terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Palavra não dita - meu novo livro

Esse é o trecho inicial de meu novo livro, romance, que iniciei hoje. Na verdade, estou disponibilizando o prólogo do livro. Em breve, a medida em que for avançando na história, disponibilizarei capítulos inteiros ou partes deles.
Espero que gostem:

            "Ele tinha diante de si uma folha de papel em branco e com sua mão direita, segurava uma caneta, mas não sabia o que escrever. Já estava naquela posição há horas, brigando com as palavras.
            Todas as luzes da casa estavam apagadas naquela madrugada fria e escura. A única luz que vinha era de fora, da lua, que iluminava aquele pequeno canto da sala, ao lado da janela, onde o homem estava sentado. Já havia se levantado vezes sem conta e tornado a se sentar, cada vez num canto diferente, à mesa. Mas nada que fizesse diminuiria aquela angustia que sentia.
            Angustiado, levantou-se mais uma vez e começou a caminhar de um lado a outro pela sala, tendo cuidado para pisar muito de leve no chão. Segurava numa mão a folha de papel, ainda em branco, e na outra, a caneta. Caminhou até o quarto, onde a porta estava aberta. Ficou longos segundos a observar a mulher deitada, que sorria enquanto dormia, por certo acarinhada por um doce sonho. Queria saber com o que estava sonhando e desejava acordá-la para dar um último beijo, mas não podia fazer aquilo. Sentou-se na cama para olhá-la de perto uma última vez. Ela se mexeu e puxou o cobertor. Ele então a cobriu e fez um leve carinho em seu rosto. Quando se levantou, uma única lágrima escapou de seu olho e escorreu pelo seu rosto.
            Saiu do quarto e fechou a porta. Olhou mais uma vez o papel e caneta. Resolveu não escrever nada. Julgava que assim seria melhor, para ele e para ela. Colocou a folha sobre a mesa e a caneta ao lado. Olhou mais uma vez para aquela casa e fechou os olhos com força, como que para reter todos os momentos felizes que vivera para sempre em suas lembranças.
            Abriu a porta da casa e saiu. Não levava nenhuma mala consigo, a única coisa que levava eram suas lembranças."

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