sábado, 31 de dezembro de 2016

Balanço anual de leitura - 2016

Todo início de ano, como milhões de pessoas fazem ao redor do mundo, eu também traço planos e metas para serem cumpridas ao longo dos 365 dias que estão por vir, no entanto, diferente da maioria das pessoas, eu traço planos e metas de leitura.
            Tudo bem que, como todo mundo, eu traço planos mirabolantes e metas impossíveis de serem alcançadas, como algo do tipo Ler 200 livros ou Iniciar a leitura de Ulysses, mas pelo menos eu corro atrás dos 200 livros, embora sabendo que nunca vou alcançar tal marca, já quanto a Ulysses... Tenho o livro há mais de dez anos e só o abri uma vez para ver como era ao menos seu início, e vendo que não estou preparado para empreender tal leitura, o fechei imediatamente.
            Foi, no fim das contas, 2016, apesar de ser um ano trevoso em muitos aspectos, imensamente feliz no que tange à minhas leituras. Não consegui bater a meta dos 200 livros, mas li 47 (e nesse ano, pela primeira vez, contei a quantidade de páginas e cheguei a marca de quase 11.000!), e nunca um ano foi tão bom e me ofereceu momentos de êxtase literário tão intensos, fazendo com que eu, como leitor, me perguntasse onde foi e em que mundo eu vivi para não ter lido aquele livro ainda! Livros que me deixaram angustiados, que me tocaram fundo na alma, que me abriram os olhos, aguçaram a minha sensibilidade, que me fizeram rever certos conceitos, que me ensinaram muito sobre a vida, o universo e tudo o mais...
            Se em anos anteriores foi difícil listar os livros destaques entre as leituras empreendidas ao longo do ano, nesse ano de 2016 foi difícil listar só alguns, pois foram tantos que eu, hoje, dia 31 de dezembro, olho para trás, para todos os livros lidos desde o início do ano, e respiro aliviado dizendo mentalmente um “que ano bom...”.
            Em 2016, como já é tradição minha, iniciei o ano lendo uma obra referência na literatura mundial, de relevância para a tradição de seu país. Meu primeiro livro foi O Mestre e Margarida, do russo Bulgákov e o último, O Idiota, do também russo Dostoievski. Entre esses dois, li muitos clássicos das mais diversas tradições literárias. Li A Letra Escarlate, de Hawthorne, Gargântua, de Rabelais, Eugênio Oneguin, de Pushkin, O Avarento, de Molière, Memórias do Subsolo e Gente Pobre, de Dostoievski, Águas Primavera, de Turgueniev, Cândido, de Voltaire, Esperando Godot, de Beckett, Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, entre outros tantos clássicos da literatura mundial. Isso fora as adaptações em quadrinho de grandes obras que li. Ou seja, no que se refere à leitura de clássicos, meu ano foi magnífico. Dos quadrinhos baseados em grandes clássicos da literatura, destaco a leitura dos brasileiros Grande Sertão: Veredas e Vidas Secas, obras magníficas que foram primorosamente adaptadas para a linguagem dos quadrinhos, resguardando a sensibilidade das obras originais sem contudo ter um toque de originalidade. Dos baseados em obras de literatura estrangeira, destaco Oliver Twist, que me deixou tão fascinado que resolvi ler a obra na íntegra no início de 2017.
            Dos contemporâneos e do século XX, tive grandíssimas surpresas, descobrindo obras estupendas.  Não saberia dizer qual livro me fascinou mais: se Tirza, de Grunberg, ou Stoner, de John Williams; qual me encantou mais: se A Última Estação, de Parini, O Olho de Vidro do meu avô, de Bartolomeu Campos de Queirós, ou se Extraordinário, de R. J. Palacio (este último capaz de nos fazer rir em chorar em questão de parágrafos); qual o mais sensível no trato a temas duros: se Uma História de Solidão, de John Boyne, ou A Vida em Tons de Cinza, de Sepetys; qual, dentre os contemporâneos já consagrados, qual o mais forte, intenso e magnífico: se Desonra, de Coetzee (autor laureado, inclusive, do Nobel de Literatura), Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie (nigeriana que vem se destacado no cenário literário e como uma das mais atuantes feministas da atualidade), ou A Balada de Adam Henry, de Ian McEwan (um dos mais importantes autores britânicos contemporâneos); ou qual quadrinho mais me fascinou: se Maus, de Spiegelman, ou Três Sombras, de Pedrosa.
            Alguns livros que li, é bem verdade, me decepcionaram um pouco, como O Senhor das Moscas, de Golding, e não gostei tanto de O grande Gatsby, de Fitzgerald, mas nada que chegasse a macular o meu magnífico ano de leituras.
            Em 2017, que é daqui a pouco, espero ter um ano tão repleto de descobertas literárias quanto foi o meu 2016.