sábado, 12 de junho de 2010

John Steinbeck - o escritor que expôs a fragilidade do sonho americano

Foi a primeira metade do século XX o período que representou o auge da literatura norte-americana. Nessa época surgiram movimentos, grupos de escritores que se destacaram não só em seu país, mas em todo o mundo literário. Os primeiros nomes de maior destaque surgiram após a Primeira Guerra, e ficaram conhecidos os escritores da Era do Jazz, que teve em F. Scott Fitzgerald seu principal nome. Nesse primeiro momento, vê-se muito da euforia americana, alcançada graças às vitórias no conflito mundial e a hegemonia econômica do país, em ascensão. Mas foi após esse primeiro grande momento eufórico da literatura norte-americana, com o início da crise econômica, agravada pelo “crash” de 1929 que alguns dos maiores escritores daquele país surgiram. Veio o primeiro grupo, que ficou conhecido como Geração Perdida, que tem em Hemingway seu principal nome, mas não houve nenhum outro escritor que tenha representado tão bem aquele período como John Steinbeck (1902-1968).
            John Steinbeck, mesmo tendo ganhado o Pulitzer (por As Vinhas da Ira, de 1939), principal prêmio da literatura norte-americana, e o Nobel, em 1963 (por sua obra), foi constantemente esnobado pela crítica de seu país, por considerarem sua literatura muito mais afeita às áreas da sociologia, muito mais preocupado em documentar os horrores das vidas dos pobres na época da crise com em fazer uma verdadeira literatura. No entanto, tal crítica se deve muito mais aos interesses políticos do que literários, já que Steinbeck expunha as vísceras da sociedade norte-americana, se debruçando sobre a fragilidade do sonho americano. Nenhum escritor, em toda a literatura americana, se debruçou de tal forma sobre os problemas e a realidade de seu país como Steinbeck o fez. Ao longo de toda a sua obra, tão nua e crua, John Steinbeck conviveu com as críticas, mas também com uma grande aceitação, por um outro lado. Escreveu obras-primas da literatura norte-americana, como as novelas Ratos e Homens, de 1937, e A Pérola, de 1947, O Inverno da Nossa Desesperança, também traduzido como O Inverno dos Descontentes, de 1961, A Leste do Éden, de 1952, mas talvez o seu livro que tenha gerado mais controvérsias, que tenha sido mais criticado, mas também dos mais elogiados seja As Vinhas da Ira, de 1939.
            Livro por que ganhou o Pulitzer, As Vinhas da Ira, mesmo com toda a sua repercussão, chegou a ser banido de diversas bibliotecas e escolas públicos do país, sob alegação de “imoralidade”. Na verdade, o livro recebeu esse “banimento” por ter nele, Steinbeck, exposto, como em nenhum outro, críticas à sociedade, as vísceras da sociedade americana, a fragilidade do sonho americano.
            A história narra a trajetória de uma família de agricultores pobres, que vive em suas terras no Estado do Oklahoma, mas que, durante a Depressão, não tendo como honrar os compromissos adquiridos junto a uma instituição financeira, são expulsos, sendo assim, verdadeiramente obrigados a migrar rumo a Califórnia, de onde se propagava os “sonhos dourados da rica Costa Oeste”, com o intuito de atrair mão-de-obra barata para se trabalhar nas imensas lavouras. Steinbeck descreve com imensa maestria e riqueza de detalhes a travessia dessa família, e mostra como os membros dessa família ficam no meio do caminho. Antes uma família tão grande, com pai, mãe, irmão, irmã, avô, avó, crianças pequenas, genro, cachorro, etc., poucos são os que chegam ao seu destino, para perceberem, com horror, que a riqueza tão divulgada realmente existia, mas o sonho de ascensão, da oportunidade, não. A família se vê, mais uma vez, em uma situação de imensa angústia, sofrendo pelo sonho, que se mostrou em sua verdadeira face, tal como era, e pelos que ficaram no meio do caminho naquela tão longa e difícil jornada enquanto cortavam vários Estados do país.
            Steinbeck escreveu tal livro com maestria e propriedade, pois além de romancista, trabalhou também como jornalista num jornal de São Francisco, e viu de perto as situações das famílias que chegavam àquele “Estado Dourado” que era a Califórnia.
            O escritor, que recebeu a alcunha de “Cronista da Depressão”, figura entre os maiores escritores não só de seu tempo, dos Estados Unidos, mas de todo o mundo, não só por suas histórias, tão realísticas, tão fortes, mas por sua escrita, tão ímpar, envolvente e tocante.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog e pelo texto sobre Steinbeck, um dos autores que mais admiro.
    Quando puder visite um dos meus Blogs:
    http://passaaregua.blogspot.com
    http://jcostajr.blogspot.com
    Abraço. Vá em frente. Voc~e tem talento.

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