabalhar e quanto à universidade, preferiu “tirar férias de uns dias”.
            Fez inúmeros desenhos durante esses dias, e certa vez até deixou a porta do quarto aberta para que eles corressem livremente pela casa, subissem no sofá e vissem a si mesmos nos desenhos animados e filmes exibidos na televisão. Ficou parada, ao lado, observado os seus desenhos vendo a si mesmos na televisão, e se divertiu com a expressão que cada um fazia ao se verem envolvidos em alguma enrascada numa cena dos episódios que passavam na TV.
            Nesses dias, a muito custo fechava o caderno de desenhos e guardava os lápis. Sua vontade era ficar desenhando até durante as madrugadas e explorar todo aquele seu ímpeto criativo à exaustão.
           
Certo dia, quando finalizou um desenho, que foi apontar os lápis antes de guardá-los, percebeu que eles estavam curtos. Ao se dar conta disso, caiu em desespero, pois sem aqueles lápis, não mais podia dar vida aos seus desenhos. Saiu de casa imediatamente, pegou ônibus atrás de ônibus numa busca desesperada pelo ancião que lhe deu aqueles lápis mágicos. Foi ao centro da cidade, desceu nas paradas mais movimentadas, andou por ruas, como se seguisse um instinto, à procura daquele homem. Pegou um ônibus sem saber qual trajeto este fazia e chegou aos bairros periféricos da cidade, depois subiu em um outro e foi ao outro extremo, mas em momento algum viu aquele a quem tanto procurava. Em todos os ônibus que pegou, inclusive, subiram vendedores oferecendo mil e uma coisas, mas nenhum lhe oferecia lápis mágicos, capazes de trazer à vida os desenhos que fazia.
            Desanimada, já voltava para casa num fim de tarde quando reconheceu sua sombra no meio de uma multidão, numa movimentada rua. Imediatamente desceu do ônibus e correu em sua direção. O homem se distanciava dela, pegava uma rua, dobrava uma esquina e sumia de seu campo de vista por alguns breves segundos. Ela corria, esbarrava numa pessoa ou noutra, ouvindo uma série de imprecações jogadas ás suas costas, e ela só se virava e gritava um pedido de desculpas. Chamava-o, mas ele não se virava, não a ouvia, e parecia abrir cada vez uma maior distância dela. Mas por mais cansada que estivesse, algo a impelia a apressar ainda mais o passo para alcançá-lo, até que numa esquina, chegou até ele. Tocou-o no ombro.
            - Senhor?
            Quando ele lentamente se virou, que ela o viu frente a frente, não conseguiu disfarçar a sua cara de decepção. Não era ele!
            - Desculpe – foi a única coisa que conseguiu falar. E voltou caminhando lentamente, arrastando pesadamente os pés por aquelas ruas atulhadas de gente que há pouco havia atravessado correndo.
            Chegou à casa cabisbaixa e foi direto para seu quarto. Fez alguns poucos desenhos para poder se despedir daqueles que nos últimos dias tinham sido seus melhores amigos, e guardou os últimos cotocos de lápis para fazer um último e especial desenho.
Pegou uma folha de papel em branco e deixou sua mão livre, escolhendo aleatoriamente os lápis de cor, traçando linhas à toa. Durante muito tempo ficou daquele jeito, desenhando algo que não tinha forma definida, sendo apenas um amontoado de linhas desconexas e de cores indefinidas. Estava como que em transe criativo, e só quando deu por si, após longas horas, quando olhou para o que criara, foi que percebeu que tinha desenhado o estranho velho homem que lhe dera aqueles lápis mágicos.
