sábado, 21 de fevereiro de 2009

Livro da Semana - O Totem do Lobo

Em pleno período da Revolução Cultural, no auge do combate do governo às Quatro Velharias (velhas idéias, a velha cultura, os velhos costumes e os velhos hábitos), num lugar da Mongólia Interior, havia, ainda, resquícios da antiga forma de viver, dos antigos valores e costumes, cultivados por pastores nômades, que o estudante vindo de Pequim, Chen Zhen, passa a viver, se interessar e se apaixonar pela vida nas estepes.
Muito mais do que velhos costumes, a vida das estepes na Mongólia Interior são calcadas em valores, em respeito à natureza e à ordem natural das coisas, tendo no lobo o ser superior, à ser reverenciado, cultuado e, acima de tudo, respeitado.
Chen Zhen, um forasteiro, pessoa habituada aos valores da “nova sociedade chinesa”, que tem em Mao o seu grande líder, ao entrar em contato, observando e aprendendo, incorpora, vive, como nenhum outro, de acordo com os velhos costumes dos antigos pastores. O jovem tem em Bilgee, a quem chama carinhosa e respeitosamente de vovô, seu grande mentor, aquele que lhe ensina, que o faz se apaixonar e viver em contraposição a tudo aquilo que estava justamente sendo combatido pelo Governo Central da China. O estudante é levado às estepes para ver e aprender com os seres mais belos, místicos e respeitados pelos povos nômades: os lobos. E ao primeiro contato, de forma impressionante, Chen Zhen passa a temer e respeitar tão belos animais, que regulam a vida nas estepes.
Mas a medida que o tempo passa, que o jovem se envolve e se apaixona cada vez mais pelos lobos, uma idéia se fixa e não saí de sua cabeça. Ele deseja criar um desses animais tão complexos, inteligentes e fascinantes, mesmo tendo consciência de que tal ato poderá lhe gerar uma série de conseqüências, chegando até a quebrar a ordem natural das coisas, pois isso, apesar de ser um ato levado pura e inteiramente pela paixão que tem pelos lobos, é, em contrapartida, um ato de desrespeito para com o animal.
Mas a harmonia e beleza do lugar é quebrada quando homens, gananciosos como só estes o são, em sinal de desconhecimento aos costumes e à sabedoria milenar da estepe, desrespeitam os lobos, declarando assim uma verdadeira guerra aos animais, na qual todos sairão perdedores, não importando quem a vença.
Repleto de descrições fascinantes, ao longo das 500 páginas desse belíssimo romance, o leitor é levado não só a conhecer um outro mundo, costumes, valores e idéias, mas a se apaixonar por estas, a se indignar com a forma como o homem, levado por motivos mesquinhos, pode destruir um algo tão belo, tão perfeito, que levou milênios a ser construído.

2 comentários:

  1. Realmente fantástico com ótimas descrições que ficam durante muito tempo na mente do leitor.Uma visão romântica e deslumbrante de uma cultura há muito tempo perdida.
    Rong consegue transmitir emoção ao leitor personagens enigmáticos como Bilgee fazem a história ficar cada vez mais comovente devido ao seu conhecimento e louvor ao lobo como rei das estepes.

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  2. Um livro que a cada capítulo nos faz refletir sobre os nossos costumes,crenças e ambições.Um livro que nos mostra o real e absoluto valor do respeito , da luta e da simplicidade.

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