domingo, 25 de outubro de 2009

Antes Tarde do que Nunca: a descoberta de Felicidade Conjugal, de Tolstoi



Sou um completo (e confesso) apaixonado pela literatura russa. Ainda me pego, por vezes, a pensar, em como um país, até então sem grande tradição literária (comparando com a Inglaterra e França, principalmente, que tem uma tradição literária de séculos) pôde, em tão curto espaço de tempo, em apenas um século (o XIX), ver nascer de seu seio tão grandes e importantes escritores, não só para a própria Rússia, mas para todo o mundo e universo literário.
            Foi na Rússia do século XIX que surgiram grandes gênios da literatura como Aleksandr Puchkin (1799-1837), Nikolai Gogol (1808-1852), Mikhail Lérmontov (1814-1841) – esse tão pouco conhecido no Brasil –, Ivan Turgueniev (1818-1883), Fiodor Dostoievski (1821-1881), Liev Tolstoi (1828-1910), Anton Tchekhov (1860-1904), Máximo Gorki (1868-1936) e Leonid Andreiev (1871-1919) – também este pouco conhecido e falado em nosso país –, e isso só para citar alguns, pois o universo da literatura russa é muito mais amplo e possui muitos outros gênios. Esses escritores, poetas, romancistas, contistas, novelistas e dramaturgo, apesar de alguns terem avançado, em vida, alguns anos dento do século seguinte, viveram e produziram a maior e mais significativa parte de sua obra dentro do século XIX, ou pelo menos tiveram suas influências e obras situadas nesse século. Pode-se afirmar, portanto, que foi o século XIX a fase de ouro da literatura russa.
            Obras marcadas, sempre, por intensos conflitos, repletas de drama, com uma forte carga emocional são marcas natas da literatura russa desse período. Valores, filosofia, relações conjugais, romances históricos e críticas sociais também são temas a que muitos escritores recorreram no período.
            Dentro deste tão fascinante universo literário, existem marcantes e importantes obras literárias, cuja leitura é essencial para a formação cultural e intelectual de um grande leitor, como os livros de Dostoievski Crime e Castigo e Irmãos Karamazov, de Turgueniev Pais e Filhos, Almas Mortas e Tarás Bulba, de Gogol, A Mãe, de Gorki, os contos, peças e novelas de Tchekhov, os contos de Lérmontov e de Andreiev e as poesias de Puchkin, tido por muitos como o pai da literatura russa. Além desses, Tolstoi possui um especial lugar reservado em qualquer estante, com os importantes Anna Kariênina e Guerra e Paz.
            É Tolstoi, entre todos os gênios da literatura russa, o meu favorito. Leio-o há anos, sou fascinado por sua obra, sempre tão intensa, com personagens tão marcantes, sempre repletas de críticas sociais, reflexões teológicas, conflituosa, repleta de filosofia, pregações morais, etc. E dentro da obra do genial escritor, dois de seus livros são os que mais chamam a atenção do leitor, Guerra e Paz, publicada entre os anos de 1865 a 1869, e Anna Kariênina, entre os anos de 1875 a 1877, pela monumentalidade (existe essa palavra? Se não existe, eu acabei de inventar!) da obra, pela complexidade, pela infinidade de personagens que foram criados, desenvolvidos e explorados de maneira magistral pelo escritor. No entanto, a obra do escritor nascido em Yasnaia Polyana em 1828, vindo de uma tradicional e rica família, não se resume a esses dois livros. Dentro de sua extensa produção, figuram importantes novelas, como Sonata Kreutzer (1889), A Morte de Ivan Ilitch (1886) e Padre Sérgio, além de diversos contos pedagógicos, publicados no Brasil no livro Contos da Nova Cartilha, e de diversos contos, sendo os mais conhecidos e significativos em sua obra publicados no volume O Diabos e Outras Histórias. Isso tudo, fora outros tantos livros, contos, novelas, crônicas, relatos de sua vida enquanto militar, descrições da vida das pessoas, que fez em suas inúmeras viagens.

