sábado, 22 de setembro de 2012

O Despertar da Primavera


Ela dormia preguiçosa e bela debaixo de seus lençóis, protegendo-se do frio do seu irmão Inverno. Tinha um sono tranquilo, sem qualquer sonho mal lhe perturbando e a longa noite dos sonhos doces que acalentava enquanto dormia.
Seu sono começava a ficar mais e mais leve, como se estivesse prestes a acordar a medida em que Inverno ia perdendo suas forças e suas nuvens de chuva de esvanecendo lentamente no ar.
Ela desperta, mas fica longos minutos com os olhos fechados, ainda tentando conciliar o sono, naquele estado em que não se está plenamente desperta nem se está dormindo. Boceja, e seu hálito impregna o ar com o doce aroma do desabrochar das primeiras rosas. Espreguiça-se, e no movimento de seu belo e delicado corpo os primeiros raios de sol rompem as nuvens que teimam em permanecer no céu, e com tais raios atravessando as últimas gotas d’água que caem com a última leve chuva, forma-se um arco-íris, que anuncia a sua chegada.
Ela abre os olhos e o brilho do seu olhar é como o nascer pleno no sol de uma manhã, que desperta os pássaros. Os pássaros, despertos, voam livres pelo céu, cantando, saldando o novo dia, a nova estação que desperta: a Primavera.
Primavera sorri, tão bela, e se deixa tomar pelo canto dos pássaros, que saldam sua chegada. Ela fala, canta com os pássaros, com sua voz tão baixa e delicada, melodiosa. Os pássaros, então, param, pousam nos galhos finos e ainda úmidos das árvores para ouvi-la cantar, e são tomados por aquele voz, por aquele harmonioso e tão belo canto que inebria a alma.
Ela se levanta e deixa o lençol escorregar por seu corpo e cair no chão e caminha lentamente até a janela em seu passo de quem quase não pisa do chão, de tão delicado que é o seu andar. A cada passo que dá, a cada vez que seu pé roça no chão, surge um imenso jardim repleto de flores multicoloridas. Ela olha para trás e sorri, e seu sorriso, tão lindo, ilumina todo o Mundo. Ela abre a janela e deixa o Sol externo aquecer seu corpo, deixa que o Vento toque, acaricie a sua pele com seus dedos frios que lhe arrepiam o corpo.
Ela abre os braços, abraçando o mundo e sendo abraçada por ele e sorri novamente. Ela desperta plenamente em todo o seu esplendor e desabrocha como a mais bela das estações, como a mais bela Primavera.

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