Para
mim, o melhor dia do ano é 1º de janeiro. Começo a contar os dias, em angustiante
espera, desde o dia 2 de janeiro, observando o movimento da Terra em torno do
sol, na ansiedade para que chegue logo o primeiro dia do ano seguinte só para
poder ter o mundo inteiro só pra mim. Sim. O mundo inteiro.
No dia 31 de dezembro, como já é de
praxe, grande parte das pessoas sai, vai comemorar a chegada do ano novo em
praias, organizam festas em família, ficam acordados até mais tarde, etc., de
forma tal que nas manhãs do dia 1º a impressão que se tem, ao sair nas ruas, ao
abrir uma janela, é a de que a humanidade foi extinta e só sobrou você na face
da Terra. Não existe barulho algum de carros, não existem vozes de pessoas
falando alto, não existem barulhos de portas e janelas sendo abertas e
fechadas, ninguém faz questão de ligar o som em volume máximo para compartilhar
aquela música odiada por todos, exceto por aquele que quer compartilhá-la com
todos, etc. Enfim, manhã do primeiro dia do ano é o momento de paz e silêncio
total, tanto que é justamente neste dia que podemos nos dar ao luxo de ficar e
sentir realmente o silêncio em toda a sua plenitude. Podemos ouvir o uivo do
vento, podemos ouvir a orquestra sinfônica dos pássaros que, felizes, podem encher
os pulmões sem vergonha de suas notas harmoniosas atrapalharem os barulhos
alheios. Podemos até sair na rua para uma caminhada/corridinha matinal sem nos
preocuparmos com os carros que passam apressados ao nosso lado, chegando ao
máximo até de ouvir o som de nossos próprios passos no asfalto da avenida!
Sei que estou sendo um tanto quanto
egoísta, sim, em ter o mundo inteiro só pra mim, mas em que outro dia do ano
tenho esse privilégio? Pelo menos tenho o mundo só pra mim (e me vanglorio
disso) até o início da tarde, que é quando aquele mal-educado da rua de frente
acorda e liga o som com o intuito de compartilhar com o bairro inteiro aquela
música que somente ele, em toda a sua insanidade, acha que as pessoas querem
ouvir. Com esse ato o mundo começa a acordar (de ressaca) e o mundo volta a ser
mundo, com todos os seus barulhos, e eu me vejo na obrigação de compartilhá-lo
com os demais viventes deste planeta. Só fico triste pelos pássaros, que passam
a ser obrigados a cantar baixinho para não incomodar o barulho das pessoas...
Ótimo! Amo o que você escreve!
ResponderExcluirÓtimo! Amo o que você escreve!
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