Não sei diabos quem inventou essa
lei, mas que pegou, pegou: as pessoas simplesmente não emprestam seus livros. Sei,
lógico, que tem sempre aquele livro mais especial, que temos um ciúme todo
fundamentado, tem sempre aquele livro que tem escrita uma dedicatória toda
particular e coisa do tipo, mas daí a não emprestar livro algum, nunca, já é
demais! Ainda por cima tem sempre aquele que diz que “livro é igual a mulher:
não se empresta”, e riem da própria piada (sem graça, diga-se de passagem),
como se mulher pudesse se emprestar a alguém. Uma mulher, seja ela na condição
de esposa, noiva, namorada, ficante ou seja lá que termo mais seja usado hoje
em dia, quando não está mais a fim, quando tratada dessa maneira (como uma
posse), simplesmente dá no pé, passa-lhe um belo par de chifres, e o dito cujo
fica sozinho, sem a mulher, a ver navios.
Com
livros, a coisa funciona de maneira semelhante e diferente. Tenho, lógico, que ciúmes
de meus livros e há, óbvio, alguns que eu não gostaria de emprestar (como meus
livros de Tolstoi, como minhas edições de O
Conde de Monte Cristo e Os Miseráveis,
como alguns livros de autores russos), mas, no geral, meus livros estão
disponíveis, sempre, para serem lidos e relidos por aqueles que sabem apreciá-los.
E apreciar uma bela obra literária, seja ela um clássico ou mesmo um Best-seller,
significa, para mim, não só saber lê-lo, deixar que os personagens ganhem vida,
mas também saber cuidar do livro. Empresto, sim, meus livros, não só àqueles
que confio, amigos, pessoas próximas ou a pessoas que sei que merecem um voto
de confiança, que estão sedentos por um grande livro, mas, principalmente,
àqueles que sei que vão cuidar bem deles, que não vão lê-los de qualquer jeito,
que o devolverão de forma tão lastimável que tem-se a impressão de que o livro
veio direto de uma trincheira de guerra, que escapou de ser queimado em uma
daquelas fogueiras da inquisição ou coisa que o valha. Livro tem que ser bem
cuidado, apreciado, lido e tem que, mais cedo ou mais tarde, voltar para seu “dono”.
Falo “dono” por que livro nenhum tem “dono”. Talvez, o que mais se aproxime de “dono
do livro” seja seu autor, que o criou, que deu vida aos personagens. Mas a
partir do momento em que o autor o publica, o livro é de todos que o têm em
mãos, de todos que se aventuram em suas páginas, palavras e personagens (e falo
isso na condição não só de leitor, mas também de autor de três livros). O livro,
para o autor, é como um filho: ele o cria, ele o idealiza, ele o ensina, mas
chega um momento em que tal filho quer ganhar vida, quer ganhar o mundo, tal
como uma criança se torna um adolescente e depois um adulto, e precisa ganhar
sua independência, mas sem nunca esquecer de onde veio, de suas origens. O
livro não tem um dono específico, mas sim um “dono”, mesmo assim, tem que
voltar para suas mãos, nem que ele demore um pouco, que ele passe pelas mãos de
mil e um leitores, desde que, no final, ele volte (em bom estado), é o que
interessa.
Livro
não é para ser limitado, para ficar preso. Os personagens foram criados para
ganhar vida, e só vivem quando lidos, portanto, não devemos manter os livros
fechados, sem vida. Talvez eles fiquem até bonitos, guardados e organizados
numa estante, mas já reparou que o livro parece que se torna mais especial
quando está aberto, sendo lido por um alguém?!
Vamos
aderir a ideia de não deixar o livro morrer, de deixar que ele e todos os seus
personagens ganhem vida. Vamos fazer com que os livros “circulem”, que sejam
lidos e apreciados, desde que, no final, eles voltem para seus respectivos “donos”,
afinal de contas, eles sentem sua falta.
empresto, sim, meus livros, a amigos, conhecidos e a todos aqueles que vejo que sabem apreciar uma boa leitura, desde que eu veja (eu saiba) que o livro será bem cuidado e que voltará para minhas mãos.
ResponderExcluirseja você também, amigo leitor, que acompanha este blog, um alguém que procura dar vida aos livros. não tenha esse sentimento de posse dos livros, deixe-os viver nas mãos de um outro leitor. empreste seus livros aos amigos e familiares, primeiramente. aí você vai ver que é bom deixar seus livros ganharem vida.
o conhecimento não é para ficar limitado, mas sim divulgado entre todos aqueles que necessitam dele. e livro é conhecimento.
Que legal a sua postagem! Isso é interessante: muitas pessoas dizem que querem que outras pessoas apreciem a leitura, mas nunca querem emprestar seus livros! O que é tipo: egoísmo, né?
ResponderExcluirPosso colocar seu texto no meu blog? Daí eu coloco a fonte (seu blog).
Link do meu blog: aordemdoslivros.blogspot.com
Muito bom este seu texto, concordo com você integralmente, os livros existem para serem lidos, e só assim eles teem vida. Faço questão de emprestar um livro a alguém que goste de ler, mesmo sabendo que ele pode não ser mais devolvido. Valeu o post e se quiser que eu o coloque no meu blog é só autorizar.
