Estava eu deitado numa rede
(muito bem deitado, diga-se de passagem) numa tarde, durante a semana (era meu
dia de folga), na sala. A janela estava aberta, deixando entrar uma brisa
suave, fria, que me acariciava o rosto. Como quem não quer nada (e naquele
momento, eu não queria mesmo), olhei, acredito que pela primeira vez naquele
dia, pela janela, em direção ao céu. E aí me dei conta de que há tempos não
olhava para o céu, seja numa noite, para ver as estrelas, seja durante o dia,
para as nuvens, ver suas formas e contemplar o belo azul do céu vespertino.
Nós,
em nosso corrido dia a dia, perdemos esse hábito, não só de olhar para o céu,
mas de parar e reparar nas coisas simples. Não nos resta mais tempo para nada,
como se tivéssemos nos tornado prisioneiros de nosso próprio tempo, e assim
acabamos perdendo muito de nossa sensibilidade. Não mais olhamos ao redor, não
mais sorrimos quando vemos um animal, não mais paramos para ouvir o canto de um
pássaro no início da manhã a saldar o nascer do sol, não temos mais vontade de
nos abaixar e tocar numa flor ou de sentir seu doce aroma. Tornamo-nos reféns
de nosso trabalho, tempo, rotina, dia a dia, e acabamos esquecendo as coisas
boas e simples que a vida nos oferece todos os dias, em todos os momentos.
Felizes
éramos nós quando não tínhamos que nos preocupar com ninharias, com coisas tão
pequenas, com o tempo e com a rotina. Rotina? O que isso significava, eu
simplesmente não sabia. E tampouco me interessava em descobrir do que se
tratava. Preocupação era algo que não se existia e, se existia, não dávamos importância.
Não se era refém de nada e se tinha o privilégio, o enorme prazer, de fazer o
que se queria. Podia-se até se ficar sem fazer nada, apenas olhando para o céu,
vendo as nuvens, imaginando e brincando com as suas formas... bons tempos eram
aqueles, e a gente nem sabia. Se soubesse, teria aproveitado bem mais (e
melhor) enquanto podia, enquanto não se estava inserido nesse mundo cão.
Engraçado
como essas coisas, esses pensamentos nos vêm tão repentinamente, como nos
deixamos embriagar pelas lembranças e como até temos vontade de chorar de tanta
saudade que sentimos daqueles tempos. Tempos esses que não voltam nunca mais,
que estão fadados a viver apenas em nossas lembranças. No entanto, apesar de um
retorno àqueles tempos ser impossível, podemos, pelo menos, quebrar uma regra
da rotina, nem que seja por alguns minutos de nosso tão corrido dia a dia. Podemos
(e devemos) pelo menos uma vez por dia, nem que seja por alguns meros segundos
e olhar para o céu. Para ver o quê? Para ver simplesmente nada (e tudo ao mesmo
tempo), para ver simplesmente o céu, seu azul, suas nuvens ou, à noite, as
estrelas e a lua, que sempre se mostra tão majestosa e bela para nós, mas que,
mesmo assim, nunca reparamos nela.
Experimente,
sinta essa paz, esqueça o tempo por alguns segundos de seu dia, olhe para o
céu. Afinal de contas, há quanto tempo você não olha para ele? Permita-se,
viva, deixe aflorar as lembranças de quando não se tinha preocupações, dos
tempos em que não existia essa palavra feia e chata chamada Rotina.
Eis o meu medo...
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAs coisas simples são gloriosas...
ResponderExcluirParabéns pela crónica..
CONVITE
ResponderExcluirPassei aqui lendo.
Sou um leitor assíduo de blogues.
Mas, estou lhe convidando a visitar o meu blogue. Muito Simplório, e se possivel seguirmos juntos por eles.
Estarei lhe esperando lá. Lhe desejando um Tempo de Paz e harmonia Espiritual.
Te espero lá, com um...
Abraço Fraterno