Todo mundo precisa
de um apelido para cada época da vida. Apelido é algo único, que marca um
momento de sua vida, do qual você vai se lembrar para o resto da vida, tendo
gostado dele (e do momento) ou não.
Apelidos marcam tanto, são tão
fortes, que vez por outra acontece até de esquecermos o nome de um amigo de outros
tempos, mas o apelido jamais a gente esquece.
Há apelidos que são universais, a
que todo mundo conhece uma poção de amigos que os possuem. Cabeção, por exemplo, “que atire a primeira pedra quem nunca teve
um amigo cujo apelido é Cabeção”. Eu, pelo menos, perdi a conta de quantos
amigos receberam tal alcunha. Quando menino, eu tinha um visinho que se chamava
Adonias, mas era raro um alguém chamá-lo pelo nome. Todos os chamavam de
Adonias-Cabeção, Cabeção, Cabeça ou coisa do tipo. Chamá-lo pelo nome, apenas,
era algo impensável. Também tenho um primo, chamado Thiago, que recebeu, desde
pequeno, o apelido de Cabeção. Gordo
também é um “apelido universal”. Todo mundo conhece um alguém que tem como
apelido Gordo. E não precisava nem se ser tão gordo assim para ser congratulado
com ele. Bastava ser só um pouco mais cheinho ou se ser o mais “bem-nutrido” da
turma para se receber o apelido de Gordo. Conheço uma poção de amigos que
receberam tal apelido, como, por exemplo, lá do bairro onde vivi toda a minha
infância e a maior parte da adolescência, tinha o Kléber-Gordo, que na época
nem era tão gordo assim, mas, como disse, só por ser o mais “fortinho” da
turma, recebeu tal apelido.
Mas fugindo dos “apelidos
universais”, há também os próprios, os únicos, a que a gente, hoje, fica
imaginando de onde e de por que surgiram, de onde veio tanta criatividade para forjá-los.
Tive, por exemplo, amigos chamados Toco, Cádá, Bucho-de-Sôia, Bufinha, o
Genipapo e o Jipô, que foram apelidos que se incorporaram de tal forma que
ninguém mais lembra do próprio nome das pessoas. Tive amigos “chamados Bicho-do-Mato,
Abelinha (!), Ossada, Carrapicho, Batatão, Wandersapo e o Chula. Também tive
muitos “amigos-pop-stars”, como o Miqui Jegue (corruptela do Mick Jagger), o
Nhonho e até um Derbão (por conta do cigarro Derby).
A mim também couberam muitos
apelidos, em diferentes momentos de minha vida, como o Moloide (por conta do
jeito eternamente desengonçado), Pata-de-Caranguejo (motivado pelas pernas
finas e peludas), Preguiça e Chato (esses eu não precisa justificar). E hoje,
mesmo já adulto, ainda lembro com carinho dos apelidos e, principalmente,
óbvio, das pessoas, e confesso sentir até uma certa saudade dos tempos em que
colocava e recebia apelidos.
Pena que a rotina, o dia a dia,
acaba nos tirando esse prazer, pois depois que nos tornamos adultos não mais
recebemos e colocamos apelidos em ninguém, pelo menos não com a frequência que
o fazíamos em outros tempos. Mas, de qualquer forma, sempre sobra um tempinho e
uma oportunidade que a gente agarra com unhas e dentes para apelidar um alguém,
nem que seja um professor da universidade e um (a) amigo (a) do trabalho.
" Ai meu tempo faz tanto tempo que meu tempo não vouta mais" Antiga cantiga de capoira que traduz a minha saudade do velho mangueirão, produtor desses apelidos, soutar pipa, caçar calangos, puchar rolareira, atirar de baladeira, jogar mirim ou campionato de penaltes,ir escondido da família se banhar no tarubo e camboa da baleia do Rio Potengi. Saudosismo cruel!Não gostaria de resurgir para uma nova vida mas sim revivar para minha velha vida. Vai Arlindo Neto baldiando a passado.
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