Foi a primeira metade do século XX o
período que representou o auge da literatura norte-americana. Nessa época
surgiram movimentos, grupos de escritores que se destacaram não só em seu país,
mas em todo o mundo literário. Os primeiros nomes de maior destaque surgiram
após a Primeira Guerra, e ficaram conhecidos os escritores da Era do Jazz, que
teve em F. Scott Fitzgerald seu principal nome. Nesse primeiro momento, vê-se
muito da euforia americana, alcançada graças às vitórias no conflito mundial e
a hegemonia econômica do país, em ascensão. Mas foi após esse primeiro grande
momento eufórico da literatura norte-americana, com o início da crise econômica,
agravada pelo “crash” de 1929 que alguns dos maiores escritores daquele país
surgiram. Veio o primeiro grupo, que ficou conhecido como Geração Perdida, que
tem em Hemingway seu principal nome, mas não houve nenhum outro escritor que
tenha representado tão bem aquele período como John Steinbeck (1902-1968).
John
Steinbeck, mesmo tendo ganhado o Pulitzer (por As Vinhas da Ira, de 1939), principal prêmio da literatura
norte-americana, e o Nobel, em 1963 (por sua obra), foi constantemente esnobado
pela crítica de seu país, por considerarem sua literatura muito mais afeita às
áreas da sociologia, muito mais preocupado em documentar os horrores das vidas
dos pobres na época da crise com em fazer uma verdadeira literatura. No entanto,
tal crítica se deve muito mais aos interesses políticos do que literários, já
que Steinbeck expunha as vísceras da sociedade norte-americana, se debruçando
sobre a fragilidade do sonho americano.
Nenhum escritor, em toda a literatura americana, se debruçou de tal forma sobre
os problemas e a realidade de seu país como Steinbeck o fez. Ao longo de toda a
sua obra, tão nua e crua, John Steinbeck conviveu com as críticas, mas também
com uma grande aceitação, por um outro lado. Escreveu obras-primas da
literatura norte-americana, como as novelas Ratos
e Homens, de 1937, e A Pérola, de
1947, O Inverno da Nossa Desesperança,
também traduzido como O Inverno dos
Descontentes, de 1961, A Leste do
Éden, de 1952, mas talvez o seu livro que tenha gerado mais controvérsias,
que tenha sido mais criticado, mas também dos mais elogiados seja As Vinhas da Ira, de 1939.
Livro
por que ganhou o Pulitzer, As Vinhas da
Ira, mesmo com toda a sua repercussão, chegou a ser banido de diversas
bibliotecas e escolas públicos do país, sob alegação de “imoralidade”. Na verdade,
o livro recebeu esse “banimento” por ter nele, Steinbeck, exposto, como em
nenhum outro, críticas à sociedade, as vísceras da sociedade americana, a
fragilidade do sonho americano.
A
história narra a trajetória de uma família de agricultores pobres, que vive em
suas terras no Estado do Oklahoma, mas que, durante a Depressão, não tendo como
honrar os compromissos adquiridos junto a uma instituição financeira, são
expulsos, sendo assim, verdadeiramente obrigados a migrar rumo a Califórnia, de
onde se propagava os “sonhos dourados da rica Costa Oeste”, com o intuito de
atrair mão-de-obra barata para se trabalhar nas imensas lavouras. Steinbeck
descreve com imensa maestria e riqueza de detalhes a travessia dessa família, e
mostra como os membros dessa família ficam no meio do caminho. Antes uma
família tão grande, com pai, mãe, irmão, irmã, avô, avó, crianças pequenas,
genro, cachorro, etc., poucos são os que chegam ao seu destino, para
perceberem, com horror, que a riqueza tão divulgada realmente existia, mas o
sonho de ascensão, da oportunidade, não. A família se vê, mais uma vez, em uma
situação de imensa angústia, sofrendo pelo sonho, que se mostrou em sua
verdadeira face, tal como era, e pelos que ficaram no meio do caminho naquela
tão longa e difícil jornada enquanto cortavam vários Estados do país.
Steinbeck
escreveu tal livro com maestria e propriedade, pois além de romancista, trabalhou
também como jornalista num jornal de São Francisco, e viu de perto as situações
das famílias que chegavam àquele “Estado Dourado” que era a Califórnia.
O
escritor, que recebeu a alcunha de “Cronista da Depressão”, figura entre os
maiores escritores não só de seu tempo, dos Estados Unidos, mas de todo o mundo,
não só por suas histórias, tão realísticas, tão fortes, mas por sua escrita,
tão ímpar, envolvente e tocante.
Parabéns pelo Blog e pelo texto sobre Steinbeck, um dos autores que mais admiro.
ResponderExcluirQuando puder visite um dos meus Blogs:
http://passaaregua.blogspot.com
http://jcostajr.blogspot.com
Abraço. Vá em frente. Voc~e tem talento.