domingo, 8 de março de 2009

Admirável Mundo Novo - livro da semana

Em um futuro distante a humanidade chega a sua perfeição. As doenças estão sob controle, assim como o envelhecimento. Tudo que é velho, que não tem serventia prática para o presente é descartado. Não existe religião, os autores da literatura clássica são desconhecidos. A humanidade desconhece até o nome e a obra de Shakespeare. Nesse futuro, até quando se tem um mau pensamento e uma má sensação o problema pode ser facilmente resolvido ao se tomar uma pequena dose de uma droga, chamada “soma”, que entorpece e que espanta tudo que é desagradável. É nesse cenário, e em meio a esse futuro perfeito e utópico, que o escritor e filósofo britânico inglês Aldous Huxley nos apresenta seu livro mais conhecido e elogiado pela crítica e publico: Admirável Mundo Novo.
Em Admirável Mundo Novo, uma fábula, uma metáfora de um perfeito futuro fictício, o único tempo importante é o presente. O passado é um tempo a ser esquecido, obsoleto, e sobre o futuro não se pensa necessariamente.
Nessa obra, tudo está tão sob controle que até a disputa entre classes sociais é inexiste, uma vez que os seres humanos não mais nascem, mas sim são fabricados, de acordo com a necessidade. No período da “gestação” os embriões, os fetos, já são designados a pertencer a essa ou aquela “classe” (chamadas de Alfa, Beta e Ipsilon) e todo o tratamento que receberão daí pra frente, como questões relativas a alimentação, por exemplo, são preparadas de acordo com o lugar a que estão designados na sociedade. Na infância, antes mesmo de serem alfabetizadas, antes mesmo de começarem a falar, as crianças são submetidas, enquanto dormem, a seções do que se chama hipnopédia, em que, enquanto dormem, as crianças ouvem ordens e conceitos referentes a sociedade e o lugar a que estão designados nesta. O que os Alfas escutam difere completamente ao que é passado aos Beta, que difere, por sua vez, do que é instruído aos Ipsilone. Nessa sociedade, até as cores das roupas são controladas de acordo com sua classe e desde cedo as pessoas são instruídas a viverem para o bem e a ordem da sociedade, sendo o individualismo algo execrável. Até os pensamentos relativos ao individualismo são subjugados com doses maciças de “Soma”.
Essa perfeita ordem social é ameaçada quando dois jovens, em uma excursão por uma região em que ainda há resquícios de um grupo “não civilizado”, encontra uma mulher, que, como os dois, havia nascido na “civilização”, mas que por um infortúnio do destino havia engravidado, coisa impensável, já que naquele tempo ser mãe era algo inadmissível, e por isso fora obrigada a viver em meio àqueles “não civilizados”. Seu filho, chamado John, é tomado com grande interesse e curiosidade por Bernard e Lenina. O “não civilizado” John e sua mãe são, então convidados a voltar à civilização, a fim de serem estudados e observados.
O contato dessas duas pessoas gera um grande interesse e coloca em conflito duas formas diferentes, conceitos distintos de duas sociedades, a dos supostos civilizados, em que tudo é controlado, inclusive os sentimentos e pensamentos, e a não civilizada, em que ainda é forte o apego relativo a vida, aos valores, aos sentimentos.
Muito mais do que uma fábula, um sonho, uma perspectiva de um mundo perfeito, em Admirável Mundo Novo nos é apresentada uma série de questões relativas aos sentimentos e aos nossos desejos, ao nosso lugar na sociedade e a nossa forma em que nos enquadramos nesta.

Um comentário:

  1. Olá, Lima
    Boa dica. O Admirável Mundo Novo é bastante atual ainda hoje e continua influenciando a nova geração, calcada nos preceitos do livro. Boa dica.
    Abraços

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