Mas mesmo sendo um tão apaixonado pela obra de tão fascinante escritor, lendo-o, já, à tantos anos, sua obra ainda esconde inúmeras surpresas, obras-primas da literatura mundial tão pouco faladas, como é o caso de Felicidade Conjugal, uma de suas primeiras experiências literárias. Trata-se de uma novela, publicada antes de seus mais conhecidos livros, em 1858.
            Felicidade Conjugal é uma obra de beleza e delicadeza ímpar. As descrições do genial escritor neste pequeno livro são perfeitas, os sentimentos são intensos, explorados de uma maneira impressionante. A forma como Tolstoi descreve os sentimentos, a sensibilidade do autor ao descrever a "chegada do amor" o impressionante. A maneira como ele relata a ansiedade ante a concretização de um sonho, do casamento, marca profundamente a nossa percepção de vida, de como lidamos com os nossos sentimentos. E, no segundo momento do livro, todos os conflitos, as angústias, os anseios agigantam a obra, tornando-a não só um marco não só dentro da produção literária do autor, mas de toda produção literária de seu país na época, como também no mundo, de todos os tempos da literatura.
            Antes de Felicidade Conjugal eu nunca havia lido, em lugar algum, em forma algum de texto (conto, crônica, artigo, romance, poesia, etc), uma descrição tão precisa quanto à chegada do amor, como a forma como o sentimento nos toma e se agiganta em nosso peito.
            Foi Felicidade Conjugal e minha grata surpresa literária deste ano de 2009 e marcou profundamente a minha vida de leitor, tanto que o tenho como um dos melhores livros que já li em minha vida.



 


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Dom - Livro da Semana

Nascida no seio de uma família indiana, mas vivendo no país de Gales, a jovem Rumi Vasi é uma garota-prodígio. Tem um raro Dom, é uma criança super-dotada, e no jardim de infância, seus professores e a diretora de sua escola, ao perceberem isso, dão a sua família a oportunidade de matricular a menina numa escola especial, onde ela receberá uma melhor educação para desenvolver suas habilidades matemáticas. No entanto, no dia em que a menina iria ser apresentada em sua nova escola, onde seria testada para poder ser admitida, seu pai resolve não levá-la àquela lugar, mas sim tomar a educação da filha para si próprio, para treiná-la, desenvolver o seu Dom e fazê-la entrar na Universidade de Oxford com 14 anos, a mias jovem estrangeira a ingressar na que é uma das mais famosas e tradicionais universidades do mundo.
            No entanto, seu pai, um rígido e tradicionalista indiano, em sua obsessão e orgulho, impõe uma rígida rotina de estudos à menina, impedindo-a de ter qualquer espécie de contato com as pessoas do mundo que não pertencem ao seu círculo social.
            Crescendo entre tantas regras, a menina crescendo num isolamento quase total do mundo que a cerca, sendo impedida de ter uma vida normal, como toda menina de sua idade. Não tem amigos, na escola que frequenta não tem qualquer tipo de relação amistosa com seus colegas de classe, sendo, inclusive, desprezada por eles, a solitária menina vai descobrindo, pouco a pouco, a verdadeira face do mundo a que seus pais tanto lhe escondem, do qual tanto querem lhe proteger, e percebe que a vida é algo muito maior e mais belo, que não pode ser definido através de uma fórmula matemática.
            Livro intenso, terno e conflitante, O Dom é uma obra belíssima, de rara sensibilidade, escrito com maestria pela escritora Nikita Lalwani, que retrata muito mais do que o choque de culturas e valores, ambições e sonhos, mas de desejos de viver, do desejo ed libertar-se de uma opressão despropositada por parte daqueles que deveriam lhe prover de seu bem mais precioso: a liberdade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Resistência às Novas Tecnologias