Deu os últimos retoques no desenho com o último cotoco do último lápis, e ficou observando-o, esperando que a magia acontecesse. De repente, o desenho começou a se mover levemente. Primeiro seus olhos, que ela pintou de verde, piscaram e mudaram de cor, depois ele balançou a cabeça de um lado para o outro e quando a viu, sorriu, como se já esperasse encontrá-la. Foi saindo lentamente do papel e quando ficou frente à frente com Luíza, pegou sua mão e disse que havia magia em seus dedos, pois eles eram mágicos, capazes de dar vida a tudo aquilo que desenhava.
- Mas não sou eu quem dou vida aos desenhos, são os lápis que o senhor me deu!
- Não, Luíza. A magia nunca esteve nos lápis, mas sim em você, em suas mãos. É você quem imagina, quem desenha, quem dá vida a tudo aquilo que, com suas habilidosas mãos, cria... Nunca houve magia nenhuma em nenhum dos lápis...
- Mas e os desenhos que fiz, e você mesmo, que eu desenhei, como você explica isso, deles, de você, ter ganhado vida?
- Termos saído do papel é uma mera consequência de sua arte, de sua imaginação.
- Mas...
- Não adianta se ter um lápis mágico se não se tem magia nas mãos, se não se tem imaginação, se não se é capaz de fazer arte. Do que adianta magia se não se sabe usá-la? A magia, quem faz acontecer é o artista com sua imaginação.
Luíza ficou calada, pensativa. Entendia tudo aquilo que o velho homem mago dizia, mas mesmo assim ainda não acreditava que a magia estava nela, e sim naqueles lápis de cor. Fechou os olhos e ficou em silêncio, como se buscasse assim um melhor entendimento a tudo aquilo.
- Os lápis é que são mágicos, que fazem os desenhos saltar do papel e ganharem vida.
- Não, Luíza! Você é que é mágica, você é quem cria, quem dá forma, cor e vida a cada desenho que faz, que deixa saltar de sua imaginação e passar de suas habilidosas e delicadas mãos para o papel. Se eles saltam do papel, fogem por alguns instantes e ganham uma espécie de um simulacro de uma vida, isso é uma mera consequência da arte.
Luíza ficou olhando para o velho homem, absorvendo suas palavras.
- Continue a desenhar Luíza, não com a magia dos lápis, mas com a magia que há em você... – falando isso, ele começou a diminuir de tamanho, sendo como que sugado de volta para o papel. – Continue a usar a infinita magia que há em você, em suas mãos, Luíza – disse ele antes de se fundir novamente ao papel.
Luíza ficou num profundo silêncio por longos minutos, olhando fixamente para o desenho. Fechou os olhos e pensou em tudo que o velho homem dissera. Abriu os olhos e olhou para as próprias mãos, não acreditando que havia magia nelas. Sentia-se incrédula com as palavras do mago e estava triste, mas mesmo assim respirou fundo duas ou três vezes, pegou uma nova folha de papel em branco, os lápis de cor que estavam esquecidos já há longas semanas, e começou a fazer um simples desenho, mas nele depositou um fragmento de sua alma. Quando terminou, ficou olhando-o. O desenho não saía do papel, não se mexia, e ela o jogou no chão e se jogou na cama. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas antes que a primeira transbordasse, escutou um barulho tão seu conhecido, e o desenho saltara do papel e sorrira para ela. Ela sorriu de volta e abriu os braços para que o desenho viesse abraçá-la. Ela derramou lágrimas de profunda alegria e entendeu o quão mágica era, o poder da fantasia e criatividade que habitava em suas mãos.

