segunda-feira, 6 de junho de 2011

Desabafo político

Brasileiro não tem memória política, brasileiro tem, no máximo, uma vaga lembrança. Quer exemplos? Collor, Sarney, toda aquela corja envolvida em escândalos e mais escândalos políticos, todos aqueles políticos corruptos, aqueles típicos coronéis intocáveis, que podem tudo, fazem tudo, do jeito que querem, quando querem e ainda saem impunes. E ainda há pessoas que conseguem manter distância disso tudo, que perderam as esperanças e, pra elas, tanto faz como tanto fez. Pessoas que, ao se depararem com uma denuncia muito forte, com um escândalo político (mais um), simplesmente conseguem dar de ombros, agem como se não devessem fazer nada, que se sentir indignado com toda a situação é como uma completa “perda de tempo”. Não, essas pessoas estão erradas, pois a partir do momento em que você se acomoda, que você começa a não mais se sentir enojado com tudo isso que estão fazendo com o seu país, aí é que começamos a correr sérios riscos. Eu, particularmente, me considero uma pessoa consciente, politicamente falando, e não consigo, não aguento mais assistir a um telejornal, a ver uma revista e me deparar com a sessão política e não sentir ânsias de vômito. É tanta desgraça, é tanto escândalo, é tanta politicagem (não é nem política, é politicagem mesmo!), e as esferas do governo (municipal, estadual e federal) ainda têm o descaramento de apresentar números que comprovem sua eficiência. Números não dizem nada. Números comprovam só que as coisas são superfaturadas, que os valores repassados não são suficientes, que houve desvio (com certeza) de verba pública (que pertence a todos nós, brasileiros). E ainda temos que aturar propagandas dizendo que a cidade está melhor, que o Estado está cada vez melhor, que o Governo Federal está trabalhando... Não falo, aqui, nesse desabafo, um belo palavrão, o mais “pesado” de meu vasto repertório, por respeito a você, leitor, que acompanha. Respeito este, que tenho, muito grande, um respeito que não é compartilhado pelo(s) seu(s) (pelos nossos, na verdade) governante(s).
            Eu estou cansado, confesso; eu estou muito chateado, indignado, não só com o governo em si, mas também com as pessoas passivas, que assistem a isso tudo e que não tem consciência, ou que não querem saber, do que estão fazendo com o nosso país. Eu confesso sentir até uma certa inveja dessas pessoas, pois elas simplesmente dão de ombro para tudo quanto é escândalo, que, quando passa uma reportagem num telejornal sobre algum esquema de corrupção, apenas mudam de canal, e vão assistir à sua novela ou a um reality show, enquanto eu fico aqui, indignado, querendo fazer alguma coisa, mas me sentindo impotente, correndo o sério risco de ficar estressado (mais do que já estou).
            Mas eu sou brasileiro, e, apesar dos pesares, não desisto nunca. Não canso, não desisto, de tentar mudar meu país com gestos pequenos, com palavras que, apesar de parecerem soltas ao vento, um dia, mais cedo ou mais tarde irão ser ouvidas. Não canso de tentar fazer com que uma pessoa abra os olhos, que passe a ter consciência política, que seja, se não um militante, um alguém que atua ativamente, que pelo menos não se porte de forma tão passiva com tudo que estão fazendo a nosso país.
            Eu sei, uma andorinha só não faz verão, mas se cada andorinha pensar assim, nunca elas irão se juntar para marcar a entrada da estação em que o sol brilha radioso no céu de nossa “terra adorada, salve, salve”. Por isso, eu, na minha condição de andorinha, que não faço verão só, é verdade, mas faço a minha parte, estou começando uma nova série de textos críticos de cunho político, não com a intenção de “forma opinião”, pois esta nunca foi a intenção deste blog, mas só e unicamente objetivando abrir o blog para debates, discussões produtivas a respeito não exclusivamente de política, mas sim, de nosso país, que, embora não seja “o melhor país do mundo”, que tenha suas desigualdades, que tenha todos os seus problemas, é um lugar maravilhoso de se viver, principalmente por conta das pessoas.
            E, lembrando, em 2012 tem eleição municipal, e não vamos ter apenas “uma vaga lembrança” do que os prefeitos e vereadores fizeram no último mandato. Vamos pesar, medir e contar, começar a ter a nossa tão falada “consciência política” nas esferas políticas menores, municipais. Afinal de contas, as mudanças começam de baixo, aos poucos, do município. Pouco a pouco, se pensarmos assim, se agirmos nesse sentido, em breve conseguiremos fazer do Brasil um país digno de nosso povo, que faça com que todos nós tenhamos orgulho de “chegar lá fora” e bater no peito para dizer: “EU sou BRASILEIRO!”.

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