Você,
amigo leitor, gosta de ler livros de sequência
com os mesmos personagens?
Eu particulamente nunca gostei de ler
esses livros de sequências, em que um
personagem se repete, em que morre, que ressuscita, em que em uma história é
heroi e na outra é vilão, em que julgamos que o conhecemos num livro e num
outro ele é um completo desconhecido. Há personagens que cativam seus leitores,
lógico, e talvez por isso o autor se recusa (mesmo porque ele não pode fazer
isso) a dar um ponto final na história, a “matar” o personagem em questão. No
entanto, em determinados casos, essas sequências podem acabar desgastando-se
com o tempo. A relação entre personagem-leitor acaba ficando frágil e a vida
dele, personagem, acaba minguando e toda a magia se desfaz da mesma forma que
foi criada com a leitura do primeiro livro. Para mim, a leitura de um primeiro
livro (que feche a história, que tenha um fim) basta, isso com o intuito de
manter o gostoso saber da primeira leitura, a magia do primeiro contato com tal
personagem. Não fico procurando pelas “novas aventuras” daquele personagem, a
desmistificação daquele outro, as revelações de um terceiro, a mudança de lado
de um quarto, e assim por diante. Há, lógico, que autores que construíram de
tal forma seus personagens que eles tomaram vida própria e ofuscaram o nome de
seu “criador”, como é o caso do clássico Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan
Doyle, que fogem a essa minha regra de “não leitura de sequências”.
Eu vejo como muitos dos personagens, das
sequências, como algo desgastante para o personagem e também como uma espécie
de repetição da história que o consagrou, da primeira, com a mudança apenas de
algumas situações, do cenário e de detalhes no roteiro das histórias seguintes.
São inúmeros os casos desses desgastes, dessas repetições, e posso citar como
exemplo o consagrado autor norte-americana Dan Brown, que descobriu uma
“fórmula mágica” para seus livros, todos com milhões de cópias já vendidas em
todo o mundo antes mesmo do lançamento, e a segue a risca, modificando apenas
detalhes mínimos nas histórias, tanto que não são poucos os leitores que
comentam que “seus livros são todos iguais”, que lhe falta aquele “quê” de
inovação, de mudança entre uma história e outra.
Sempre que ouço falar de um novo livro de tal autor, que dará sequência
e fará renascer seu personagem, eu fico de cabelo em pé só em pensar. Quando
isso acontece, as comparações são inevitáveis. Há os que ficam na expectativa
de que esse novo livro seja melhor do que o anterior, e coisas do tipo. Essas
comparações, apesar de inevitáveis, muitas vezes são injustas, pois cada livro
é um livro, cada situação é uma situação e o personagem, apesar de
muitas vezes ser o mesmo (embora às vezes ele só mude de nome, mas continua
sendo o mesmo), é outro, pois o autor, ao escrever um novo livro, é, de certa
forma, outro, pois ele teve outras motivações, outras inspirações e, no meio
tempo em que esteve produzindo o livro, bebeu de outras fontes.
Eu evito fazer essas leituras de
sequências de livros com os mesmos personagens, embora às vezes seja
inevitável, e quando não consigo ceder à tentação, procuro ser o mais imparcial
possível em meu julgamento (sabendo, tendo ampla consciência de que essa
“imparcialidade” é algo utópico, principalmente quando se trata de algo que
mexe tanto conosco, que nos toca fundo na alma, como só um bom livro é capaz de
fazer).
Gostei do texto. Realmente, as vezes a personagem se torna mais famoso que o próprio escritor! E são poucos os escritores que conseguem fazer sequências com mesmas personagens, conseguir que os livros não fiquem desgastantes e não alterar muito a personalidade do tal!
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