domingo, 24 de julho de 2011

Saudade da diversão dos anos 80 e início dos 90

Hoje eu acordei com uma vontade danada de brincar. Sei que já não sou nenhum menino, se bem que às vezes tenha vontade de voltar a ser, e que seria muito estranho um alguém de meu tamanho estar no meio de um monte de crianças, mas se a brincadeira valesse a pena, eu bem que estaria disposto a “pagar o mico”. Comecei a procurar, entre meus pertences antigos (para não falar “velharia”), algo que valesse a pena eu me sentar no chão da sala e ficar horas e horas entretido, mas não encontrei nada. Talvez minha mãe que tenha jogado fora há anos ou talvez tenha sido minha esposa, que percebendo a inutilidade daquilo, resolveu fazer a contribuição a alguma criança que não tinha com o que brincar. Se o caso tiver sido este, menos mal. Pelo menos alguma criança vai estar brincando, dando vida àquelas brinquedos.
            Mas a ideia de brincar, nem que seja por cinco minutos, sentado no chão da sala, esquecendo que o mundo está acabando ao meu redor, que o céu ameaça cair sobre minha cabeça, não me sai da cabeça. Resolvi, então, ir “à caça” e tentar comprar algo com que pudesse brincar.
            No primeiro armarinho que fui, perguntei se, por um acaso, em seu estoque antigo, de brinquedos que ninguém mais procura, ela (a dona) não teria por um acaso, sobrando, disponível para venda, algo da minha lista: jogo de damas, pega-vareta, dominó, resta-um, cara-a-cara ou de futebol de botão. A mulher olhou para mim e para a minha lista, fez uma careta e disse que ninguém mais procurava aqueles brinquedos ali. “Talvez seja melhor você procurar num antiquário, numa loja de antiguidades ou coisa do tipo”, ela falou. “E biloca, você tem?”, perguntei. Ela olhou para mim, avaliando com que tipo de louco-varrido estava lidando, e com piedade, segurou minha mão e disse para voltar para casa, para ir trabalhar, que era o melhor que eu podia fazer. Decepcionado, fui de estabelecimento em estabelecimento, mas a busca foi em vão. Resolvi então tentar outra coisa, e fui às mercearias do bairro e até as bancas de revista, a procura daqueles álbuns de figurinha, em que as figuras são bem mal-feitas, mas que distribuem milhares de prêmios se encontrarmos as figurinhas premiadas, os cromos prateados ou se completarmos alguma das figuras. Mais uma vez, fui encarado como louco e quase escorraçado. Só tinham para vender álbuns e figurinhas do Campeonato Brasileiro e de alguns super-herois e dos personagens de desenhos animados que essa juventude cultua. Fiquei me perguntando que graça tinha aqueles personagens e heróis se comparados aos de minha época, de minha infância. Vai entender!
            Tentei, em minha peregrinação, comprar de tudo, desde aqueles carrinhos feitos de metal, que a gente colecionava, até blocos de montar (vulgos Legos), bonecos dos comandos em ação e até playmobil. Procurei por aqueles brinquedos, os “aquaplays”, com que eu passava horas entretido, tentando colocar todas aquelas mini-argolas no lugar, mas nem esses eu achei. Soldadinhos de plástico, aqueles que usávamos para montar os gigantes exércitos, que colocávamos para lutar com aqueles exércitos de índios, nem em sonho em tornaria a encontrar nem que fosse um mero soldado!
            Cansado de nada encontrar do que procurava, resolvi partir para brinquedos mais avançados em termo de tecnologia: fui em busca de videogames, imaginando que seria mais fácil. Cheguei a uma loja e perguntei se eles tinham para vender um Atari e cartuchos de jogos como Pacman, Enduro, River Rider ou “Pega ladrão”. O vendedor olhou para mim como se estivesse olhando para um alguém de outro planeta. Pensei melhor e vi que Atari era um videogame muito antigo, e perguntei se ele tinha pelo menos um Master System 3, que pelo menos já vinha com Alex Kid na memória. Não tinha. “E um Mega Drive, você tem? Se possível, que tenha pelo menos um cartucho de Sonic”. Também não tinha. “’’tá bom, ‘tá bom... mas um super-nintendo você tem? E quero com os jogos clássicos, como Top Gear, Super Mário e Super Star Soccer”. Eu era o caso perdido, por certo, pois o vendedor me deixou falando sozinho. Por certo ele só tinha para vender os Playstation 3, X-Box 360 ou Nintendo Wii. Coitadas das crianças e dos marmanjos que só prestam atenção em gráficos e não sabem o que é apreciar um bom videogame e seus jogos clássicos.
            Voltando para casa, decidido a não perder o meu final de semana com coisas inúteis como trabalho e computador, pensei em fazer o meu jogo de futebol de caixinha de fósforo. Tudo bem que não tinha as figurinhas dos jogadores, para colar na frente, mas isso era o de menos. Eu poderia, pelo menos, desenhar os escudos dos times na frente e pintar os números. O problema surgiu quando lembrei que ninguém mais usa caixa de fósforo. Ou os fogões são automáticos ou as pessoas compram aqueles acendedores elétricos ou que usam pilhas. Até com o futebol de caixa de fósforo a tecnologia deu um jeito de acabar.
            Liguei a televisão, mas o que vi foi muito pior do que imaginava. Onde estavam Patolino, Pernalonga, as Tartarugas Ninja, He-Man, Thundercats, Cavaleiros do Zodíaco, Chaves e aqueles invencíveis super-herois, como Jaspion, Jiraya, Jiban, Lionman, Changeman, Black Kamen Rider, Cibercops? O que era aquilo que eu via na televisão? Definitivamente, assistir televisão hoje em dia é como ter um pesadelo estando-se acordado.
            Sem brinquedos e sem televisão, o que eu poderia fazer? Resolvi, então, apelar, e fui em busca de minhas antigas fitas VHS, mas, para minha decepção, todas estavam mofadas e, além do mais, eu não tinha onde assisti-las, já que meu aparelho Sharp de Quatro Cabeças já tinha sido aposentado há anos...
            Completamente derrotado, fiquei me perguntando o que as pessoas, hoje em dia, fazem para se divertir, com o que brincam, o que assistem, e que graça conseguem ver nesses brinquedos, seriados e desenhos. Talvez encontrem uma graça nisso tudo que eu não consigo enxergar, ou talvez não saibam o que é diversão de verdade.
            Meus planos de diversão para o final de semana foram “por água abaixo”, como se dizia em meu tempo, mas pelo menos fiquei com o gosto bom das lembranças de diversão de meu tempo deixaram marcadas para sempre em minha memória. Pelo menos isso ninguém nunca vai tirar e tecnologia, por mais avançada que seja, jamais vai substituir: o sabor, as lembranças de uma infância bem vivida.

3 comentários:

  1. Pois é Lima Neto, aquelas coisas que fizeram a alegria da nossa infância não passam de porcarias para as gerações seguintes, seja por obsolência, interesses industriais ou porque as coisas mudam mesmo e só parece bom o que é novo. Gostei do seu texto, pois também escrevo, e criei um blog recentemente para postar meus contos, então convido você a dar uma olhada. Um abraço. http://contospromissores.blogspot.com

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  2. Não se esqueça de Nêna mandando desligar o video game e nos colocado pra fora pra tu ir tomar banho kkkk... saudades!!!

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  3. pow, Kleber, não precisava lembrar disso... rsrs
    bons tempos aqueles, hein, amigo?!

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