Todo
professor é meio maluco. Meio maluco não, completamente maluco, um ser
inteiramente insano, um alguém com parafusos soltos e em falta mesmo. Mas não
se trata de uma loucura à toa, mas sim consciente, de um alguém que ouve mais
do que outras pessoas, e prova disso é o fato dele ter ouvido um chamado, uma
voz que vinha lá de longe, e que ele, mesmo sem distinguir o que dizia,
entendeu os sentidos do som e, louco como é, agarrou a profissão e mergulhou
nela de corpo e alma.
A loucura de ser professor é uma coisa que deveria ser estudada seriamente por
Freud ou por algum neurocientista, filósofo, psicólogo, sociólogo ou por algum
estudioso de uma outra área, pois não existe nada que explique o fato desse maluco
querer se dar tanto a uma profissão tão estigmatizada, que tem que conviver
com, muitas vezes, tão precária estrutura, tão pouco valorizada pelos poderes
públicos, por parte da sociedade e até por (pasmem) gestores da educação. E mesmo
sabendo de tudo que lhe espera, o insano, ainda assim, sorri, e vai através de
sua vocação, o que só se explicaria através de uma palavra: sádico. Isso mesmo,
sádico!
Todo professor-maluco é meio sádico,
pois ele parece encontrar um imenso prazer naquele sofrimento que aquela
profissão lhe inflige. Acordar cedo, quando todos em sua casa estão dormindo,
para estudar mais um pouco para ministrar uma boa aula; passar finais de semana
preparando aula, quando todo mundo saiu para passear, para curtir uma praia ou
um cinema; passar noites em claro elaborando prova, corrigindo prova,
organizando caderneta... Só sendo um completo sádico em encontrar prazer nisso
tudo!
Mas sabe por que o professor faz
isso tudo? Porque ele ama o que faz e faz o que ama.
Por mais que uma parcela da
sociedade diga que ele não vai ser reconhecido, por mais que alguns gestores
não façam o menor esforço em valorizar seu trabalho, por mais que o seu salário
fique aquém de seu esforço e dedicação, por mais que tenha que sacrificar suas
noites de sono, finais de semana e feriados para preparar aula, prova e
organizar cadernetas e outras coisas mais inerentes à sua função, ele vai fazer
tudo isso com um sorriso no rosto. Sua expressão pode até estar cansada, seu
corpo poder até estar exigindo descanso, mas sua alma está leve, seu olhar
demonstra determinação e amor por aquilo que faz e seu sorriso estampa a imensa
satisfação que tem em poder dizer que é professor, e ele faz isso com imenso
orgulho.
O professor faz isso tudo não necessariamente
por que ele escolheu tal profissão, mas por ter sido escolhido por ela, e ele,
honrado, atendeu ao chamamento, e ele assim o fez motivado por um imenso amor,
por ser um incorrigível idealista, por acreditar, ainda que tudo diga o
contrário, que a educação é a chave de tudo, e ele quer ser um instrumento
naquele trabalho que é mais do que formar um estudante, que é mais do que
passar conteúdo, mas formar o indivíduo, formar o humano.
O mundo ai fora pode estar louco
(vemos loucuras sendo cometidas a torto e a direito a todo instante – loucuras que
dão ibope, que, tenho a impressão, são orgulhosamente ostentadas), mas para nos
proteger dessa loucura temos super-heróis que, munidos de suas loucuras,
abraçaram uma causa e que fazem o possível e o impossível para, de alguma
forma, ajudar na remediação, de salvamento do mundo, e para isso eles mergulham
fundo e iniciam esse processo lá na base, ainda na infância, ensinando os
pequeninos a usar uma arma mais poderosa, não de destruição em massa, mas de
salvação individual (quiçá em massa, vá...) chamada Educação.
Esse tipo de louco é fundamental para o crescimento da nação. Parabéns pelo texto
ResponderExcluirE alguns são louca e determinadamente consciente de que é isso que querem fazer na vida, sempre. São vocacionados.
ResponderExcluirAmei seu post, parabéns, já sou tua seguidora, porque além de ser professora, também me considero louca hahaha :)
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