domingo, 9 de agosto de 2009

A Recompensa - dia dos pais

Após uma longa e estafante semana, o homem não via a hora de poder sair do trabalho e ir para casa e aproveitar seu final de semana. Era sexta-feira, e como último dia do mês, naquele dia havia trabalhado mais do que o normal. A cada cinco minutos olhava para o relógio, para ver se já estava perto de dar a hora que poderia ir embora. Mas as horas, como sempre acontece em situações como essas, pareciam se arrastar. O relógio parecia estar parado.
E eis que, finalmente, o relógio deu seis horas. Apressado, o homem jogou todos os seus pertences dentro da bolsa e saiu às pressas do escritório. Tudo que mais queria naquele momento era poder tomar um bom banho e dormir. Essa era a recompensa que ele julgava merecer após uma semana inteira de trabalho.
Mas todas as pessoas, saindo do trabalho no mesmo horário, pareciam desejar a mesma coisa, e por isso os engarrafamentos eram inevitáveis. O homem ficou mais de uma hora preso a um, e chegou a casa mais tarde do que o habitual, mais cansado e estressado do que havia saído do trabalho.
Demorou uma eternidade para o elevador chegar, a mais ainda para ele abrir as porta no seu andar, pois estava lotado e parava a cada andar para descer ou subir alguém.
Colocou a chave na fechadura, abriu a porta de seu apartamento e entrou. Viu que sua esposa o esperava sentada no sofá, tendo sua filha no colo. Ele estava tão cansado que mal olhou pra elas, apesar de sua filha, antes mesmo dele se aproximar, já dar os braços. Era um bebê lindo, de aproximadamente oito meses. Balançava tão freneticamente os braços, demonstrando toda a felicidade ao ver o pai, que o homem não pôde deixar de sorrir. Mas era um sorriso cansado.
O homem se aproximou da filha, a beijou, e tocou o alto da cabeça de sua filha, sem segura-la nos braços. Já havia dado as costas, se dirigindo para seu quarto quando ouviu uma voz às suas costas. Era uma voz que nunca tinha ouvido antes, com palavras impressivas, de quem ainda não tem segurança em falar.
- Papa – disse sua filha. Ela, que nunca tinha falado, o chamava.
O homem imediatamente se virou e olhou para a filha, que sorria e tornou a chamá-lo.
- Papa – falou novamente, sorrindo e lhe dando os braços. Até sua esposa havia se impressionado. A menina jamais havia falado uma única palavra, e eis que agora ela chamava o pai.
O homem dessa vez sorrindo se aproximou da filha e a segurou. Com isso, todo o cansado acumulado que tinha parecia ter desaparecido. Levou a filha para o quarto para brincar com ela, esquecendo-se completamente do cansaço que sentia há cinco minutos e de todos os problemas que tivera ao longo daquela semana.

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