domingo, 17 de abril de 2011

Quem inventou essa tal de TPM?

Alguém, por favor, saberia me informar o responsável, o “jênio”, o “infeliz das costa oca” que inventou essa tal de TPM? Eu gostaria muito de saber de quem se trata, de saber seu nome, só para ter o prazer de procurá-lo, de caçá-lo, para matá-lo com minhas próprias mãos. Se por um acaso o dito cujo já tiver morrido, não há problema algum, pois posso muito bem procurar mestres em ciências ocultas e coisas afins para fazê-lo voltar à vida só para eu poder ter o direito de matá-lo (novamente), dessa vez de forma tão bem morrida que ele jamais poderá ser ressuscitado, por mais poderosa que seja a magia. É sério, isso que estou falando! Eu quero, por que quero, por que preciso saber quem é (ou foi) esse “escroto”, como se diz no bom nordestinês. Se for um homem, com certeza é um desses tipos que na minha terra se chama de “fulêro”, e se for uma mulher, com certeza trata-se uma feminista mal-amada-revoltada, que criou, difundiu e popularizou essa tal de TPM só como uma forma de se vingar da sociedade e dos seres humanos, só e unicamente por que ela é uma mal-amada.
            Desde que o mundo é mundo, que há seres humanos andando sobre duas pernas, que há fêmeas da espécie, as mulheres têm, a partir de determinado momento de suas vidas, que em nossa época se chamou de puberdade, o início do chamado ciclo menstrual, que algo muito complexo (para nós, homens), que consiste num processo de maturação do óvulo, liberação de hormônios, etc, etc e etc. esse período se repete uma vez a cada mês, embora exista algumas mulheres que têm um ciclo mais longo e outras um ciclo mais curto, até uma idade bem avançada. Pois bem, durante o período em que a mulher atravessa esse ciclo, sempre, elas sofreram com algumas alterações hormonais, o que é perfeitamente natural, o que acarreta uma mudança de humor, mas nada muito grave, normalmente só no período que antecede a menstruação, e algumas até no pós-menstrução. Os homens, desde que o mundo é mundo (pelo menos grande parte deles) entende esse período tão belo da natureza feminina, e o tem como “um período sagrado”, em que (os normais pelo menos) não tocam nelas e deixam que tudo passe, para só então voltarem a levar suas vidas (a dois) normalmente. Até aí tudo bem, normal, faz parte da natureza. É tudo plenamente compreensível, até para o mais bruto dos homens. No entanto, o que é inadmissível é que tudo, hoje em dia, tenha como desculpa essa tal de TPM.
            Mulher ‘tá de mau-humor? Culpa da TPM. Mulher está o dia inteiro dando respostas de bate-pronto, sem pensar no que fala e em suas consequências? Culpa da TPM. Mulher acorda tarde e chega atrasada ao trabalho? Culpa da TPM. Mulher ‘tá chorona? Culpa da TPM. ‘Tá brigando com todo mundo? Culpa da TPM. Não segurou direito os pratos na hora de lavar a louça? Culpa da TPM. ‘Tá com sono? Culpa da TPM. O time por que torce perdeu um campeonato? Culpa da TPM. Não acertou nenhum número da Mega-Sena? Culpa da TPM. O candidato em que votou não ficou nem na suplência na última eleição? Culpa da TPM. Crise na Bolsa de Valores? Culpa da TPM. Mais uma guerra e tensão no Oriente Médio? Culpa da TPM.
            Droga! Santo-Deus! P* que Pariu! é tudo “culpa da TPM”! Tudo que acontece, tudo que se faz de errado é culpa dessa tal da TPM. A TPM é como uma espécie de desculpa-sempre-aceita, uma espécie de escudo a que se aprendeu a usar, e o pior de tudo é que a gente sempre se aceita essa desculpa esfarrapada.
            - Ah, amor, desculpa não ter preparado o jantar especial para nós, que eu havia prometido e que estávamos combinando há quatro meses. É que estou de TPM, e você entende, né?
            - Claro, amor. Eu entendo – embora esteja pensando em esganá-la e pedir para que ela deixe de usar essa tal da TPM como uma desculpa para tudo.
            O que me deixa indignado é exatamente essa “desculpa-generalizada-para-absolutamente-tudo” que é essa tal de TPM.
            Antigamente as mulheres não tinham isso – ela nem sequer sabiam o que era isso. Mudança de humor, talvez, já que era algo natural ao período exclusivo do ciclo menstrual, mas TPM elas não tinham, não.
            TPM é um problema (e desculpa) da mulher moderna. As mulheres de antigamente, as que hoje são idosas, que passaram por todo o ciclo natural que as mulheres jovens passam hoje, nunca sofreram dessa tal de TPM.
            Se chegarmos para entrevistar uma velhinha, por exemplo, e lhe perguntarmos sobre a TPM, ela vai lhe dar uma resposta algo como: “TP o quê, meu filho? Sei o que é isso não. Já ouvi falar, sim, mas não sei do que se trata.”
            Essa situação é séria, muito mais do que essa crônica se propõe a apresentar (e a debater)!
            A mulher, hoje, além de “sofrer” dessa tal de TPM, o que deveria ocorrer somente no período do ciclo menstrual, no máximo ter suas oscilações de humor dois dias antes e dois depois, passa um mês inteiro nesse estado. Mentira: o mês inteiro não, mas que são pelo menos 26 dias, isso é inegável. TPM, na verdade, ultrapassou os processos fisiológicos e tornou-se um “estado de espírito”.
            Tai! Acho que desvendei, se não o Segredo do Universo, pelo menos o da TPM. A TPM, na verdade, é um estado de espírito. Tudo bem que seja um estado-permanente, mas que é do espírito, isso é inegável.


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