Certa vez me
perguntaram quanto é dois mais dois. Eu fiquei longos minutos a pensar, pois
realmente não sabia como responder aquele questionamento deveras importante.
Engana-se quem acha essa uma pergunta boba, banal, que pode ser facilmente
respondida. Até pode, mas depende muito de sua formação. Um matemático, por
exemplo, responderia de prontidão, que dois mais dois é quatro, pois ele, como cientista exato que é, aprendeu a
verdadeira, indiscutível e imutável fórmula da soma. Um químico, também,
chegaria a uma resposta parecida, mas antes iria fazer a medida do peso dos
elementos, iria decompô-los e chegar a uma conclusão. Um engenheiro chegaria a
uma resposta exata, sem dúvida, no entanto iria precisar fazer inúmeros
cálculos, averiguar a inclinação do eixo, estudar materiais utilizados, e
chegaria a uma conclusão aproximada ao valor quatro, mas com variantes, uma
vírgula, uma poção de zeros e um monte de símbolos que só eles entendem.
Outras ciências, levadas a desvendar
importante questionamento, iriam se lançar para provar suas teorias e chegar a
uma resposta que atendesse a todos os requisitos universais. A astrologia, por
exemplo, seria uma das que mais teria dificuldade em chegar ao resultado, pois
necessitaria saber a hora e data exata do nascimento dos números, descobrir seu
signo, sua ascendência, seu signo lunar, consultar o horóscopo chinês e, no
fim, daria uma resposta bonita, que agradaria a todos, mas esconderia o “lado
negativo das coisas”. As ciências ocultas também se voltaria para a descoberta
desse segredo universal. Runas seriam jogadas, búzios, cartas, I-Ching e até os
adpetos ao Feng-Shui iriam organizar as coisas harmoniosas de tal forma para
que os bons fluidos sejam trazidos ao ambiente. Algumas religiões chegariam ao
resultado de que é um, pois são duas
naturezas, humana e divina, mas o indivíduo é único.
Não importa qual a ciência, o
importante é que o resultado a que uma vai chegar nunca será igual ao da outra.
Na área das ciências humanas, por exemplo, em que ninguém se entende, já
imaginou que resultados se chegaria?
Na história, por exemplo, se esse
questionamento fosse feito, se analisado à luz da historiografia tradicional, o
resultado, óbvio, seria quatro, e a justificativa dada seria a de que os documentos
oficiais comprovam, falariam de grandes nomes e colocariam o resultado como
incontestável. No entanto, se tal questionamento, ou fato, fosse analisado sob
uma outra ótica, por exemplo, o resultado poderia ser completamente diferente. Diriam,
segundo essa nova teoria, que os fatos foram outros, que os resultados são
diferentes, que, na verdade, era maior que quatro, pois uma quantidade se
perdeu com o tempo, foi escondida pelas autoridades, etc.
E já pensou no resultado que
poderiam ser obtidos se essa questão fosse feita a diferentes membros de
partidos políticos, a pessoas engajadas em movimentos sociais? Um comunista
ferrenho, por exemplo, diria que jamais chegaria a um resultado tão alto quanto
quatro. Ele defenderia a ideia de
divisão igualitária, e chegaria a um valor de quatro partes iguais para todos,
de um cada.
E por aí vai. Nunca chegaremos a um
resultado satisfatório e universal, aceito por todos, por isso é bom
aceitarmos, sempre, o mais fácil, o mais lógico. Dois mais dois é quatro. E se
alguém perguntar por que, podemos responder simplesmente com um curto e grosso porque é, e ponto.
Grande Lima Neto.
ResponderExcluirMuito bom o texto. Imagine então a fisica quantica respondendo a essa pergunta?? Eal tenta provar que nem o real existe....
Visite meu blog e se puder me recomende aí. O seu está recomendado no meu.
Abraços