Foi 2013 um ano muito bom de
leituras. Iniciei lendo Os Cossacos,
de Tolstoi (é tradição minha iniciar o ano de leitura “com o pé direito”, lendo
um grande autor, um clássico da literatura universal) e o fechei com O remorso de Baltazar serapião, de
Valter Hugo Mãe (tradição, também, fechar bem o ano).
Este ano foi de muitas descobertas e
algumas decepções (estas sempre acontecem), e também de outras coisas, como “minhas
pazes” com Chico Buarque. Falo em “pazes” porque havia lido anteriormente o tão
badalado, premiado, salve-salve Leite
Derramado, e fiquei com uma impressão não muito boa do livro (talvez a
impressão tenha sido não das mais favoráveis pelo excesso de entusiasmo por
parte da crítica, o que me levou a ler o livro com uma expectativa muito elevada),
como se o leite do livro estivesse “talhado”, estragado mesmo. Depois dessa
experiência, fiquei resistente quanto a Chico, mas esse ano resolvi dar uma
nova chance ao autor, e mergulhei na leitura do que talvez seja o mais elogiado
livro dele, Budapeste. Gostei muito
do livro, tanto que resolvi dar novas chances ao autor e quem sabe até colocar na “minha lista de
possíveis releituras” o livro Leite
Derramado, agora para lê-lo de forma mais livre, sem aquele frenesi da
crítica e sem preconceitos, para “desempatar a partida”, afinal de contas,
estamos no 1 a 1, eu e Chico Buarque. Outro autor e livro que subiu (decolou)
no meu conceito foi Stephen King. Nunca fui muito de ler livros de suspense e
terror (assim como leio pouca ficção científica, poesia e livros de ensaios). Já
havia, sim, lido outros livros do autor, dos quais gostei bastante, como Á espera de um milagre, e vários textos
soltos, de pequenos contos, garimpados em livros diversos, mas nunca me caíra
nas mãos algo de mais marcante, de maior “peso” na obra do autor, até que
resolvi abrir as páginas de O Iluminado.
Que livro! Estupendo! Fantabuloso! Fodástico! Nunca senti os pelos de meus
braços e de minha nuca se arrepiarem tanto quanto quando estava lendo esse
livro. A linguagem, a maneira como Stephen King escreve, o ritmo da leitura, o
suspense, a expectativa e o medo que ele faz o leitor sentir o colocam (com
toda a justiça) como o maior autor do gênero da atualidade, um dos maiores de
todos os tempos, e, para a literatura como um todo, um ícone, um cânone de seu
tempo. Também tive o prazer de reencontrar Khaled Housseini, que não escrevia
(e publicava) um livro há anos, o que fez com que nós, seus leitores, nos
sentíssemos tão órfãos de sua tão cativante forma e personagens. Li dois livros
de Carlos Ruiz Záfon, um dos autores contemporâneos que eu sempre leio (só não
li, ainda, dele, o mais recente, pois não tive a oportunidade de pegá-lo –
afinal de contas, são tantos livros, são tantas obrigações, que nem sempre dá
para se pegar para ler tudo que se gostaria nem se ler tudo).
A leitura de clássicos da literatura
mundial tem, sempre, um tempo dedicado em meu “ano de leituras”. Li Tolstoi,
conheci uma outra face do “leão russo” ao estudar sua vida quando li sua
biografia (livro fantástico, de uma pesquisa primorosa, diga-se de passagem –
trata-se do Tolstoi a biografia, de
Rosamund Bartlett), li Leskov, A fraude e
outras histórias, Turgueniev, Rúdin, Puchkin,
Pequenas Tragédias,e Dostoievski, Humilhados e Ofendidos, (inclusive, fiz
uma promessa a mim mesmo de começar a comprar e ler toda a obra do autor). Mas
nem só de autores russos se fez o meu ano de leitura. Também li Gabriel Garcia
Márquez, Crônica de uma morte anunciada,
Balzac, Coronel Chabert, Philip Roth ,
O Complexo de Portinoy, (que apesar
de ser contemporâneo, eu o coloco com um “clássico”, dada a sua importância e
impacto da obra na literatura mundial), Cortazar, Bestiário, (que me decepcionou bastante, diga-se de passagem) e o
clássico brasileiro ficou por conta de Dom
Casmurro, que eu tive o prazer de ler pela terceira vez.
