terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pra ser Sincero: 123 variações sobre um mesmo tema


Eu tentei (eu juro!), mas não consegui segurar o meu lado tiete, fanático, verdadeiro seguidor dos Engenheiros do Hawaii e profundo admirador de Humberto Gessinger, como letrista e compositor. Portanto, amigo leitor, se você não é fã dessa tão importante banda para o rock brasileiro, uma das poucas de sua geração a continuar ainda na ativa, para a leitura desse texto imediatamente, pois o Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre um Mesmo Tema é um livro para aquela legião de fãs e seguidores do Engenheiros do Hawaii.
            O livro, escrito por Humberto Gessinger, é uma autobiografia, dele e da banda, de todos esses anos de carreira da banda que se tornou uma referência para o rock brasileiro nos anos 80 e continua, até hoje, fascinando uma legião de fãs, mesmo estes sendo mais jovens do que a própria banda, como eu.
            Falando de meu caso em particular, eu comecei a gostar dos Engenheiros do Hawaii antes mesmo de conhecer a banda, muito devido à influência de meu irmão, mais velho, que tinha todos os LPs e escutava exaustivamente aquelas músicas. Eu, eterno irmão menor (o mais chato da casa), cresci, então escutando essas músicas e já sabia de cor frases das canções, os refrões, antes mesmo de saber que banda era aquela. Na adolescência, quando comecei a escutar música de verdade, aprendendo a sintonizar a rádio favorita, a colocar as fitas K7 no bom e velho Aparelho 3 em 1 (adoro ter vivido essa época, do K7 e do LP, embora este eu só tenha pego no finalzinho), percebi que, instintivamente, caminhava para aquelas músicas tão conhecidas, que eu ainda não sabia de que banda eram. Comecei, então, a escutar as músicas, a gostar de verdade da banda e, já na época do surgimento do CD, comecei a gravar as minhas próprias K7, selecionando uma música de um CD, outra do outro, fazendo assim a minha “seleção”.
            O tempo foi passando, eu comecei a escutar outras coisas e, como todo adolescente, na década de 90 “me envolvi” em inúmeros movimentos. Escutei muito Nirvana, tanto que tenho, até hoje, todos os CDs (originais) da banda e Metallica. Música nacional? Escutava pouquíssimo, mas nunca deixei de escutar, vez por outra, aquelas velhas fitas K7 (isso em plena Era do CD!) de minhas “seleções”. Conheci muitas outras bandas, gostei pra valer de umas, de outras nem tanto, entrei na Universidade, conheci muitas pessoas, que me apresentaram outras bandas, outros estilos, etc. e as velhas fitas acabaram se estragando, mas vez por outra, do nada, alguns daqueles refrões me vinham a mente, e eu acabava indo matar a saudade das músicas, baixando-as pela internet (!).
            O tempo, que é remédio para tudo, passa, e já adulto, me vejo num canto qualquer, quando ouço uma música tão conhecida, que não escutava há meses (ou seriam anos? Não sei.) e comecei a cantar junto, pois lembrava de cor toda a letra, toda a entonação. Guiado por tal som, deixei meu passos me guiarem até uma loja de CDs (nessa época, em Natal, ainda havia loja de CDs. Hoje, devido a pirataria e em plena Era do Download, não há mais nenhuma “especializada”, infelizmente) e vi um novo CD à venda, daquela banda que tanto tinha me marcado, que eu nunca tinha esquecido. Comprei-o e o escutei tanto, relembrando a minha infância, adolescência, início da fase adulta, revendo momentos de minha vida para os quais aquelas músicas pareciam ter sido feitas, para o que estava sentindo e pensando.
            Desse dia em diante, todos podem imaginar o que aconteceu: uma verdadeira caçada em busca de tudo da banda, de todos os CDs. Falo “caçada” pois foi bem isso que aconteceu, pois, mais uma vez devido a Era do Download e a da Venda de Tudo Pela Internet e da falta de lojas de CDs na cidade, não foi nada fácil encontrar os CDs e completar a minha “coleção”. Passava horas em Lojas de Tudo, que ainda tinham uns raros CDs, na esperança de encontrar algum do Engenheiros do Hawaii, e quando achava algum, escondido lá atrás nas gôndolas entre aqueles milhares de CDs da “melhor banda da última semana”, vibrava como se fosse um gol do São Paulo numa final do Mundial Interclubes. Um a um, ia comprando os CDs e completando a minha coleção. Mas, por mais que eu me esforçasse, ainda faltavam uns poucos (Tchau, Radar! e  o Humberto Gessinger Trio), que meu irmão tinha, mas que teimava em não me dar. Mas eu, como eterno irmão mais novo, eterno pentelho, o chateei tanto que ele acabou cedendo e me vendendo os CDs, por um preço exorbitante, é verdade, mas o importante é que ele vendeu (Yes!).
            Completada a coleção, sentindo-me o maior fã da banda, imaginando já saber muito sobre os Engenheiros do Hawaii, agora já mais tranquilo, trabalhando numa livraria, eis que me deparo com esse livro, que eu em absoluto, não esperava: Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre um Mesmo Tema, um livro de Humberto Gessinger! Não pensei nem meia vez, e o adquiri. Li-o de um fôlego só, praticamente numa noite, me deleitando com cada história, com cada momento, com cada frase, pois o livro, para um fã (ou seguidor, como eu prefiro dizer, o que já ficou claro) é maravilhoso, muito bem escrito, como só a maestria de Gessinger é capaz de fazer.
            A história, é muito bem contada, de uma forma que soa até despretensiosa, bem ao jeito Humberto Gessinger, mesclando trechos da sua história, da banda, dos momentos, com trechos das músicas, que parecem ter sido feitos para aqueles momentos. Além disso, o projeto gráfico do livro ficou maravilhoso, repleto de belas imagens, capas dos álbuns e fotos de todos os momentos da vida da banda, um deleite para os olhos dos fãs. O livro conta, também, com as letras e comentários sobre algumas músicas.
            A forma como Humberto Gessinger conduz o livro é um caso a parte. Temos a impressão de que ele escreveu esse livro da mesma como compôs uma música, montando, desmontando, brincando com as palavras, repetindo frases, recriando frases, tudo isso de uma forma “despretensiosa”.
            Como livreiro, leitor, amante de literatura, eu indico a leitura de Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre um Mesmo Tema, eu indico a leitura desse livro; como fã da banda, digo que ele é uma leitura obrigatória.

