sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

1º de janeiro: o melhor dia do ano

Para mim, o melhor dia do ano é 1º de janeiro. Começo a contar os dias, em angustiante espera, desde o dia 2 de janeiro, observando o movimento da Terra em torno do sol, na ansiedade para que chegue logo o primeiro dia do ano seguinte só para poder ter o mundo inteiro só pra mim. Sim. O mundo inteiro.
            No dia 31 de dezembro, como já é de praxe, grande parte das pessoas sai, vai comemorar a chegada do ano novo em praias, organizam festas em família, ficam acordados até mais tarde, etc., de forma tal que nas manhãs do dia 1º a impressão que se tem, ao sair nas ruas, ao abrir uma janela, é a de que a humanidade foi extinta e só sobrou você na face da Terra. Não existe barulho algum de carros, não existem vozes de pessoas falando alto, não existem barulhos de portas e janelas sendo abertas e fechadas, ninguém faz questão de ligar o som em volume máximo para compartilhar aquela música odiada por todos, exceto por aquele que quer compartilhá-la com todos, etc. Enfim, manhã do primeiro dia do ano é o momento de paz e silêncio total, tanto que é justamente neste dia que podemos nos dar ao luxo de ficar e sentir realmente o silêncio em toda a sua plenitude. Podemos ouvir o uivo do vento, podemos ouvir a orquestra sinfônica dos pássaros que, felizes, podem encher os pulmões sem vergonha de suas notas harmoniosas atrapalharem os barulhos alheios. Podemos até sair na rua para uma caminhada/corridinha matinal sem nos preocuparmos com os carros que passam apressados ao nosso lado, chegando ao máximo até de ouvir o som de nossos próprios passos no asfalto da avenida!
            Sei que estou sendo um tanto quanto egoísta, sim, em ter o mundo inteiro só pra mim, mas em que outro dia do ano tenho esse privilégio? Pelo menos tenho o mundo só pra mim (e me vanglorio disso) até o início da tarde, que é quando aquele mal-educado da rua de frente acorda e liga o som com o intuito de compartilhar com o bairro inteiro aquela música que somente ele, em toda a sua insanidade, acha que as pessoas querem ouvir. Com esse ato o mundo começa a acordar (de ressaca) e o mundo volta a ser mundo, com todos os seus barulhos, e eu me vejo na obrigação de compartilhá-lo com os demais viventes deste planeta. Só fico triste pelos pássaros, que passam a ser obrigados a cantar baixinho para não incomodar o barulho das  pessoas...

            

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