Passou, então, a desenhar mais, mais e mais, a depositar fragmentos de sua alma em cada desenho que fazia, e por conta desses pequeninos pedaços de alma, por conta da força da magia que ela empregava em sua arte, os desenhos que fazia passaram a viver não só para ela, mas para todas as pessoas os contemplavam não só com os olhos, mas sim com a alma.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Ano Novo - planos não tão novos assim...

Início de ano é tudo igual: revemos em flashback todo o ano anterior, analisamos o que deu certo, o que se saiu como deveria, o que deu errado, e porque assim o foi, o que aconteceu de imprevisto que foi bom e o que foi não tão bom assim; os primeiros dia do novo ano também é época de tristeza, pois os números que jogamos na Mega da virada não foram sorteados, de forma que ainda continuamos pobres; e, principalmente, é a época de traçarmos todos aqueles planos mirabolantes, que logo na primeira semana já desfazemos, refazemos e dizemos para nós mesmos que não são possíveis de serem realizados.
            As mulheres fazem a promessa de iniciar na primeira semana do ano aquela dieta super-milagrosa-maluca (algo do tipo, “a dieta da água e do vento”, os dois únicos elementos naturais essenciais á vida que não engordam!), mas que acabam quebrando a dita cuja logo nos primeiros dias, quando são convidadas para um almoço na casa daquela tia que é uma super-cozinheira e que preparou aqueles quitutes divinos para a sobremesa, e depois, findo o almoço e com a barriga devidamente “forrada” com a sobremesa, alegam que “foi só daquela vez”, que no dia seguinte irão retomar a dieta. Os homens prometem “se aprumar”, prometem dar mais atenção às namoradas e menos ao jogo de futebol ou coisa do tipo, mas no primeiro final de semana as convidam (prova de que estão mudando) para um “programa romântico”: o primeiro jogo do seu time de coração (tendo comprado até os ingressos!). Os adolescentes prometem que nesse ano que se inicia irão se dedicar mais aos estudos e que, prova disso, é que o uso indiscriminado de computadores (internet), vídeo game e uso abusivo de celulares (conectados á internet) será apenas nesse período, nas férias, pois logo no primeiro dia de aula deixarão os apetrechos tecnológicos de lado para se dedicarem de verdade aos estudos. Há os que prometem (esse ano sim!) iniciar uma atividade física, talvez até entrar numa academia, e prova disso, de sua força de vontade, é que já compram logo os tênis para a prática esportiva. Há os que prometem passar num concurso público (!) e já começam o ano “com gás total”, avisando aos amigos que não mais o convidem para os churrascos nos finais de semana ou a cervejinha nas noites de sexta, pois estão totalmente focados em seus objetivos. Há os que prometem ficar milionários ao ganhar um prêmio na loteria e já começam na primeira semana fazendo mil e uma apostas, que vão diminuindo, diminuindo e diminuindo semana a semana à medida que o ano avanço, que os sorteios são realizados e não chegam sequer perto de acertar um bilhetinho sequer, nem que seja em um prêmio secundário (não precisava nem ser na sena – podia ser uma quina ou uma quadra).
            Eu, entrando no clima, não podia deixar passar essa época de “fazer os planos” para o ano que se inicia. Prometo que neste ano de 2014 iria iniciar a leitura de Ulysses, de James Joyce (acho que prometo isso desde 2006, ano em que comprei meu exemplar, e nunca sequer abri o livro); prometo assistir aos meus seriados (que baixo da internet e assisto no computador), mas para isso preciso mandar ajeitar o computador, que está sem som; prometo, também, assistir aos meus filmes (aqueles que baixo, baixo e baixo na internet, mas que nunca assisto), mas preciso mandar meu aparelho de DVD para o conserto para iniciar minha maratona de filmes; prometo iniciar minhas caminhadas (corridinhas básicas) pela manhã (nem que seja três vezes por semana apenas); e prometo ficar rico jogando na Mega da Virada (todo ano faço dois jogos – um escolho aleatoriamente os números, e outro “mando a máquina jogar”!) no último dia do ano.
            Todo ano é a mesma coisa, os mesmos planos, as mesmas promessas e as mesmas quebras de promessa, o que nos faz pensar que o espírito contagiante e característicos de um ano que se inicia é isso mesmo, não de levar a cabo tudo aquilo que se pretende fazer, mas sim em se querer mudar, em se querer fazer algo, em se querer “ir para frente” (em iniciar a leitura daquele livro que está “mofando” na sua estante, em assistir aquele filme, em se passar naquele concurso, em se fazer aquele regime, em levar uma vida mais saudável com práticas de exercícios físicos, etc). O importante, nessa época do ano, não é nem mesmo se levar a cabo tudo aquilo que se planejou, mas sim em se querer algo diferente (e bom) para o ano que se inicia.

Feliz ano novo, amigos leitores, que acompanham este blog!

Quais são seus planos e promessas para este ano que se inicia? Começou bem para levar a cabo as promessas feitas no primeiro dia de 2014 ou já começou quebrando as promessas?