É sempre fácil e ao mesmo tempo difícil
se falar de Philip Roth. O que se pode falar de um autor que é tido como um dos
maiores nomes da literatura de língua inglesa da atualidade?! O que se pode
falar de um autor premiadíssimo, respeitadíssimo pela crítica e público, que é
sempre um dos mais contados a ganhar o prêmio máximo da literatura mundial, o
Nobel? Prêmio este que, tenho absoluta certeza, ela vai ganhar, mais cedo ou
mais tarde, pois qualidades não lhe faltam para isso.
Eu
já li dois livros de Philip Roth, o primeiro, O Homem Comum eu achei interessante, sem dúvida, mas talvez
demasiado comum, já o segundo, Indignação
me surpreendeu de tal maneira que o coloquei entre os melhores livros que li no
ano passado e um dos melhores da literatura norte-americana contemporânea que
já li. Fui ler, então, seu novo livro, A Humilhação,
com uma grande expectativa, mas com aquela idéia de que “deve ser um bom livro,
sem dúvida, mas não tanto quanto Indignação”.
Mas que surpresa eu tive ao mergulhar na história de Simon Axler! Livro curto,
mas de uma intensidade tal que deixa o leitor em transe durante toda a
história. O leitor se vê preso nas teias daquela história magnificamente bem
contata, se vê bebendo as palavras, expectante para saber como irá terminar a
história até a última linha (o livro é desses que realmente só termina – e lhe
surpreende – na última frase).
O
livro acompanha a história de Simon Axler, um respeitadíssimo ator que, ao
chegar “a casa dos sessenta e cinco”, vê que todo o seu talento como que tenha
lhe abandonado. Ele não consegue mais atuar e sequer subir num palco, após três
tentativas infrutíferas, sendo que na última delas não tinha sequer uma plateia
para assisti-lo. Interpretar, atuar, o teatro, o palco eram a sua vida, então,
como que abandonado de seu talento, desenvolve um quadro de depressão. Seu medo,
ao se ver naquela situação, é não conseguir mais voltar, nunca, a subir no
palco, que sua vida tenha chegado ao fim. Ao pensar nisso, com medo de atentar
à sua própria vida, resolve se internar numa clínica.
Na
clínica, ele se sente parcialmente curado daquele medo, daquela depressão que o
afligia, no entanto, não recupera o sua autoconfiança, que lhe possibilitaria a
coragem de tornar a subir num palco e atuar. Após ter perdido (sido abandonado,
na verdade) por sua esposa, passa a viver sozinho em uma pequena cidade, longe
e distante da maioria das pessoas, mas reencontra um sentido para a sua vida na
paz dos braços de uma mulher, criança que ele viu nascer, filha de um casal de
atores seus amigos de longa data. Ela, uma ex-lésbica, tão perdida e só quanto
ele, passava por uma série de problemas e crises. Os dois então se encontram e
vivem uma intensa paixão, ele, um homem experiente, um ator depressivo que não
consegue mais atuar, e ela, uma mulher que vive a primeira experiência com um
homem em sua vida. Esse relacionamento, tão intenso, sofrerá uma série de
adversidades, entre elas a não aceitação dos pais dela e o ciúme da
ex-companheira dela, que não aceita o término do relacionamento.
Relacionamento
intenso e perigoso, que, tal como num palco, terá seu fim quando se fecharem as
cortinas.
Livro
intenso e marcante, A Humilhação,
figura, já, entre os maiores da literatura norte-americana. História surpreendente,
com personagens muito bem cosntruídos e explorados, que vivem suas vidas no
limite, não como de atores sobre um palco, em frente a uma plateia, mas vivem
suas vidas sem máscaras e atuações, tais como devem ser vividas.
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