domingo, 22 de julho de 2012

A casa que amei

Uma casa é muito mais do que uma simples casa. Uma casa é povoada de lembranças, guarda em seus corredores ecos de tempos passados, de vidas e momentos vividos; uma casa possui alma e vida próprias. Para alguns desapegados, para alguns que não possuem raízes, a casa pode até ser um simples lugar onde se faz as refeições, onde se dorme e até onde se vive alguns anos de uma vida (pode até se viver uma vida inteira), mas para os que fecham os olhos e conseguem sentir um pulsar daquele lugar, para os que, quando fecham os olhos se veem invadidos por tantas e tão vívidas lembranças daquele lugar, a casa é um local especial, possui vida, possui alma.
            Rose é uma mulher que apesar da idade avançada, de ser viúva, de ter tido a vida do filho ceifada tão cedo e da única filha viver tão longe e distante, não se sente só, pois aquela casa onde vive é tão cheia de vida, tem uma alma tão latente, que não a deixa sentir o peso da solidão. Aquela casa e as doces lembranças que ela lhe faz viver constantemente lhe são caras, tanto que mesmo quando recebe uma carta anunciando a expropriação do imóvel, devido aos projetos urbanísticos e de modernização da cidade de Paris no século XIX, resolve não ceder ao “irreversível poder do progresso” e ir até as últimas consequências para não deixar que seja ceifada a vida, para não deixar que seja arrancada a alma daquela casa que ela tanta ama.
            Um livro emocionante, uma história de vida não só de pessoas e de seus momentos vividos, mas de uma casa e de toda a história que ela guarda, da alma que ela possui. Contado em forma de cartas que a personagem, Rose, troca / envia para seu falecido marido, um livro é repleto de uma carga emocional densa, mas expresso de uma forma tão suave e delicada que nos faz viver e relembrar de momentos passados no local onde vivemos alguns dos momentos mais importantes de nossas vidas, dos locais onde fomos criados e onde temos raízes tão firmemente fincadas, do lugar onde a que chamamos de lar, de nossa casa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário