quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Espera, tempo que não passa, fim inevitável e recomeço impossível


O tempo passa lento, lento como uma eternidade, lento como um câncer que vai se espalhando por um corpo, pouco a pouco, célula a célula, até que acaba por vencer não só a batalha, mas toda uma guerra. É uma espera sem fim, infrutífera, pois o fim já é conhecido, é fato a ser em breve consumado. É como jogar um jogo com as cartas marcadas, em que se sabe não quem vai vencer, mas sim quem sairá como perdedor. É como viver sem esperanças, sem qualquer perspectiva ou sonho, é como não sonhar, como viver num eterno pesadelo, mas com medo de acordar e perceber que se estar acordado é o pior dos pesadelos que se pode ter.
            A espera, a infrutífera espera, é longa, de forma tal que não pode ser medido em tempo e espaço. A espera tem que ser sentida, tem que ser sofrida. Cada célula do corpo tem que sofrê-la lentamente, a dor lenta, adormenta, até que não se sinta mais nada, até que se feche os olhos e se desista de lutar, de sofrer, de perder e de viver...
            Viver... Nunca palavra alguma fez tanto e tão pouco sentido. Viver dói. É uma dor lenta, com a qual nos acostumamos. Não percebemos que é dor, assim como não percebemos que essa é a vida que vivemos. Vida de dor, de perda, de sonhos falsos, de falsas expectativas, de desencontros e de uma eterna espera que ela acabe, numa tela em que vemos, em letras garrafas, a palavra Fim.
            O Fim é algo que demora a vir, que vem em seus passos lentos, arrastados, sem pressa alguma, pois dele não se pode escapar.
            Fim e Início, unidos um ao outro, numa forma de um círculo, de um círculo vicioso, mas de um círculo vicioso que possui, sim, um fim. Um círculo vicioso quebrado, mutilado ante a impossibilidade de um reinicio.
            Reinício... Na vida, não se há a chance de um novo começo, uma nova oportunidade, um reinício. Quando se perde a chance, a oportunidade, o momento, só nos resta esperar, esperar e esperar... Esperar o que há de acontecer devido ao ato não acontecido. Esperar o tempo passar, o tempo que passa lendo como uma eternidade, que se arrasta, para chegar ao inevitável fim, do qual não se pode fugir.

Um comentário:

  1. tipow... só não me perguntem qual o sentido desse texto e o que quis expressar, que, até agora, estou tentando entendê-lo, estou tentando ME entender.
    depois, quem sabe, quando a cabeça estiver fria, eu me permita relê-lo, repensa-lo e interpreta-lo.

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