sábado, 21 de novembro de 2009

Como seria Drácula, de Bram Stoker, no mundo de hoje?


Tudo bem. Resolvi me declarar publicamente um chato, um alguém conservador e pouco afeito às novas mudanças. No tocante a literatura então, sou praticamente intratável, conservador ao extremo, pouco afeito aos modismos e fiel defensor das “tradições literárias” e das boas histórias.
            Um desses modismos, o que tem se mostrado o mais forte da atualidade, é o da explosão literária dos “vampiros”.
            Os vampiros estão entre as criaturas mitológicas-fantasiosas que mais despertam o interesse dos leitores desde tempos imemoriais. Desde antes do lançamento do clássico Drácula, de Bram Stoker, o vampiro desperta amores, interesses e temores no imaginário do homem. Esses fantásticos seres têm despertado fascínio no homem em todas as áreas. No cinema foram feitas inúmeras adaptações, sendo algumas consideradas verdadeiras obras-primas do cinema e outras se tornando verdadeiros ícones no gênero suspense/terror. Na literatura, são outras tantas histórias que povoam o imaginário dos leitores. É raro um jovem escritor que pensa em empreender uma carreira literária no gênero do suspense/ terror ou com toque de misticismo que não tenha escrito pelo menos uma história sobre vampiros, ou que tenha, em meio a uma de suas histórias pelo menos uma “participação especial” de uma dessas criaturas.
            As histórias de vampiros são, muitas vezes, tão vívidas que deixaram, há tempos, de povoar o imaginário e passaram e ser vividas (e sentidas!) por muitos dos seus amantes. Não é raro encontrar, seja na Irlanda, terra de Bram Stoker, na Transilvânia, onde a figura de Drácula é tão presente, nos Estados Unidos ou aqui no Brasil, aqueles que acreditam piamente na existência de vampiros, ou aqueles que juram (de pé junto) já terem encontrado algum e ainda há os que dizem terem sido mordidos.
            No entanto, fora desse fascínio por vampiros, que remonta e tempos imemoriais, o que tempos visto hoje é uma enxurrada de livros que tratam do assunto. Para comprovar isso, basta olhar a lista dos livros mais vendidos, pois lá, entre os dez, podem ser encontrados facilmente pelos menos seis títulos que têm como protagonista (ou antagonista, por que não?) algum vampiro. Mas esses títulos, longe do bom gosto das tradicionais histórias de vampiros, têm se mostrado uma verdadeira deturpação da história e do nome dos vampiros.
            Vampiros, existindo na vida real ou “apenas” no imaginário das pessoas, têm uma reputação a zelar, têm toda uma história construída ao longo dos séculos (e das noites escuras da Transilvânia!), o que não está sendo respeitado nos dias de hoje. Temos visto, na literatura e no cinema, principalmente, uma enxurrada de “vampirEMOs” e de “vampiros vegetarianos”, que mais chamam a atenção pelo seu visual de bom-moço, com seus penteados altamente estilosos do que pelo temor ou fascínio que os verdadeiros vampiros exercem. Vampiros que não mordem ninguém, que não colocam medo sequer a uma criança de cinco anos, que deixaram de habitar as noites escuras e passaram a andar a luz do sol (e a brilhar durante os dias!) não são vampiros, mas sim posers que só porque andam de preto durante o dia e possuem dentes proeminentes (muitas vezes chapas) batem no peito para se proclamarem vampiros, embora fujam, enjoados, ao primeiro sinal de sangue!
            Eu sempre fui fascinado pela fantasia, pelo respeito que o nome vampiro exerce no imaginário das pessoas. Já li inúmeros livros que tratem do assunto, inclusive o maior clássico de todos: Drácula, de Bram Stoker. E me sinto enormemente ultrajado quando vejo a forma e no que os vampiros se tornaram hoje em dia. Fico, por vezes, a pensar em como seria um Drácula, se Bram Stoker o escrevesse hoje. Que visual ele teria? Como se portaria com as outras pessoas, os meros mortais? Quem (ou o quê) ele morderia?
            Só em tentar responder as essas hipotéticas perguntas sinto um arrepio me subir pela espinha e fico a imaginar como devem estar os ossos de Bram Stoker, se debatendo em seu túmulo, a uma hora dessas, vendo no que a sua obra-prima se tornou para o “mundo moderno”!


3 comentários:

  1. Ah, Arlindo, apesar da sua revolta, devo dizer que achei muito interessante, mesmo não gostando tanto do universo da autora, a idéia que Anne Rice constrói no "Entrevista com Vampiro", de um vampiro com dilemas morais, com uma paixão mortal e consciência pesada, evitando matar... acho que antes disso nunca tínhamos pensado que um vampiro poderia ter esse sentido tão apurado de "humanidade" já que os outros só a usavam para se banquetear e nada mais... Mas também concordo, como já diria Stephen King, que o Vampiro é "a maldade que seduz e fascina", quantas mulheres já não sonharam com um, mesmo com o mais assassino deles?

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  2. Lima, além da saga Crepúsculo, quais outras obras de "vampirEMOs" circulam por aí hoje em dia? Tô por fora.

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  3. os vampiros de Anne Rice apesar de serem um tanto quanto suspeitos, pelo menos a escritora manteve muito do mistério, do suspense, do respeito e temor que eles merecem. mas os vampirEMOs que temos hoje na literatura é demais pra minha cabeça.
    esses novos vampiros são uma verdadeira profanação à boa literatura e à memória de Bram Stoker. esses BatEMOs devem ser banidos da literatura e os livros que fazem qualquer menção a eles devem ser queimados em praça pública. aliás, queimados, não, pois isso não está "politicamente correto". os livros devem ser devidamente destruídos e suas folhas reaproveitadas.

    Teles, temos, hoje, uma quantidade considerável de livros desses "VampirEMOs", entre eles os daquela saga... esqueci o nome agora, mas é uma trilogia, que se inicia com "Marcada", o segundo é o "Traída" e o terceiro eu não me recordo. tem também os da sério "Diário de um Vampiro", que apesar de possuirem um pouco mais de respeito aos vampiros, também tem seu ar "EMO".

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