Ao abrir aquele livro, fora golpeado nos olhos por aquela
forte luz que antes de lhe cegar, lhe possibilitava ampliar a visão e ver mais
longe. Ficou maravilhado com aqueles desenhos multicoloridos e aquelas linhas
grafadas que, à princípio, ele não ficou preocupado em tentar decifrar. Ficou longos
minutos ali, sentado, com o livro no colo, em estado de contemplação,
segurando-o delicadamente com medo de, caso o mexesse bruscamente, aquela magia
sumir. Com a respiração presa e olhos arregalados, tocou na ponta daquela página
e começou a vira-la delicadamente.
Na página seguinte deparou-se com
mais belas figuras do que as que vira na anterior, e mais uma vez, não se
preocupou em entender o que aquelas letras impressas lhe diziam, mas somente em
deixar que os desenhos lhe contassem a história. E assim prosseguiu em sua
leitura, passando página a página, se demorando em cada uma delas em
barulhenta-silenciosa contemplação, vendo cor por cor de cada ilustração, de
cada personagem e de cada cenário, que compunham, por si sós, histórias a parte
dentro daquela história maior que ele lia.
Ficou longas horas perdendo-se-e-se-encontrando,
sequestrado por aquela história impressa nas páginas daquele livro, sendo
banhado e tomado por aquela luz que emanava daquele objeto mágico. Perdeu a
noção do tempo e do espaço, e só voltou a dar por si, a voltar a habitar seu
corpo, que percebeu que o sol já estava fechando os olhos no horizonte e o céu
seu cobria com seu lençol estrelado, quando fechou o livro e olhou para o alto,
através da janela, e viu, parada à porta, a sua mãe, que em muda felicidade
sorria ao vê-lo ali, tão belo, tão envolvido com a leitura de um livro, mesmo
sendo ainda tão pequeno e não tendo, ainda, a habilidade e conhecimento para
decifrar as palavras escritas.
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