Essa semana o país inteiro vai
parar! Não adianta dizer que estou exagerando ou que esteja inventando. O fato
é que para, sim, pois, é a semana-de-véspera-de-carnaval, a semana mais
importante do ano – só ficando atrás do próprio carnaval. É nessa semana que
todos decidem para onde vão, na casa de quem ainda tem lugar, se vai de ônibus
ou carona, se vai brincar o carnaval em algum bloco ou se vai na “pipoca”
mesmo, em que clube vão estar as melhores bandas, etc, etc e etc.
Carnaval
é o assunto reinante onde quer que se vá (e olhe que ainda falta uma semana!). No ônibus tem sempre uma
pessoa sentada ao seu lado conversando com um que está no banco às suas costas.
Os assuntos são banais, diversos, mas, tais assuntos conversados são só um
aperitivo, pois logo uma das pessoas vai olhar para a outra e, com um sorriso
nos lábios, vai perguntar: “e você, vai passar o carnaval onde?”. Batata, como
se diz na linguagem popular. Sempre a resposta, nesses casos, é a mesma: “não
sei, ainda. Talvez esse ano eu vá para tal cidade ou vá passar em tal praia,
talvez até fique em casa, pois não estou com vontade de curtir o carnaval esse
ano...” enfim, essa pessoa vai pra qualquer lugar, pode ter certeza, só não vai
ficar em casa.
Impressionante
como o carnaval mexe com as pessoas e é capaz de parar um país inteiro! Tudo
bem, eu sei que todo mundo tem o direito de se divertir, que tem gente que
adora o clima, a descontração e a “bagunça” característica desse mega-feriadão,
mas tudo tem limite. Sem contar que tem gente que, por motivos diversos, não
gosta de carnaval (só gosta mesmo é de poder ficar em casa os quatro dias, de
folga), e que já está cansado de ver na televisão, nesses momentos que
antecedem os “grandes dias”, a cada intervalo comercial, algum comercial sobre
carnaval ou aquelas coisas ridículas (que não sei se devo chamar de “comercial”
ou do que que chamo) com as famosas escolas de samba do grupo especial apresentando as suas músicas, marchas, samba-enredo
ou como quer que chamem essas músicas irritantes.
Sei,
amigo, que acompanha este blog e lê as minhas crônicas, textos e artigos
semanais, que você deve estar pensando que estou de forma diferente, hoje,
escrevendo até com uma certa raiva. Pois bem, você acertou. Eu estou com uma certa raiva, pois eu não gosto de
carnaval e não suporto esse clima-pré-carnaval. Nada contra quem gosta, óbvio,
pois cada um tem seu gosto e tem todo o direito do mundo de se divertir, de
escutar aquelas de samba, axé, pagode ou frevo, de dividir uma casa muitas
vezes minúscula com tanta gente que não caberia nem num hotel, de se alimentar
mal durante quatro dias e dormir pior ainda. Nada contra, cada um tem seu gosto
e faz suas escolhas. Agora, eu, não gosto, mas simplesmente não é possível não
se gostar de carnaval e se ficar totalmente fora, alheio a tudo que vai
acontecer, pois sempre, em todo canto que se vá, tem pessoas conversando sobre
carnaval.
Mas
o pior ainda está por vir. Sempre nesses dias que antecedem o carnaval você
acaba, de uma forma ou de outra, num canto ou noutro, esbarrando num velho amigo
que não via há tempos, e depois daquela animação e surpresa inicial pelo
reencontro, após tanto tempo, mesmo se tendo tanto para conversar, como, por
exemplo, o que se tem feito da vida, se já casou, se realmente conseguiu ser
aprovado no teste que ia fazer para um clube de futebol, se entrou no exército,
se passou num concurso público, se fez faculdade, se largou o vício da bebida,
se casou com aquela menina que era sua paixão na adolescência ou mil e um
outros assuntos tão importantes para se saber numa amizade tão antiga como
esses... mas não, a pessoa, seu velho amigo, que a partir daquele instante
passa a ser se mais novo ex-amigo, tem que lhe soltar a para você tão evitada
pergunta, que você odeia ter que responder 50 vezes por dia: “onde você vai
passar o carnaval?”. E você olha para esse amigo, que considerava tanto na
infância e adolescência, que julgava que lhe conhecia tanto e tão bem, e que
justamente por isso soubesse que você simplesmente
não gosta de carnaval, para não passar por grosso e dar uma resposta pouco
diplomática, apenas sorri, dá de ombros, e diz que simplesmente vai ficar em
casa. Ele então bate na própria testa, como que lembrando: “ah, desculpa.
Esqueci que você não gosta de carnaval”, ele diz. Então você diz que está tudo
bem, se despede, decepcionado, é verdade, mas pelo menos relativamente feliz
por ter reencontrado após tanto tempo um antigo amigo, mesmo percebendo, agora,
que ele não lhe conhecia tão bem quando você achava que conhecia. Mas tudo bem.
Você vai ter que responder aquela mesma pergunta umas outras tantas vezes ao
longo dessa semana, mas quem não gosta de carnaval já está acostumado com isso,
apesar dos pesares.
O prêmio de
consolação disso tudo é que pelo menos, durante o carnaval, como tudo está
fechado, é um grande (o maior) feriado do país, você pode, tem o direito
adquirido de ficar em casa sem fazer nada, descansando, afinal de contas,
quatro dias em casa não são de se jogar fora. Portanto aguente só mais essa
semana, respire fundo sempre que alguém lhe perguntar sobre onde vai passar o
carnaval, pense nos quatro dias livres que vai poder desfrutar, e viva essa
semana como ela é: a última antes do carnaval, a derradeira
semana-de-véspera-de-carnaval.
Eu gosto de carnaval, apesar de não mais pular em blocos, de não ir a bailes,curto um bom descanso...nas praias fica um clima bem agradável... O povo brasileiro precisa dessa folia, é uma tradição secular... é uma boa época pra reunir os amigo...Contudo sei tambem que vc não é único, conheço muita gente que não suporta carnaval...
ResponderExcluirUm abraço... Se quizer vir comigo vou pra Zumbi no domingo... vc será bem vindo...
Josué Melo
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ResponderExcluirA imposição feita a determinado ambiente, principalmente diante da impossibilidade em se adequar ao lugar - permanecer alheio, alienado, alienígena, zumbi... rs... -, é se submeter a algo radicalmente hostil. É como adicionar óleo à água - imiscíveis. Dissociáveis ao extremo. Jamais misturar-se-ão. Imagina enfrentar aquele tradicional trânsito congestionado? Meu deus! Misericórdia! Já passei por isso, e... sabe o que eu fiz? No primeiro retorno que visualizei, não pensei duas vezes... Meia volta Mover!! Voltei para o aconchego de minha casinha. O ante-fluxo é a maior beleza da face da Terra. Trânsito livre, desimpedido! Uauuu! rs... Aqui em Niterói, município fronteiriço ao famigerado - e por que não temido - Rio de Janeiro, que ferve (frevo!!) nesta época do ano, o carnaval acontece é na véspera somente. Pois, como disse, aqui em Niterói, durante o "tríduo momesco" - que agora já não são mais três dias... são quatro, cinco, seis... um mês - a cidade fica em clima de finados. Esvazia por completo. Então, por aqui, o carnaval ja passou, aconteceu nesse último final de semana. Mas como eu não sou de ferro, darei uma chegadinha nos bastidores das escolas de samba do grupo especial na Marquês de Sapucaí. Adorei o texto, meu amigo!! Um grande abraço do seu novo colega de letras, Alex Azevedo Dias
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