Consegui, finalmente, atingir uma “meta
mínima” de leitura de autores brasileiros (leio muito mais os estrangeiros, e
você, amigo “seguidor de leituras”, sabe bem disso), conhecendo Zuenir Ventura,
Sagrada Família, Ana Maria Machado,
com o Palavra de Honra, a premiada
Adriana Lisboa com o seu livro Sinfonia
em Branco, os infantis Dom Quixote
das crianças, de Monteiro Lobato e Chapeuzinho
Amarelo, de Chico Buarque em parceria com Ziraldo. Li livros e autores
menos badalados e conhecidos do público em geral, como Paulo Sutto, Contos para ler antes de dormir e Josué
Melo, com seu excepcional Dias Miseráveis,
além do interessante Maurício Lyrio, Memória
da Pedra. Li também Paulo Freire, Antônio Cândido e, óbvio, o meu grande ídolo (na música e cada
vez mais consolidado na literatura) Humberto Gessinger, em seu novo livro, Seis Segundos de atenção. Mas de todos
os nacionais, de todos os livros que li em 2013, o melhor, sem dúvida, foi O Arroz de Palma.
Antes mesmo de finalizar a leitura
do livro de Francisco Azevedo, O Arroz de
Palma, já sabendo que tinha um tesouro da literatura, desses que a gente
descobre em meio a tantas leituras, e o alcei imediatamente a um dos melhores
livros de literatura nacional que já li em minha vida (de todos os livros, de
todos os autores, O arroz de palma
está entre os melhores), e ao ler o último ponto já havia me predisposto a dar
a ele o “Oscar” de Livro do Ano.
Livros do Ano foram vários
(lembrando que nunca posto os clássicos nessa lista, pois estes constituem uma “casta”
elevada, superior, própria), mas nenhum maior que O Arroz de Palma. Os dramas A
Menina de Vidro, de Jodi Picoult, uma autora da qual eu tenho me tornado
cada vez mais fã, e Um pedidos às
estrelas, de Priscille Sibley (livro da capa feia, tosca, bem piegas –
portanto, nada de julgar este livro pela capa) figuram entre os melhores lidos
em 2013, assim como O Renegado, de
Sadie Jones, que me impressionou pelo fator psicológico e de difícil
construção, de tocante “distanciamento emocional” do personagem principal da
história.
Foram, no total, 54 livros iniciados
em 2013, no entanto, 3 ficaram pelo meio do caminho por motivos diversos, para
serem retomados em um outro momento, entre eles Os Pilares da terra, de Ken Follet, livro excepcional, que eu tive
que devolver (tinha-o pego emprestado e lamentei profundamente quando tive que
devolvê-lo, prometendo para mim mesmo retomá-lo do ponto que tinha parado).
No geral, 2013 um ano muito bom de leituras, com reencontros, pazes,
promessas não cumpridas (como como sempre, a minha não leitura, por falta de
coragem, de Ulysses, de James Joyce),
descobertas de tesouros e, acima de tudo, muitos prazeres a que só a leitura de
um grande livro pode proporcionar.
O meu 2014 de leituras se iniciará em breve, e já sei com que livro
irei “abrir minhas atividades”, mas já sei que não conseguirei cumprir a minha
promessa de leitura de Ulysses e não
faço ideia de com que livro irei finalizá-lo (fechar com chave de ouro).
E você, amigo
leitor, como foi seu ano de leitura e quais as perspectivas e expectativas para
o ano que se inicia logo mais?
Obrigado pela citação de meu humilde livro, no meio de tantos renomados nomes. Abraço e bom ano que se inicia.
ResponderExcluirpaulo Sutto
Olá Lima... gosto de ler o balanço anual de leitura q vc faz. Anos anteriores me inspirei aqui pra comprar livros. Estou com dois pra ler o " arros de palma" e " felicidade conjugal, mas ao ler o q vc escreveu ja fiquei curiosa pra ler "A Menina de Vidro", de Jodi Picoult. A conheci recente, por indicação sua com o livro "A gurdiã
ResponderExcluirde minha irma" e gostei muito.Parabéns pelo q vc faz. É bastante inspirador. Até mais
Excelente balanço. Excelente mesmo. Quando eu leio seus comentários sobre os livros lidos no ano ou quando eu acompanho suas postagens no facebook é que eu me toco o quanto eu não li nada literatura russa e quase nada de literatura brasileira. Ou a culpa é minha ou é do mundo. Um pouco dos dois. Só conheço os mais badalados da Rússia, e pelo preço que saem nas livrarias eu vejo que raramente conseguirei por as mãos neles. E quanto à literatura brasileira eu sou uma completa vergonha. Santo Zeus! Só li os 'ordenados' pela escola, que sempre são os mais chatos, e terminei por pegar desgosto. O único que gosto (amo profundamente, aliás) e que conheci sozinha, sem intermédio da escola, foi o Érico Veríssimo e para mim é um dos melhores escritores de todos os tempos.
ResponderExcluirGosto muito de ler o que você escreve, Lima, para seguir suas influências. Há ainda um universo inteiro de livros para eu desbravar.