segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eu e o Livro Eletrônico, algo que "não rolou"

Certo. Dessa vez vou direto ao ponto e não vou, como de costume faço, dar uma volta, falar de mil e um assuntos, até chegar ao que realmente interessa. Eu e o Livro Eletrônico, definitivamente, para se usar uma linguagem, uma gíria bem popular, “não rolou”. Confesso que já não gostei muito da ideia de ler um livro em algo que não seja de papel, mas, mesmo assim, fiz uma esforço hercúleo, engoli meu orgulho, e resolvi experimentá-lo. Alguns possuem até uma capa bonita, de couro, um simulacro de livro, mas nenhum deles possibilitam que tenhamos o mesmo prazer da leitura que experimentamos quando temos, em mãos, um livro de verdade. A luminosidade é apenas um dos pontos, e o cheiro é outro (!). Não gosto de cheiro de produto eletrônico, que não tem cheiro de nada. Prefiro o cheiro de um bom livro, de preferência antigo, de sentir as páginas já gastas, meio quebradiças até, de sentir a textura do papel entre os dedos, de me angustiar quando sinto que faltam poucas páginas para acabar o livro. Isso, o Livro Eletrônico nunca vai proporcionar.
            Sei que essa pode ser uma resistência tola, que o Livro Eletrônico veio para ficar, mas eu, como leitor apaixonado por livros, sou um adepto à não entrada de Livro Eletrônico em minha casa. Ele tem, sim, sua utilidade (não nego isso), principalmente para estudantes e profissionais, mas para desfrutar e saborear uma boa leitura, de uma grande obra literária, não.
Livro Eletrônico é para adeptos e fãs de tecnologia, não importa para que sirva, mas sendo tecnologia, ‘tá dentro. Os verdadeiros leitores, apaixonados por literatura, podem até ter alguma “maravilha tecnológica” em sua casa, possuir um celular de última geração, um computador super-potente e até um robô para lhe auxiliar nas atividades domésticas, mas leitor que é leitor, não deixa que nada, absolutamente nada, substitua seu bom e velho livro. Este pode estar já velhinho, com as páginas soltando, cheio de marcas de dedos deixadas pelos que o leram anteriormente, mas nada capaz de substituir o prazer que é ler um livro já repleto de tanta história.
Testei, sim, vários Livros Eletrônicos, de diversas marcas e modelos, dos mais simples aos mais sofisticados, e até cheguei a trazer um pra casa, par experimentar o que ler em um deitado numa rede. O amigo que me emprestou, sabendo como sou apaixonado por literatura russa, fez questão de colocar um título de um de meus autores favoritos, para ver se a bugiganga me seduzia... mas nada... a princípio, demorei a me acostumar com o negócio, para selecionar o título que queria ler, para chegar a página desejada, para me acostumar com o “zoom” e até para passar as páginas. Enfim, acabei desligando-o e recorri a minha estante, para terminar a leitura do livro.
Depois ainda testei um outro, mais novo, repleto de recursos da mais avançada tecnologia, que oferece mil e duas utilidades (tem mais utilidade até do que o “clip de papel” e o Bom Bril!). A princípio, ele fascina, até mesmo pela beleza, mas depois que você começa a mexer, a tocar em sua “tela mágica”, que olha pra trás e vê a sua estante de livros, desiste dele e resolve ir pegar um livro qualquer na sua estante a ler algo naquilo.
Quando fui entregar a Bugiganga a meu amigo, que gentilmente me emprestou, quando ele viu que não tinha funcionado comigo, ainda veio com aquela “justificativa” de que, ali, podem caber mais de mil livros, na vã tentativa de que aquele tecnologia me seduzisse! Eu respirei fundo (juro), e não respondi, afinal de contas, ele só estava tentando ser gentil comigo, mas a vontade que tive de dizer era que preferia ter “apenas 100 livros na minha estante a ter um treco daqueles com 2.000 títulos armazenados”.

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