domingo, 11 de maio de 2014

Mãe - homenagem



Vivemos durante nove longos e maravilhosos meses num mundo escuro, porém quentinho e acolhedor, onde nos sentimentos seguros. Ao término deste período, somos brutalmente postos para fora, não sendo expulsos, mas sim porque chegou a hora de sermos colhidos do útero maternos e virmos ao mundo. Choramos, sim, pois o choro é um clamor que implora para que nos ponham lá, de volta, onde é quentinho e seguro, já que o mundo aqui fora é claro, e sua luz nos cega, e não é nada seguro. No meio daquele clamor, ouvimos um som que é entre um choro, de emoção, e de uma alegria incontida, e nos viramos instintivamente naquela direção, e vemos um sorriso acolhedor. Somos levados até tal pessoa, que nos recebe com todo o amor do mundo e em um apertado-delicado abraço nos transmite todo o calor de que precisamos. O choro diminui, a paz nos invade e chegamos a cochilar enquanto estamos em seus braços.
            Somos postos num mundo-cão onde tudo acontece muito rápido. Recebemos uma avalanche de informações diárias e ficamos loucos uma vez por minutos, e se não perdemos a sanidade é devido a ela, que está sempre ali, para nos fazer rir, para nos dar seu seio onde sugamos o néctar divino, que nos põe para dormir, que nos limpa de todas as impurezas do mundo, que nos coloca no chão e nos dá a mão, guiando nossos primeiros passos e que abre o maior sorriso do mundo quando a chamamos pela primeira vez, mesmo sem saber articular bem as sílabas, mas só em falar “má-má” ela já sabe que é a ela quem chamamos.
            Sentimos firmeza nas próprias pernas e, rebeldes, começamos a não querer mais aceitar sua mão, e não mais andar, mas sim correr livremente. Caímos muitas vezes em nossa pressa de correr o mundo, e a primeira para quem olhamos é ela, que corre em nosso socorro e cura o nosso “dodói”, que nos ensina a bater naquele que nos derrubou, o chão, para que ele nunca mais faça aquilo conosco. Começamos a falar mil e uma palavras e nossa língua tropeça, pois queremos fala-las todas de uma única vez, e é ela quem, carinhosa e pacientemente, nos ensina a arte da calma de falar palavra por palavra, a falar só as essenciais e necessárias e nos ensina, pelo exemplo, a maior importante, a quem vai nos acompanhar e guiar por toda a vida, Amor.
            Começamos a correr de um lado pro’outro e a aprender aquilo que o mundo tem a nos ensinar, mas é a ela para quem os nossos caminhos sempre convergem, é ela, e somente ela, quem tem o dom de nos ensinar o que é certo e o que é errado, sendo ela a primeira, maior e mais importante professora de nossa vida.
            Temos fases rebeldes em nossas vidas, sim, e por vezes até brigamos, mas não é por maldade, tanto que depois que “o sangue esfria”, que pensamos melhor, analisando toda a situação, é para você que voltamos, humildes, pedindo desculpas, muitas vezes sem externar palavras, mas apenas com um sorriso ou chegando perto, para assistir televisão juntos (um programa do qual nem sequer gostamos, no qual nem estamos prestando atenção, mas estamos ali não por conta do que vemos e ouvimos vindo daquela “caixa mágica de luzes de cores”, mas só e unicamente para estar perto dela, para sentir o calor da sua presença).
            Chega uma fase de nossa vida em que, realmente, começamos a andar com nossas próprias pernas, a ter a nossa própria vida e por vezes até nos distanciamos, mas por mais distantes que estejamos, estamos sempre perto; por mais frio que esteja, é só invocar seu nome que somos assaltados de um agradável calor; por mais que tenhamos estudado, por mais longe que tenhamos chegado, é sempre a ela a quem recorremos quando queremos aprender algo novo, é a ela, e somente ela, quem tem o dom de nos ensinar o certo e o errado que irá guiar nossa vida; conhecemos milhões de pessoas, mas é somente ela o nosso exemplo maior, aquela a quem queremos ser iguais quando crescermos.
            Envelhecemos, aprendemos, lutamos, caímos, nos reerguemos, choramos, sorrimos, mas a seus olhos somos sempre os mesmos, chorosos, pequenos, frágeis, inocentes, que fomos cultivamos e colhidos de/ em seu útero, e a quem, por mais longe que cheguemos, por mais que tenhamos feito, por mais que tenhamos alcançado, nunca lhe conseguiremos expressar toda a nossa gratidão, por tudo: pela vida, pelas mãos, pelo coloco, pelo seio, pelo aconchego, pelos ensinamentos, pelas palavras, pelos sorrisos, pelas brigas, pelos sorrisos e, acima de tudo, pelo amor.

Obrigado, mãe, por tudo.

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