Eu, definitivamente, tenho me descoberto uma pessoa um tanto quanto resistente às novas tecnologias. Pode-se dizer que, em alguns casos, se não sou inteiramente avesso às inovações tecnológicas, sou pelo menos um tanto quanto resistente às mudanças, demorando a me acostumar a elas. E mais, quando não é a resistência, pelo prazer da nostalgia, chego, por vezes, a regredir, tecnologicamente falando. Exemplo maior disso é o fato de meu desejo expresso de aposentar o meu computador e passar a escrever numa boa e velha “Máquina de Escrever”, pois com esta, pelo menos não sofro com problema de perda de arquivos, no caso de uma queda de energia. Outra “Maravilha Tecnológica” que quero aposentar é o meu celular, de última geração, que possui rádio AM/FM, Bluetooth, Cartão de Memória, Camera Digital, que filma e bate fotos em alta resolução, GPS, toca mp3, reproduz filmes, etc, etc e etc, mas que na hora de fazer ligação, que é o que realmente interessa... enfim, desejo trocá-lo por um aparelho mais útil, como um bom e velho Motorola, apelidado carinhosamente de “Tijolão”. Agora, o difícil, nesse caso, é  encontrar uma rede de telefonia móvel compatível com o aparelho, afinal de contas, para artefatos desse “calibre” não é toda operadora que está preparada.
            No entanto, há novas tecnologias, verdadeiras “revoluções tecnológicas em curso”, tidas irreversíveis, que sou verdadeiramente “contra” e as vejo com maus olhos. Para mim, o maior exemplo disso é o caso dos “e-Readers”, vulgo “livros eletrônicos”, que, nessa semana, ganharam destaque em algumas das principais revistas do país, sendo, inclusive, capa de uma delas (na verdade, o “apetrecho tecnológico” dividiu a capa da publicação em questão com nosso maior escritor de Best-Sellers: Paulo Coelho). A princípio, a bugiganga parece até simpática, e eu até iria com a sua cara, se, o que ela “combatesse” não fosse o que, para mim, a mais perfeita e importante revolução tecnológica de todas: o livro.
            Os “livros eletrônicos”, tal como estão sendo colocados, representam o que há de irreversível no tocante a evolução dos livros impressos. Os “inimigos dos livros impressos”, como interpretei em algumas reportagens, surgiram para, num futuro não muito distante (para não dizer “em breve”) substituir os livros, tal como os conhecemos, e revolucionar a maneira como lemos.
            Eu, por meu lado, não concordo muito com essa “revolução”, muito por ser um completo e total apaixonado por livros, como os temos hoje. Os livros eletrônicos têm sua serventia, sim; existe a questão da praticidade, que é inegável, principalmente para estudantes, que muitas vezes precisam andar para cima e para baixo com uma enorme quantidade de livros (impressos), para realizar suas leituras, consultas, pesquisas, etc, e para profissionais que necessitam ter sempre à mão um considerável volume de obras para consultas. E como carregar uma considerável quantidade de livros, dadas as circunstâncias, torna-se algo inviável, o Livro Eletrônico surge como uma importante ferramenta. Mas para os apaixonados não só pelo livro em si, mas também pelo prazer da leitura a que só um Livro pode proporcionar, não há nada, por mais bonitinho, leve e moderno que seja, que possa vir a substituir o livro.
            O Livro Eletrônico representa uma evolução, sim, que é irreversível, no entanto, não acredito que o Livro Impresso venha a entrar num processo de extinção, pois haverá sempre, em algum lugar do mundo, aquele leitor, apaixonado por livros, pelo seu cheiro, pelo prazer de sentir o passar das páginas, da vida nelas impressas.

