sábado, 12 de outubro de 2013

Lugar de família é na cozinha



Sempre que se fala em família, a primeira imagem / lugar que me vem à mente é uma cozinha. É na cozinha que acontece se não as mais pomposas reuniões, pelo menos é onde ocorrem as mais espontâneas e divertidas, onde se preparam todos aqueles pratos deliciosos feitos para as mais diversas ocasiões: seja para um aniversário de um primo, prima ou tia, seja para a ceia de natal ou outra ocasião deveras importância, mas o que importa, para a família, não é a ocasião em si (o aniversário ou data comemorativa é apenas um pretexto, uma “desculpa” para se reunir todo mundo).
            A cozinha é um ambiente amplamente dominado pelas matriarcas da família, onde é praticamente vedada senão a participação, pelo menos a permanência por muito tempo, dos patriarcas da família. Mas lá é permitida a entrada (e permanência) de todos os primos, que entram com uma desculpa qualquer, de beber água, de pegar algo para comer, e acabam ficando como quem não quer nada, rindo e participando mesmo de alguma anedota, ouvindo algum causo acontecido em tempos áureos contado por alguma das normalmente mais bem-humoradas matriarcas.
            Na cozinha reina a descontração, os risos, as vozes altas de todo mundo falando ao mesmo tempo, e só há silêncio quando de repente surge entrando pela porta aquela matriarca mais séria, normalmente a irmã mais velha, e todos os presentes param o que estão fazendo, param de falar suas histórias mais “despudoradas” em respeito a ela. E ela ama esse respeito que lhe devotam, no entanto ama mais ainda a alegria reinante de sua família, e justamente por isso é ela quem quebra o silêncio e abre seu baú de histórias ao contar uma história acontecida há tantos anos...
            A cozinha além do local de espontaneidade, de tantos barulhos e risos, é o saboroso lugar dos cheiros deliciosos, onde são preparados todos aqueles manjares dos deuses, onde as matriarcas com mãos de anjo dão forma aos doces, onde manejam habilmente colheres-de-pau e dão o exato ponto aos pratos que serão servidos logo mais, à noite, mas que àquela hora, no instante do preparo, todos os presentes são convidados a “participar do preparo” ao darem pitaco, dizendo se está bom de sal, se ficou muito doce, se a consistência está boa, etc, etc e etc. mas o felizardo mesmo é aquele que prova e diz “está perfeito”, e ganha em agradecimento um enorme sorriso da hábil cozinheira e como prêmio (mais tarde) todas as atenções na ceia e um pedaço mais que generoso da mais saborosa das sobremesas.
            Família é família, seja lá em que lugar da casa for, em que ocasião for,  mas que família reunida na cozinha é mais família, é mais saborosa, é mais cheirosa, é mais espontânea, enfim, que família é mais família na cozinha, isso é inegável.

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