domingo, 19 de abril de 2009

O Filho Eterno - Livro da Semana

Cristóvão Tezza é um dos maiores escritores brasileiros vivos. Vencedor de inúmeros prêmios, entre eles o “Jabuti”, maior premiação concedida a escritores brasileiros, o “Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro”, entre outros. Em sua obra constam livros Infanto-juvenis, Ensaios, Contos e Romances. Já publicou dez romances. Uma das marcas de seu texto é a presença de mais de um narrador: em Trapo, vemos a história do ponto de vista do professor Manoel, que estuda o poeta Trapo, e paralelamente do ponto de vista do poeta, através de seus poemas. Em 2003, publicou um ensaio sobre Mikhail Bakhtin, que era, na verdade, sua tese de doutorado. É doutor em Literatura Brasileira e professor de Lingüística na Universidade Federal do Paraná. Em algumas declarações afirma que “só uns quatro ou cinco escritores brasileiros poderiam viver só dos livros”, e por esse motivo é professor.
No seu livro mais lido e elogiado da atualidade, “O Filho Eterno”, Cristovão Tezza versa sobre questões como preconceito e o amor de pai para filho.
Tudo se inicia quando um homem e sua mulher estão vivendo a expectativa do nascimento do primeiro filho. Existe toda aquela angustia, toda aquela espera, e finalmente chega o dia. Enquanto a mulher está na sala de parto, o homem, angustiado, expectante, anda de um lado para outro na sala de espera, até que recebe as notícias de que o parto tinha sido um sucesso, que ele era pai de um lindo menino. Foi, então, até o quarto, onde sua esposa estava repousando. E os dois põe-se a esperar pelo filho. O tempo, ali naquele quarto, passava tão devagar, além do mais, havia a expectativa de verem, pela primeira vez, o filho. O bebê é trazido pelas mãos de um médico, que vem acompanhado de um outro. O homem, instintivamente, sente um aperto no peito, como se a presença, ali, de dois médicos fosse um mal agouro, como se houesse algo de errado. E há. Os médicos fazem uma revelação que fará o homem cair de sua mais alta euforia até um poço em que ele não imaginava ser capaz de alcançar: seu filho, seu primeiro filho possuia todas as características de uma anomalia genética, seu filho tinha Sindrome de Down. Aquela revelação foi como um punhal a atravesar o peito do homem. De pai mais feliz de mundo, agora, ele era pai de uma criança “mongoloide”.
Em plena década de 80, a Sindrome de Down ainda era um verdadeiro tabu, existia um forte preconceito da sociedade como um todo e principalmente das pessoas. Assim, o homem, o pai, vê-se de repente com um “problema” em suas mãos, pois é assim que ele vê o filho: um problema. E há, ao invés de um amor, um sentimento de repulsa, de preconceito, que muitas vezes envergonha e angustia ao homem.
Muitos são os exames que são feitos pela criança, para comprovar aquilo que todos já sabiam, quando, na verdade, o pai ainda possuia a esperança de que a sindrome tivesse sido um erro no diagnóstico, de que seu filho era perfeitamente normal, não possuiando qualquer doença.
Mas com o passar do tempo, a situação muda, e aquele sentimento vergonhoso vai cedendo, e pouco a pouco o pai vai olhando aquela criança, a quem olhava com tanta indiferença, e passa a vê-la, pela primeira vez, como seu filho.
Um livro angustiante, magnificamente bem escrito, repleto de conflitos e valores, como há muito não se via na literatura brasileiro. O Filho Eterno é, sem dúvida, um dos maiores romances da literatura brasileira contemporânea.

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