domingo, 8 de novembro de 2009

Concreta e abstrata - crônica


Podem me chamar de ignorante, de não saber compreender e até de insensível, mas a partir de agora não vou mais mentir e dizer que gosto, sem gostar, de poesia concreta e de arte abstrata. Cansei de mentir para amigos “artistas” que vinham me mostrar suas “obras” e eu, mesmo sem entender absolutamente nada, dizer, para não desapontá-lo, falar um insosso “gostei” ou algo do tipo: existe algo nessa obra que me deixou inquieto, que mexeu comigo. Não. A partir de agora não vou mais mentir, nem para os amigos, e se vieram me pedir para “avaliar” sua obra pense duas, três, dez, vinte e cinquenta vezes antes de falar comigo, pois correrei o risco até de perder a amizade, mas não vou deixar de ser sincero.
            Existem, lógico, exceções dentro do grupo adepto a essa arte, de artistas de renome, reconhecidos por sua sensibilidade, mas esses são exceções. E muitas vezes, até mesmo esses artistas para se fazerem entender em sua arte, ainda tem que dar explicações, dar os motivos de terem usado aquele tipo de material, de terem espalhado as tintas daquele jeito, de terem jogado as letras naquele sentido ou de darem tal sentido a determinada palavra.
            A arte, a poesia deve falar por si só. Deve mexer com aquele que a contempla e com o que a lê, sem que seja preciso um alguém a explique, pois cada um a sente de uma maneira diferente. Mas arte abstrata e poesia concreta são estilos artístico e literário que, em nome da quebra de regra, do não seguimento a um “academicismo” e do “desprendimento”, acabaram quebrando o bom-senso, a beleza, o sentindo e o desejo de se contemplar um quadro ou uma escultura ou de se ler e sentir a poesia de um poema. A arte tem que mexer conosco, sim, mas não num sentido de estranheza, de repulsa, pois ela nasceu para ser compreendida, para ser sentida e contemplada.
            Cansei de poemas sem poesia, de letras jogados ao léu numa folha de papel em branco (isso, quando existem folhas de papel!), de ferros retorcidos, de pontas, de concreto e de ainda, ao ouvir a explicação do artista, soltar uma exclamação do tipo: “ah, agora entendi!”, quando, na verdade, continuei sem entender nada, mesmo após a explicação, e passei a gostar menos ainda “entendendo” do que “antes de entender”.
            Desculpem-me, amigos, adeptos a essa arte, mas, acima de tudo, sou uma pessoa fiel ao bom-senso, sou uma pessoa sincera, amante da boa poesia e da bela arte.


9 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk
    Vou levar minha série de poesias que eu chamo de INSANIDADE POÉTICA e pedir para vc fazer uma análise crítica, meu EX-AMIGO, pois juro que depois de lê-la vc não irá me querer ver à sua frente.

    Abraços

    ResponderExcluir
  2. acho que o meu texto está dando o que falar (consegui, então, o meu objetivo). recebi, já, inúmeros e-mails me ameaçando de morte, inclusive, meu amigo... rsrs
    a poesia concreta possui seu valor, sim, e existe algumas belíssimas, com uma sensibilidade impressionante, cujas palavras, cujas imagens falam por si só, que faz com que o leitor se sinta parte dela. no entanto, o que, vejo eu, está acontecendo é uma "total banalização" não só da poesia concreta, mas da poesia em si. tenho até falado bastante com nosso amigo Ivson, que até diz uma frase de uma música dos Engenheros do Hawaii: Todo mundo é poeta, todo mundo é atleta, todo mundo era tudo...". essa frase simboliza bem o que temos hoje em dia com relação à poesia.
    e tlvez o exemplo maior dessa "total banalização" seja a "poesia concreta", pois muitas vezes um alguém sem o mínimo talento e sensibilidade faz uma coisa qualquer e lança como "livro de poesia", e somente por possuir alguns amigos "importantes", seu livro é sucesso, recebe uma poção de reconhecimentos e "prêmios". no entanto, apesar de todo o alvoroço em cima de tal livro, seu valor é nulo.
    no meu texto, eu critiquei a poesia concreta e a arte abstrata como um todo, pois não gosto e acredito que nunca irei gostar dessas "artes", pois sou muito convencional quanto a apreciação à beleza e aos sentimentos.
    mas apesar de minhas críticas, meu amigo, não fique com raiva de mim, não.

    ResponderExcluir
  3. Na verdade a frase é: "todo mundo era poeta, todo mundo era atleta, todo mundo era tudo..." e não tire a frase do contexto para que ela sirva aos seus propósitos,ele estava tão somente falando de um pesadelo que teve e no pesadelo isso acontecia...rs

    ResponderExcluir
  4. Depois desse artigo eu já visualizo os duplos twists carpados que Leminski está dando na tumba onde repousa...

    ResponderExcluir
  5. Nossa, fiquei até com medo de mandar algum texto ou poema para vc dar sua opinião. E acho que por isso nem comentou os poemas de meu livro......rsrsrsrs
    mas vc ta certo. Abraços

    ResponderExcluir
  6. se preocupe não, meu amigo Paulo. a crítica foi muito mais um desabado, foi uma forma como encontrei para desabafar, de me mostrar contra a banalização, não só da poesia concerta, nas da poesia como um todo.

    ResponderExcluir
  7. pow, companheira, deixa eu me apropriar e parafrasear a música do Gessinger e usá-la para um meio para justificar e exemplificar o que desejava expressar em meu texto, sua estraga prazeres... rsrs

    ResponderExcluir
  8. Como pode alguém fazer um rabisco de criança, e essa obra valer milhares de reais,não consigo compreender a obra abstrata, não sei entender como alguém adulto em sã consciência consegue desenhar um rabisco de criança e ter a coragem de apresentar ao mundo a chamando de obra, isso é querer roubar o talento dos pobres pequeninos, me desculpem os amantes desta arte, mas não entendo, como alguém gasta tanto por um desenho torto, sem feição, sem vida, e ainda consegue chamar de arte.

    ResponderExcluir