Nunca
é fácil olhar para trás e ver todos os livros lidos no ano anterior. Sempre que
faço as minhas retrospectivas de leitura, tenho a certeza de que não li o que e
quanto deveria, fico com aquela sensação de ter usado erradamente meu tempo ao
ler determinado livro que não me proporcionou prazer algum nem me acresceu em
absolutamente nada, fico emocionado ao relembrar a história e personagem de tal
obra que me marcou profundamente...
No geral, infelizmente 2015 não foi
um ano tão proveitoso no que tange às leituras como anos anteriores. Muitas coisas
interferiram, entre elas a mal escolha, em dados momentos, dos livros , o que
me gerou maior lentidão na leitura, uma vez que as leituras não estavam sendo tão
empolgantes e prazerosas quanto eu esperava e precisava, e por conta de
trabalho, estudos e um monte de outros fatores extra-leitura. Mas mesmo assim,
foram, aos trancos e barrancos, 43 livros, no entanto, 1 foi abandonado (porque
tive que devolver – tratava-se de um livro que havia pego emprestado) e 3 lidos
parcialmente (a maior parte – diga-se de passagem), tendo iniciado o meu 2015
com a leitura de Vida e Destino, de
Vassili Grossman, obra muitíssimo interessante sob o prisma histórico, mas que
no que tange a literatura se mostrou um tanto quanto “não das melhores”, e
finalizou com Meio Sol Amarelo, de
Chimamanda Ngozi Adichie, o melhor livro de literatura africana que já li em
minha vida, uma grantíssima surpresa que me foi reservada justamente para o “apagar
das luzes” do meu ano de leitura.
No que se refere aos melhores
livros, nunca um ano de leituras foi tão difícil de definir aquele que rotulo
como “o melhor do ano”. Além do Meio Sol
Amarelo, obra que não canso de recomendar, elogiar e recomendar a leitura,
destaco também No silêncio entre dois
suspiros, de Ayad Akhtar, além dos clássicos que me deixaram em êxtase, O Quinze, de Rachel de Queiroz, do
poderosíssimo Carta ao Pai, de Kafka,
dos gregos Antígona, de Sófocles, Hipólito, de Eurípides, e do estupendo e
divertidíssimo Lisístrata, de
Aristófanes, e seguindo no mesmo gênero do teatro, destaco também o Fedra, do francês Racine, fora o
filosófico e extraordinário O Lobo da
Estepe, de Hermann Hesse. No outro extremo, destaco entre meus piores
livros do ano, que me decepcionaram enormemente, que não recomendo a ninguém,
estão A Última Imperatriz, de Da Chen
(o mesmo autor de A Montanha e o Rio)
e A Fazenda, de Tom Rob Smith, além
do vencedor do Nobel de Literatura Patrick Modiano com o livro Remissão da Pena, livro que não empolga,
que não tem um personagem cativante, que não tem uma narrativa que prenda,
enfim, que não tem graça e que não me proporcionou em momento algum um momento
de prazer e deleite literário, e do famigerado Ateneu, de Raul Pompéia, que foi uma leitura arrastada, chata e
cansativa.
Entre tantos livros, em 2015 fui da
leitura de tirinhas de Snoopy e Calvin & Haroldo, que adoro, passando por Hamlet e por obras de Machado de Assis,
tanto em sua face romântica com Helena
quanto numa fase mais adiantada, com O
Alienista, visitando os russos com Gogól com a novela A Briga dos dois Ivans, Maiakovski com Percevejo, Dostoievski com Bobók e No Campo de Honra do Isaac Bábel. Li também obras de cunho
histórico como o indispensável História
Concisa da Rússia, de Paul Bushkovitch; obras de cunho
teórico-crítico-literário, como livros de Harold Bloom e Massaud Moisés. Fora esses,
ainda arranjei tempo para ler John Boyne, O
ladrão do Tempo e A Casa Assombrada,
para conhecer Lima Barreto com Triste Fim
de Policarpo Quaresma; e meu primeiro Simenon, com Maigret e a Mulher do Ladrão.
Pois é, apesar de não ter sido um
ano tão recheado como anos anteriores, foi, no fim das contas, um bom ano de
leitura, com uma boa multiplicidade de obras nas quais mergulhei e das quais
extrai muita coisa boa, desde o simples grego antigo da Era de Ouro do teatro
aos complexo Calvin, Charlie Brown e Snoopy.
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