P.S.: agora, se você está acostumado a só ler livros da Saga Crepúsculo e a escutar música de banda EMO, por favor, fique longe de Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre um Mesmo Tema, pois você não saberá entender o porquê de tal livro mexer tanto com um amante de literatura e um admirador, um seguidor dessa banda que será para sempre imortal!

8 comentários:

  1. Palavras sabias
    egenheiros é tudo

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  2. É claro que vou comprar meu exemplar!


    HG é "O cara", EngHaw é "A banda", e provavelmente Pra Ser Sincero vai ser "O livro"!

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  3. Olá!

    Voltei no tempo quando você disse de fazer nossas próprias K7. rsrs

    Sou fã dos Engenheiros também.

    Fiz um blog com histórias que algumas pessoas me enviaram. A galera não parece muito disposta a escrever. Talvez, por ser jornalista, isso é um prazer para mim.

    Comprei o livro também, no pré-lançamento.

    Li num piscar de olhos. E, não raro, me vejo foleando, relendo...

    Depois visite o blog com algumas histórias de fãs sobre a banda
    http://engenheirosdohawaii25.wordpress.com/

    No meu blog - www.everaldovilela.com - também tem algumas coisas sobre os Engenheiros do Hawaii... Vá ao link 'flickr' na esquerda que tem um álbum de fotos dos Engenheiros e do Pouca Vogal.

    abraço!

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  4. "músicas, que parecem ter sido feitos para aqueles momentos. "
    é, acho que não apenas parecem.
    Tou louca pra comprar o meu!
    abraço de uma fã também seguidora da infinita highway.

    Frases testemunhas de um crime sem perdão. Num dia em que me sinto só, como um pássaro voando
    como se voasse em bando
    "pois só eu sei andar, sem saber até quando..."

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  5. P..Q..P...!

    Incrível como ao ler seu texto eu quase acreditei que havia sido escrito por mim (exceto por ser filho único e torcer para o Corinthias, que nunca ganhou uma libertadores SNIF...),cada atitude sua Lima, eu também tive e tenho até hoje, e com certeza isso me persiguirá para o resto da vida.
    Comprei o livro no PocketShow no Cidade Jardim e li 2/3 ainda na fila, no aguardo do autógrafo....este está lá no meu orkut: Mauricio Sosthenes Gomes
    .
    Abraços a todos os fãs....

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  6. Bah... a melhor banda de todos os tempos e para sempre.... engenheiros é td... Nem dá pra acreditar q eles tocariam apenas uma noite... AMO TODAS AS LINHAS DE HUMBERTO....

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  7. P-E-R-F-E-I-T-Í-S-S-I-M-O!!!!
    Rapaz!!! Sou geração anos 80 (finalzinho) mas tive o prazer de conhecer Engenheiros antes que eu fosse contaminada com as poluições sonoras existente hoje em dia! Tenho o prazer de procurar lembranças boas e encontrar na trilha sonora da minha vida músicas com verdadeiras letras!!! Sinceramente me falta palavras para descrever a emoção de ser amante dessa banda!!!! PQP!!!

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