domingo, 9 de setembro de 2012

Lágrimas e Chuva, Céu e Homem


Era noite escura lá fora e a chuva caia fina e constante desde o final da tarde. Naquela casa, pela janela, um homem observava os pingos d’água que caiam como lágrimas e, em seu devaneio, se perguntava do por quê de o céu estar chorando. Talvez ele, o céu, assim como aquele homem, estivesse apenas só, e o peso daquela solidão, naquele momento, tivesse extravasado em forma de lágrimas que ele, em sua represa, não conseguira conter. O homem, assim como o céu, chorava, mas suas lágrimas eram como uma chuva que caía em abundância de sua alma.
Céu e homem choravam e choviam juntos em suas dores que os aproximavam. Somente uma fina parede de tijolos os separavam e um telhado impediam que as lágrimas do céu se misturassem à chuva que saia dos olhos do homem.
            Soluções retumbavam no céu e trovões rebentavam com o peito do homem e o faziam estremecer e seus lamentos quebravam o silêncio da noite e sobrepujavam os barulhos de suas lágrimas e chuva que caíam e inundavam seu chão e pés. Gestos loucos o céu fazia, e como raios o homem deixava cair seus braços ao longo do corpo.
            O homem dava passos lentos, afastando-se da janela e indo em direção à porta, que abriu lentamente. O vento frio castigava sua pele, mas o céu sofria, e isso se via pelas suas lágrimas, que caíam não mais finas como uma garoa, mas em abundância como uma tempestade, e o homem foi reconfortá-lo com um abraço.
            O homem abriu os braços e olhou para o alto, deixando que as lágrimas do céu se misturassem à chuva que escapava de seus olhos. Lágrimas e chuva se misturavam e escorriam pelo seu corpo, banhando-o por inteiro, lavando a sua alma.
            Ficaram daquele jeito, abraçados, céu e homem, por longas horas. Deixavam, apenas, que suas tristezas se diluíssem nas lágrimas e na chuva tornando-se uno naquele momento, naquele abraço.
            As horas passavam e a tristeza provocada pela solidão, agora diluída, deixava de ser tão opressora.
            Uma tênue linha no horizonte começou a clarear o firmamento lentamente e o céu olhou naquela direção e viu o sol se abrir num sorriso. Cessaram suas lágrimas e se formou um arco-íris e, ao pé deste, ao longe, o homem viu uma mulher, cujo nascer do sorriso lhe era como o nascer do sol após uma noite de tempestade. Ele correu em sua direção, para abraça-la, assim como céu, que se deixava abraçar e ser tomado por inteiro por aquele sol esplendoroso daquela manhã.

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