Saudade é um sentimento dolorido e sofrido para aquele que o
sente em toda a sua intensidade, para aquele que ficou.
Começa a
doer antes da pessoa que queremos ter sempre perto ir embora, quando ainda está
fazendo as malas. Vai, jura ela, passar apenas alguns dias fora, longe, mas ela
não sabe o quão o tempo passa lentamente quando ela está longe, em que cada
hora demora um século para passar, em que cada dia passa tão lentamente quanto
uma eternidade, não sabe ela que a menor distância, sem ela, é longe.
Dói quando, com o passar dos
dias, a gente olha para um lado, olha para o outro, e não a vê. Dói ver em
todos os cantos a presença dessa ausência que se tornou tão presente desde que
ela partiu. Dói durante a madrugada, quando, com frio, nos viramos instintivamente
em busca do seu abraço, do seu calor, e ao nos deparar com o vazio na cama,
acordamos. Dói durante todas as horas do dia, das primeiras da manhã às últimas
da noite, antes de dormirmos, pensando que mais um dia se passou sem sua
presença.
Saudade
continua doendo quando, com o passar dos dias e a pessoa não volta, começamos
a, angustiados e desesperados, contar os dias, marcar os dias num calendário
qualquer, tal qual faria um alguém encarcerado, pois é assim que nos sentimos:
encarcerados por um sentimento que não nos deixa livres para pensar em outra
coisa que não seja na pessoa que está distante, que demora tanto a voltar.
Saudade dói
muito a ponto de arrancar lágrimas de angústia, de dor, de um sentimento de
impotência que nos toma por inteiro, pois não há nada que possamos fazer para
ameniza-lo, para encurtar a distância ou fazer o tempo correr para que chegue,
enfim, a hora do reencontro.
Dor de
saudade é uma dor que vem lá de dentro, que nos toma por inteiro, que nos
corrói. Não é, apesar de doer tanto, uma dor ruim; muito pelo contrário: dor de
saudade é bom, pois nos faz sentir, ter a certeza, de com quem queremos estar.
Saudade é
dor que sentimos quando não ouvimos uma voz, quando não vemos quem tanto
desejamos ver, quando não podemos sentir o toque de sua pele nem o seu doce
cheiro muito menos o sabor de seu beijo.
Saudade é
sentimento que dói, que nos faz sofrer por horas e dias a fio, que nos faz acordar
em plena madrugada, que muitas vezes não nos deixa sequer dormir, que nos
arranca lágrimas, é bem verdade, mas ele é o sentimento que nos faz sorrir
quando pensamos no reencontro da pessoa que tanto nos fez sofrer com a
distância que nos infligiu, do abraço e do beijo que ganharemos e do que
ouviremos de seus lindos lábios:
- Eu senti tanta saudade! – dirá ela.
Aí, então, toda a dor, toda a angustia, valeu a pena, pois tudo foi
recompensado por termos a exata noção de que o sentimento foi recíproco, que
ambos sofremos, mas que, naquele momento, no exato momento do reencontro, somos
as pessoas mais felizes do mundo, mas completas, pois nos completamos um nos
braços do outro.
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