quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Hoje... tão só... tão longa espera

Hoje eu estou sozinho. Posso ouvir o som do vento batendo na janela, o canto dos pássaros; posso olhar para o céu e ver seu azul e suas nuvens tão delgadas, de um branco imaculado, puras como o sorriso de uma criança.
Hoje posso sentir a vida correndo em meu corpo, pois estou só comigo mesmo. Posso sentir o sangue correndo em minhas veias, sentir o ar entrando em meus pulmões, posso-me sentir simplesmente vivo. Sentir as batidas do coração, olhar ao longe com visão clara e ouvir todos os sons ao meu redor, ou posso ouvir simplesmente o palpável silêncio.
Hoje, sozinho, posso fazer tudo, ou posso fazer nada, ou ficar apenas observando o tempo passar, ora lento como uma eternidade, ora rápido em sua loucura desvairada.
Hoje posso sentir todos os meus sentidos. Posso tudo ver, mas posso fechar os olhos e nada enxergar; posso ouvir os sonhos, ou ficar em silêncio; posso sentir o cheiro da vida, da mesma forma que sinto o aroma do não-cheiro; posso sentir o calor na pele ao abraçar o mundo, ou abraçar a mim mesmo; posso sentir o gosto doce da vida, ou ficar com o não-gosto da solidão na boca.
Hoje, tão só, posso dar mil voltas em torno de mim mesmo, em uma espécie de círculo vicioso, posso andar de um lado a outro, ou posso ficar parado, cansado de tanto fazer e a canto algum chegar.
Hoje, a sós comigo mesmo, tenho todo o tempo do mundo, ao mesmo tempo em que não tenho tempo a perder.
Hoje, tão só, nessa longa espera, só me resta esperar, até alguém chegar, até alguém chamar meu nome, até alguém me dar um abraço e acabar de uma vez por todas com essa solidão que tanto me faz bem, mas que, ao mesmo tempo, me faz tanto mal.

Um comentário:

  1. Me identifiquei pacas com isso, pois é dessa mesma maneira que me sinto agora.

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