domingo, 18 de abril de 2010

O Pacto - Livro da Semana

Deixa eu contar uma história para vocês, amigos, que acompanham este blog:

Era uma vez um livreiro (que por acaso sou eu), e havia na livraria em que ele trabalhava um livro (na verdade, como em toda livraria, existia váááááários livros, mas estou falando de um em específico), no qual tal pessoa mal reparava. Ele pegou o livro inúmeras vezes, mas nunca com a devida atenção. Olhava, olhava, e nada. Chegou, certa vez, a ler a sinopse do livro, e ficou com aquela impressão de que “não vou ler esse livro nunca”, pois “se tratava de uma história que lhe parecia ruim, meio ‘bobinha’, com um toque de ‘mamão com açúcar’”.
O tempo passa (como nunca deixa de passar, nem mesmo nas histórias mais absurdas ou no nosso simples e corriqueiro dia a dia), e o livro continuava lá, e o livreiro “nem bola”.
Mas eis que um dia, uma pessoa chega e faz um comentário sobre tal livro, e o livreiro a escuta com atenção. Mas ele pensa consigo: “bah, mas uma só pessoa falar que o livro é bom, não significa necessariamente que ele é!”, e ele deixa passar, sem ficar mais ou menos curioso para ler tal livro. Sendo que uma outra pessoa, poucas semanas depois, chegou para ele e falou a mesma coisa, e dessa vez ele ficou “com o alerta ligado”, mas, mais uma vez, deixou passar.
Recentemente, tal livreiro, em uma de suas incursões à internet, num site de relacionamento chamado skoob (se você não conheço, eu o recomendo. Acesse www.skoob.com.br) e, conversando com uma pessoa, ele, que costuma indicar livros pra todo mundo, mas que não é muito de “aceitar indicações”, pede que essa pessoa lhe “recomende um livro”, e a pessoa, sem pensar duas vezes, vai e fala: “leia ‘O Pacto’”. O livro, então, fica decepcionado, imaginando que ela iria mandar que ele lesse algum clássico ou coisa que o valha, mas, ao mesmo tempo, fica curioso, porque já era a terceira vez em um curto espaço de tempo que três diferentes pessoas lhe recomendavam aquele livro.
Então, um belo dia, em que o livreiro estava sem nada para ler, começa a passar pela frente das estantes, e eis que aquele livro “salta” em seus braços, obrigando-o, assim, a lê-lo... e ele fica verdadeiramente surpreso com o livro, com o ritmo da leitura, com a história, com os personagens, com a complexidade dos personagens, enfim, com tudo.
Um livro que só em ouvi falar eu torcia a boca está me surpreendendo... que bom que isso acontece! Eu adoro essas “surpresas literárias”! Adoro mesmo, quando somos “pegos desprevenidos” em nossas leituras, quando não conhecemos tal livro ou tal autor, quando “menosprezamos” tal obra, e esta acaba nos surpreendendo enormemente. É muito melhor quando isso acontece do que quando há uma “surpresa negativa”, quando há um livro super-badalado (existe hífen nesse caso? Enfim...), de que todo mundo fala, comenta, e que você vai ler e... e... Cadê aquele livraço de que todo mundo fala?
Enfim, as surpresas literárias estão aí, escondidas nas prateleiras, naqueles livros em que ninguém repara, em que ninguém comenta, e que acabam nos surpreendendo de tal forma que nos vemos desejosos de parar o que estamos fazendo para ir ler (verdadeiramente devorar) o livro em questão.

E isso está acontecendo comigo, com a leitura de “O Pacto”, da autora norte-americana Jodi Picoult.
O Pacto é a história de duas famílias, os Gold e os Harte. Famílias vizinhas, de pessoas que, embora completamente diferentes, são como verdadeiros irmãos. A relação é tão próxima e forte quanto o mais forte laço de sangue que há entre membros de uma mesma família.
E não havia nada mais natural do que os filhos desses casais começam a namorar, pois os pais, desde sempre, esperavam por aquilo.
Os jovens, Chris e Emily, sentem-se bem na presença um do outro, se completam e se amam com uma maturidade impressionante, mas acontece algo que ninguém esperava: numa noite, seus pais são chamados às pressas, a um hospital pois Chris encontra-se ferido e Emily suicidou-se.
As famílias, perplexas, não sabem o que aconteceu para que tal ato pudesse acontecer, e descobrem que havia um “pacto de suicídio” entre os filhos, mas pacto este muito mal esclarecido por Chris, que passa, agora, de um jovem que tentou suicídio a um suspeito de homicídio, de ter matado a mulher a quem dizia tanto amar.

A história, muito bem construída, apresenta para nós, leitores, personagens marcantes, humanos, que nos obriga a lê-lo (verdadeiramente devorá-lo), de tão intenso que é.
Um livro que nos faz pensar em nossos desejos, sonhos, o que esperamos da vida (e dos outros), de nossas responsabilidades e na maneira como as transferimos, inconscientemente,  a quem amamos, que, por vezes, não estão preparadas para recebê-las.
Uma obra envolvente por si só, com uma bela história de amor, mas que, por trás dessa história, há um belo drama, uma tocante história de vida.

Um comentário:

  1. Apesar de já conhecer o livro, ainda não o li e ele está nos meus desejados há muito tempo. Hummm... mas estou com medo de suas resenhas. Confesso. Em 1 mês, já comprei dois livros que vc indicou. Um comprei, o outro ganhei de presente (mas fui eu que indicou).

    Adoro tb essas surpresas literárias. Isso aconteceu comigo com o livro KAORI.

    Bjjs.

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