domingo, 13 de setembro de 2009

Panorama da Literatura Potiguar - artigo


É inegável a mudança que está em curso no panorama da literatura potiguar. O Estado, mais conhecido pela sua produção na área da literatura popular, com inúmeros cordelistas, com os poetas dos final do século XIX e início do XX, tendo alguns, inclusive, participado ativamente das mudanças ocorridas não só na literatura, mas na forma de ver e lidar com as artes na panorama regional e nacional, mas, em termo de nome, tem em Luis da Câmara Cascudo o seu maior ícone. No entanto, Câmara Cascudo, com sua vastíssima obra na área da pesquisa história, folclórica e antropológica, principalmente, pouco produziu no tocante a literatura propriamente dita. Possui livros, histórias belíssimas, principalmente na literatura infanto-juvenil, biografias e contos, mas sua grande contribuição foi, definitivamente, para às ciências humanas.
Mas a literatura potiguar, nesta primeira década do século XXI, está vivendo um dos melhores momentos de sua história. Da terra de Câmara Cascudo, da poesia de cordel e de grandes poetas, como Henrique Castriciano e Auta de Souza, brota uma nova leva de escritores nas mais diversas áreas. Tem-se cronistas cujos talentos são reconhecidos nacionalmente, tendo seus textos publicados em importantes canais de comunicação em todo o país, tem-se contistas ganhando cada vez mais espaço à nível regional e nacional e, também, romancistas tendo cada vez mais reconhecimento dentro e fora das fronteiras do Estado.
É cada vez maior o números de "artistas das letras" brotando das terras potiguares, tendo sua obra lida e elogiada pelos quatro cantos do Estado e ultrapassando fronteiras, chegando a todos os cantos do país. É comum ir a uma livraria, hoje, e encontrar uma extensa programação cultural, de lançamentos, palestras, debates entre escritores. A programação cultural do Estado, em apoio a produção e divulgação da literatura potiguar está cada vez mais presente, com festivais literários, feiras de livros, bienais e encontros de escritores, e ainda será realizado, pela primeira vez, neste mês, a FLIPA, um encontro e festival literário, nos moldes da famosa FLIP (de Parati, RJ), na Praia da Pipa, no litoral Sul do Estado, que representará uma oportunidade ímpar de se debater e se aproximar de grandes nomes da literatura potiguar.
No entanto, apesar do bom momento que vive a literatura potiguar, ainda há problemas que precisam ser tratados com cuidado e seriedade. Um deles é no tocante a ainda dificuldade na hora de se publicar um livro, pois o Estado ainda não conta com uma grande editora, capaz de divulgar e distribuir o livro à nível nacional, ficando isto, muitas vezes, a critério do próprio escritor. Existem, lógico, inúmeros incentivos dados por parte dos governos municipal e estadual, alguns concursos literários, mas a dificuldade, muitas vezes desestimula e chega a vencer o escritor, antes mesmo deste possuir sua obra publicada. Editoras existem, como a Sebo Vermelho, Flor do Sal e, ganhando cada vez mais força e reconhecimento, o selo Jovens Escribas, liderado pelo cronista Carlos Fialho, mas ainda é muito pouco, tamanho o ímpeto criativo de nossos romancistas, contistas, cronistas e poetas. Mas, por incrível que pareça, a maior dificuldade existente é, ainda, o pouco prestígio que se dá aos autores da terra. Faltam leitores de literatura potiguar no Rio Grande do Norte!
Ainda reina, no Estado, um incrível preconceito por parte de alguns leitores, que torcem o rosto quando ouvem a expressão "literatura potiguar", e largam o livro quando percebem que este trata-se de uma produção local, de um autor da terra. No entanto, apesar disso acontecer e de demonstrar o quão pouco se conhece do que está sendo produzido por aqui, a situação tende a mudar, pouco a pouco, um passo depois do outro, e assim os "artistas das letras" tende a ganhar cada vez mais espaço nas estantes dos leitores, não só do Estado, mas de todo o país.
A Educação Literária, a valorização da Literatura Potiguar ainda tem um longo caminho pela frente, mas os primeiros passos, tímidos ainda, foram dados.

2 comentários:

  1. Matou a pau Lima Neto. Disse com boas palavras e em bom texto o que deveria dizer. Parabéns.
    Abraços

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  2. Parabéns, ótimo texto!!

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