ResponderExcluirEu tb empresto meus livros, mas com uma lista de recomendações junto! rsrs. Os livros q tenho certo ciúmes são minhas edições de Jane Austen e irmãs Brontë, msm assim as versões em pocket eu empresto... rs. E tb tenho apego pelo série Outlander, os livros além de mtooo caros, os primeiros da série a serem lançados são díficies de encontrar, então... Até posso emprestar, mas não será para qquer pessoa, confesso.
ResponderExcluirEu sou uma das sortudas que não tem muitos livros mas que sempre tenho pessoas que gostam de emprestá-los á mim, inclusive o autor deste texto... rsrsr
ResponderExcluirCuido muito bem de todos os livros que me emprestam pois não enxergo apenas um livro, mas o sonho, a fantasia, as pessoas que "saltam" das páginas e invadem minha mente.
Jéssica Oliveira.
pois é...
ResponderExcluirlivro não é para ficar parado, enfeitando uma estante, não. se for assim, ele vai ser só mais um "enfeite". livro tem que ser lido.
como eu disse, e como até a Daniela falou, tem, lógico, aqueles livros mais especiais, dos quais temos um ciume todo especial, digamos assim. mas, mesmo esses, se a pessoa tiver cuidado, se a gente conhecendo, e confiando, na pessoa a quem emprestamos tal livro, a gente empresta... rsrs
e, Jéssica... tenho o maior prazer em emprestar livros. é sempre bom compartilhar conhecimento, prazer literário. e ainda não lhe emprestei "Anna Kariênina" por que acho que ainda não é a hora... rsrs
autorizo, sim, que essa postagem seja colocada em outro blogs e sites afins. acho até interessante divulgarmos essa ideia e cheguei a pensar e discutir com alguns amigos, responsáveis por blogs relacionados à literatura, a possibilidade de fazermos uma "campanha" sobre a conscientização de empréstimo de livros. pensei em algo do tipo "dê vida ao livro: deixe ele ser lido", ou algo assim. sei que parece tosca, essa frase, mas a ideia é interessante.
ResponderExcluiro que acham? como podemos realizar e começar essa "campanha"?
Visitei seu blog ontem e já estou gostando! Acho ótima ideia de incentivo ao ato de dar vida ao livro, emprestando-o!Sempre tenho amigas que me emprestam e tb sempre que acho alguém interessado em leitura ofereço um.Acredito que poderíamos fazer tipo "uma corrente", a cada pessoa que emprestarmos um livro, sugerir e incentivar o empréstimo a outra pessoa.
ResponderExcluirClarissa
Engraçado... Comigo acontece o contrário: eu não gosto de pegar livros emprestados. Primeiro porque me sinto pressionado a ler esse livro logo para não demorar em devolver, e depois porque, se seu gostar do livro, vou lamentar que ele não faça parte da minha biblioteca... Quanto a emprestar, empresto com prazer.
ResponderExcluirtem todo meu apoio! Mas precisamos criar outra frase porque essa está realmente muito tosca! rsrsr
ResponderExcluireu também, Pablo, confesso não ser muito de pegar livros emprestados, não, mas no meu caso, pelo simples fato de que além de ter muitos livros que ainda não li (de literatura clássica), por trabalhar em livraria, dificilmente tem um livro que gostaria de ler que não tenha uma espécie de "livre acesso".
ResponderExcluirmas realmente existe isso de que quando pegamos determinado livro emprestado, há o fator "pressa", para terminar a leitura para devolver ao seu devido "dono". isso, sem contar que há alguns livros que nos são emprestados a força, e esses, além de termos a obrigação de ler, temos que lê-lo rápido e ainda, mesmo não tendo necessariamente lido o livro em questão como deveriamos, comentar com aquele que o emprestou...
enfim, pense num tema para dar pano pra manga, o tal do "empréstimo de livros"... rsrs
Eu que o diga! Já me emprestaram um livro e quando eu estava na metade dele, pediram de volta.
ResponderExcluirAté hoje nunca terminei de lê-lo... Mas tudo bem... relevei.
Preciso da boa vontade de amigos para ler (claro que sempre tem os livros da internet,mas não são a mesma coisa), mas concordo ser meio constrangedor passar muito tempo com o livro de outro alguém,por mais que a pessoa diga "pode passar o tempo necessário com ele, quando terminar me entrega".
Procuro ler sempre rápido para entrega-lo á "seu dono"... Preferia, claro, ter grana para comprar muitos e muitos livros... mas, como não tenho, agradeço aos que confiam em me emprestar seus tesouros... rsrsr
Bem, eu gostava muito de emprestar meus livros ate que um dia, falei bem d+ sobre um livro e o emprestei (livro que ganhei de uma pessoa muito especial e que possuia dedicatória e tudo). Nunca recebi nenhum pedido de resgate, com foto ao lado de um jonal do dia, porém à 3 anos não tenho nenhuma notícia dele! Bem, o que me resta é esperar que ele esteja bem...Quem sabe um dia consiga fugir e voltar para mim. Ja não espero...mas, ainda continuo no mesmo endereço.
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