quarta-feira, 28 de abril de 2010

Léxico Familiar - dica de não leitura


Nem só de boas leituras vive um leitor, e comigo não é diferente. Tenho tido muita sorte, nesse ano, de só ter lido, até o momento, bons livros, que envolveram na leitura do início ao fim, e por isso as minhas “resenhas/críticas” têm sido tão apaixonadas, por assim dizer. Tive a imensa “sorte” de ler, praticamente, seguidos, três grandes livros, que me deixaram confuso sem saber responder ao certo qual deles era o melhor: Uma Esposa Confiável, O Hotel na Esquina do Tempo e O Pacto. Mas, como já diz a sabedoria popular (ou seria ditado? Enfim, não sei...): nem tudo na vida são flores... minha última leitura, que terminei há pouco, mexeu tanto comigo que resolvi inaugurar, nesse blog, uma “coluna” de “sugestão de não leitura”. Na verdade, eu até já cheguei, algumas vezes, a fazer esse tipo de “não-sugestão” (verifique entre as postagens mais antigas e veja os livros que eu não recomendo).
Bem... vamos deixar de conversa furada e vamos ao que interessa: minha opinião sobre o livro:

É sempre difícil se avaliar e se tecer um comentário quando se trata de uma obra biográfica, e mais ainda quanto esta é autobiográfica. Normalmente, lemos livros desse gênero quando conhecemos bem o biografado ou quando ouvimos falar muito bem do livro.
No meu caso, com "Léxico Familiar", não foi uma coisa nem outra. Da Natalia Ginzburg eu não havia lido nada e sabia muito pouca coisa sobre ela e também, sobre esse livro em específico, eu não possuía referência alguma. Peguei-o por um acaso, quando estava sem nada para ler. Peguei o livro, olhei na parte de trás, a fim de obter alguma informação sobre a obra, mas o livro não possuía nada escrito (nem aqueles famosos comentários feitos por esse ou aquele autor de renome), assim como não tinha nada escrito nas "orelhas", já que nem "orelha" o livro possui. Intrigado, abri o livro nas primeiras páginas, para sentir um pouco a narrativa, ver a forma como a escritora iniciava a sua história. Achei interessante a escrita, a forma como ela, ao relatar as primeiras lembranças de sua infância, colocava a sua questão familiar, mostrando um pai autoritário e preconceituoso, uma família que, embora nas aparências estava tudo bem, apresentava certas "desestruturação".
Comecei a ler o livro com uma enorme expectativa e à medida que ia lendo, percebi o quão enganado eu fui com aquele "início arrasador". Bem escrito, o livro é, sem dúvida, mas talvez só venha a ser verdadeiramente interessante para um alguém que conhece a autora, seja sua vida, seja sua obra. Para um alguém como eu, leigo em Natalia Ginzburg, a obra adquire proporções de um livro longo, enfadonho, pouco atrativo, que o leitor reza para que acabe o quanto antes o capítulo para ir fazer alguma coisa, que não seja continuar naquela leitura.
Continuei, aos trancos e barrancos, a leitura, por desejar ver a forma como era explorado o pano de fundo histórico, ou, pelo menos, ver como terminaria aquela história. Mas me arrependi, novamente, por ter dado continuidade à leitura. 1º, porque a parte histórica é mal explorada. Temos uma noção, lógico, do que está acontecendo com aquela família, vendo as prisões dos parentes, amigos, os sumiços de um e de outro, a citação ao panorama mundial (e da Itália principalmente) acerca dos acontecimentos da época, mas, de maneira geral, isso tudo surge mais a título de citação do que de qualquer outra coisa. 2°... a história termina sem terminar direito. Tem um fim tão brusco e repentino como foi o início.
À medida que o livro ia chegando ao fim, houve uma mescla de grande alívio, por percebê-lo tão perto do fim, com tormento, pois a história começa a ficar mais arrastada e longa do que já vinha se mostrando até então.

Amigo leitor, se você já leu e conhece algo sobre a Natalia Ginzburg, pode até ser que esse livro venha a ser interessante e mesmo esclarecedor sobre alguns pontos em sua obra, mas se você, como eu, não tem ou teve qualquer contato anterior com essa escritora, e que procura a leitura de um livro envolvente e tocante, fique longe de Léxico Familiar, pois de envolvente ele não tem nada, e de tocante muito menos.

2 comentários:

  1. Adoro críticas "não sugestivas". rsrs

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  2. é até interessante a abordagem da forma de vida da família burguesa-socialista (que contradição essa família) decadente, mas a obra como um todo é tão pouco atrativa, com um ritmo de leitura tão morno, que a gente acaba nem reparando nos pontos positivos do livro, por assim dizer, pois o desejo maior é acabar de uma vez por todas aquela história enfadonha e pegar o quanto antes um outro livro, mais interessante, cuja leitura com certeza lhe será bem mais prazerosa.

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