sábado, 10 de outubro de 2009

A Revolução dos Bichos - Livro da Semana

Muito mais do que uma fábula, muito mais significativa do que uma metáfora, A Revolução dos Bichos é uma obra literária que tornou-se um marco para a literatura no século XX. Publicado em 1945, o livro de George Orwell está imbuido de toda uma carga filosófica, crítica e ideologica não só a um sistema político, mas a toda espécie de regime totalitário. E mesmo tendo passado mais de meio século após seu lançamento, a obra continua a suscintar uma série de discussões e continua atual.
A história se passa numa pequena propriedade rural localizada numa zona rural da Inglaterra chamada Granja do Solar, que é administrada por um fazendeiro chamado Sr. Jones. Os animais da fazenda, extenuados devido à explorassão a que estão sujeitos, ouvem as sábias palavras sediciosas de um porco chamado Major, que falam de um sonho no qual todos os animais eram iguais e auto-suficientes.
Algum tempo após a morte de Major, os animais, após terem sofrido uma grande privação, provocada por um descuido do fazendeiro, na qual ficaram sem qualquer tipo de alimento e como que esquecidos, lembrando as sábias palavras de Porco, e revoltam-se, expulsando da propriedade o Sr. Jones, sua mulher e seus peões e instauram, assim, onde antes existia a Granja do Solar, a Granja dos Bichos, a primeira propriedade cuja gestão é inteiramente dos animais, que são todos iguais. Todos os animais da fazenda sendo à princípio liderados por Napoleão e Bola-de-Neve, dois porcos, iniciam uma nova fase em suas vidas. Todos são iguais e tudo o que produzem lhes pertence. São instituidas regras e inúmeras melhorias são notadas. São colocadas regras e leis que são seguidas è regra por todos os animais.
No entanto, após algum tempo de ter se instaurado a Granja dos Bichos, mudanças, muito provocadas pela disputa pelo poder e pela liderança entre os dois porcos, faz com que um deles, Napoleão, tome o poder para si e a partir de então uma nova ordem é instaurada na vida dos animais da fazenda. E o porco, pouco a pouco, faz modificações nas regras e leis existentes na Granja, e a igualdade, que antes imperava, agora tornava-se só uma mera lembrança de um passado esquecido. Napoleão mostra-se um governante tão ou mais ambicioso e opressor do que o antigo dono da granja, Sr. Jones.
Representativa não só sob o ponto de vista político/ideológico, A Revolução dos Bichos é uma obra marcante, também, sob o prisma literário. Muito bem construída, com personagens fortes e marcantes, muito bem construídos e explorados, é uma das mais belas fábulas/ metáforas da literatura mundial do século XX.

sábado, 3 de outubro de 2009

Novas Modalidades, Variações e Herois Olímpicos para as Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016 - crônica

Mal a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para sediar as olimpíadas de 2016 e já surgem inúmeras especulações sobre a organização, quem serão os “Herois Olímpicos”, que atletas serão destaque e quais novidades serão apresentadas no maior evento esportivo do mundo.
Pela primeira vez, tão importante evento esportivo terá como sede uma cidade da América do Sul, e o Rio de Janeiro já está preparando uma série de surpresas, com o intuito de deixar o mundo boquiaberto, com as novas modalidades olímpicas, com as variações das atividades já existentes e com os herois e atletas que serão apresentados ao mundo em 2016. E em todas as novas modalidades, o Brasil tem grandes chances de se sair vitorioso, conquistando não só a medalha de ouro, mas também e a de prata e a de bronze! Afinal de contas, em todas elas nós temos atletas que as praticam desde cedo, em todos os cantos do país, em todos os bairros, por todas as ruas.
O primeiro esporte que será apresentado nas olimpíadas do Rio de Janeiro, de 2016, será o tiro. A diferença é que no Rio de Janeiro ela terá atletas de ponta disputando ponto a ponto (aliás, tiro a tiro) as medalhas. O tiro, no Rio de Janeiro, será praticado como é tradicionalmente nessa cidade: entre traficantes e PMs e o palco será uma favela no subúrbio da cidade e os alvos serão cidadãos inocentes.
Uma outra modalidade, essa mais pratica nas principais cidades brasileiras, é a de corridas com obstáculos. Nela, os atletas (ou cidadãos comuns) terão que ultrapassar uma série de obstáculos de uma rua localizada no centro de uma grande cidade. O cidadão (ou atleta) terá que saltar sobre buracos, atravessar ruas movimentadas entre os carros (fora da faixa de pedestre ou semáforo para passar com segurança, afinal de contas, é necessária um pouco de adrenalina, para deixar a competição muito mais emocionante!), entre outros obstáculos, que surgem quando menos se espera.
Os esportes aquáticos, como natação, maratona aquática, pólo aquático, serão praticados em plenas vias públicas, em meio às principais avenidas das cidades em pleno período de chuvas.
No futebol, não se precisa nem comentar. A diferença, nas olimpíadas do Rio é que os atletas irão jogar num campinho de terra batida e os times não usarão necessariamente um uniforme oficial. Jogarão o Time Com Camisa X Time Sem Camisa.
Além dessas modalidades, dos novos herois olímpicos que estão se preparando para as olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016, outras surpresas ainda estão sendo preparadas. Mas estas, só serão divulgadas em 2016 (ou nas cenas dos próximos capítulos, ou anunciadas no próximo Telejornal!).