Hoje, nós, amantes de literatura, estamos de luto. Morreu,
ontem, o homem que foi um dos maiores gênios da literatura mundial no último
século, quiçá o mais reconhecido, o que mais incorporou e transpirou em sua
obra do espírito, magia e fantasia Latino Americana: Gabriel Garcia Márquez. Alguns,
talvez, não entendam este sentimento de luto que nos toma, afinal de contas foi
“apenas um escritor”, “só escreveu uns livros...” Não! Gabo, como nós nos damos
o direito de chama-lo, não foi apenas um escritor, não escreveu apenas uns
livros, ele simplesmente nos presentou com mundos que nos convidou a habitar,
ele dotou de um brilho e fantasia as nossas vidas, muitas vezes insossas,
através de sua histórias e personagens com os quais nos identificamos desde a
primeira palavra. É um sentimento de perda que nos toma que é impossível
mensurar e mesmo entender.
Morre um
gênio, um fantasista que nos fez sonhar, que nos deu a mão, como que nos
convidando, dizendo: “Vem. Deixa eu te conduzir por este caminho labiríntico desta
história!”, e nós, conquistados e cativados por seu sorriso aberto, nos
deixamos ir, embalados por suas melífluas palavras. Morreu aquele que nos
conduziu de mãos dadas pelas ruas de Macondo, que nos apresentou a tantos
Josés, Arcádios, Aurelianos, Úrsulas, Amarantas, Remédios, que nos fez sofrer
com a espera, desilusões e amores e dores envolvendo as personagens de Juvenal
Urbino, Fermina Daza e Florentino Ariza, foi ele o criador, o pai, o que nos
presentou com tantos lugares reais-imaginários e personagens que somos nós em
cada uma de suas histórias.
Deixou este
mundo, talvez, de forma tão breve, foi-se o dos últimos e maiores fantasiadores
da linguagem, da literatura, deixando, em nós, seus amantes, seguidores e
profundos admiradores, um sentimento de luto, deixa-nos como órfãos de suas
histórias e personagens. Deixa um vazio em nosso peito, fazendo com que
perguntemos “e agora, quem tomará seu lugar?”. Ninguém! Ninguém tomará o seu
lugar, pois ele, não lhe foi dado, entregue numa bandeja, mas conquistado,
palavra a palavra, personagem a personagem.
No mundo,
hoje, já não mais vive o ganhador do Nobel de Literatura de 1982, o escritor de
Cem Anos de Solidão, Amor nos Tempos do Cólera, Memórias de Minhas Putas Tristes, Do Amor e de Outros Demônios, Crônica de uma Morte Anunciada, Outono do Patriarca, entre tantos e
tantos e tantos outros livros, mas passa a habitar, permanecendo eternamente
vivo, nas palavras de seus livros, nos fragmentos de sua alma que foram
impressos em cada um de seus personagens.
Sentimo-nos
órfãos, sim, de luto, sim, mas jamais sozinhos, jamais com um pesado amargor de
uma solidão, pois estaremos para sempre arrodeados/ acompanhados por seus
personagens para onde quer que olhemos nessa extraordinária Macondo na qual nos
foi permitido o privilégio da entrada, pelas ruas da qual fomos conduzidos,
guiados, segurando na mão de um gentil homem de fartos bigodes que nos deixou
quando estava no alto de seus 87 anos de uma curta-longa vida.
Adeus
Gabriel Garcia Márquez, Gabriel, Gabo, Gabito. Sentiremos, sim, a sua falta,
mas sempre que este sentimento apertar podemos lhe invocar, podemos sentir a
sua presença com um simples abrir de um livro e virar suas páginas, quando
ouvimos a história sendo narrada por sua voz.
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