sábado, 17 de janeiro de 2009

Livro da Semana - Anna Karienina

Escrito entre os anos de 1873 e 1877, “Anna Kariênina”, tornou-se um dos maiores, mais importantes e mais influentes clássicos da literatura russa e mundial. As palavras possuem força, tocam, envolvem e fazem com que o leitor se identifique e se apaixone por cada personagem, por cada drama, por cada história e passagem apresentada nesta magnífica obra. História de amor, de felicidade, mas também de ciúmes e de infelicidades, “Anna Kariênina” é uma obra ímpar na história da literatura. Rompe com os ideais românticos da literatura alemã, francesa e inglesa, e cria um novo estilo, muito mais vivo, que muito mais se aproxima a realidade, as alegrias e tristezas, aos risos e as lágrimas e aos dramas de pessoas comuns, seja ele pertencente a que classe social for. Tolstoi, ao concluir tal obra, deu um novo sentido ao romantismo, introduzindo a este estilo, a esta escola literária, toques de realismo, criando assim um romantismo-realista.
A história se passa nas cidades de São Petersburgo e Moscou, principalmente, e tem como protagonista Anna Kariênina, uma linda mulher, casada com um importante e respeitado funcionário público, membro da mais alta sociedade petersburguesa. A vida de Anna é tranqüila, sem grandes turbulências, até que corre em socorro ao irmão (Oblónski) e lá, ao pôr os pés para fora do trem em que viajava, encontra Vrónski, por quem se apaixona perdidamente. Tenta, em vão, resistir a esse sentimento que a toma, que a consome, mas ele o persegue, e ela não consegue se ver livre, tanto daquilo que tanto a atormenta, quanto daquele que a tanto faz sofrer porque tanto a ama. Volta, então, às pressas para sua cidade, para junto de sua família, tentando fugir não só daquele homem que a faz ver, que a faz sentir-se de uma forma como jamais se sentira, mas, acima de tudo, de si própria, daquilo que sente dentro de si. Mas é impossível fugir de seus próprios sentimentos, fugir de si mesma, expurgar aquilo que há dentro de si e que criara raízes tão profundas em seu peito.
Anna Kariênina acaba por ceder e se entrega àquela desmedida paixão. E no auge de sua felicidade, ela se vê presa a um emaranhado de relações sociais, convenções e demonstrações de falso moralismo, e luta, de forma infrutífera, contra tudo e contra todos que se opõe a sua felicidade. Vence e perde essa batalha, pois tem que deixar para trás algo que lhe é muito precioso. Os espólios que colhe das batalhas ganham são efêmeros.
Felicidades e infelicidades, incertezas e certezas se entrecruzam e se mesclam ao longo dos capítulos, ao longo de toda a história.
Muitíssimo bem construído, este magnífico romance de Liev Tolstoi nos transporta para o mundo das elites peterburguesas e moscovitas, assim como também para os campos e propriedades rurais de seu país, com personagens vivos, que riem, que choram, que passam por crises existenciais, que amam, que odeiam, que têm fé, que têm dúvidas, que são felizes, mas que também são infelizes. Tolstoi nos apresenta, ao longo de toda a extensão desta obra, uma infinidade de personagens, tais como viveram, seja na vida real ou na sua mente, introduzindo-os em seus devidos lugares, em suas respectivas sociedades as quais pertenciam, construindo história e dramas isolados que se mantém independentes, mas que ganham um sentido mais amplo quando vistos como um todo, como componentes de uma história maior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário