Amanhã eu completarei trinta anos, e só me dei conta disso
hoje, na véspera de meu aniversário. Nunca fui ligado a numerologia, números
cabalísticos e seja lá que óticas astrológicas e esotéricas venha a ser, mas
fato é que chegar ao trinta anos me fez olhar para trás e pensar e outros
tantos aniversários e em outras tantas vésperas de aniversário de minha até
aqui tão curta vida.
No dia 17
de julho de 1988, na véspera de meu aniversário de cinco anos, eu ainda era um
menino, e a minha única preocupação era com a festa que a minha mãe estava
preparando para o dia seguinte. Fiquei o dia inteiro a pensar se todos os meus
primos e amigos viriam e que presentes iria ganhar. Ficava fantasiando se tal
tio iria me dar tal brinquedo e passava minutos a fio pensando, devaneando,
brincando com o brinquedo sem sequer tê-lo ganhado (ainda). Mas também ficava
com raiva por antecedência, só em pensar que tal tia distante iria me dar
roupa, e eu, como todo menino, odiava ganhar roupa de presente de aniversário!
Aquela idade que iria chegar no dia seguinte representava o encerramento de um
ciclo e início de um outro, em que deixava de ser um Menininho e passaria a ser
um Menino, uma criança, e não mais um “bebê da mamãe”. E naquela fatídica
noite, não dormi, tamanha a ansiedade que sentia, desejoso de completar logo
meus cinco anos.
Em 17 de
julho de 1993, quando no dia seguinte eu iria completar meus dez anos, eu já
não era só um menino, e já queria que chegasse logo o dia seguinte, em que eu
completaria meus dez anos e passaria a ser tratado (e me veria) como um rapaz.
Minha mãe tinha passado o dia inteiro nos preparativos de minha festa de
aniversário, minha “ultima festa de aniversário” nas palavras dela. Era uma
data e uma festa especial, e tudo nos arranjos representava isso: nada de
artigos multicoloridos e, ao invés disso, tudo representava as cores do Brasil,
da seleção brasileira de futebol, pois eu, como todo menino (digo, rapaz!) da
minha idade, era vidrado em futebol, e meu sonho era um dia me tornar jogador
profissional e defender a seleção brasileira numa Copa do Mundo. Nessa idade
que estava completando, dez anos, ainda somos meio crianças mas com espíritos,
sonhos e devaneios de um alguém mais velho. Podemos não ser tudo o que podem
ser as crianças, pois esse ciclo de minha vida já estava sendo fechado, mas sim
sabemos o que queremos ser naquela nova fase da vida que se descortinava
perante nossos olhos.
No dia 17
de julho de 1998, quando eu estava para completar meus quinze anos, eu já não
era nem criança, nem menino, nem rapaz, mas sim um adolescente, um “homem em
formação”, e me sentia como tal. Nesse dia em especial, nessa véspera de tão
importante data de minha vida, eu me sentia triste, pois há apenas alguns dias
eu havia perdido o meu pai. Além disso, quando vamos “ficando mais velhos”,
“ganhando experiência”, ou seja lá como chamem o processo natural de envelhecimento
e se aprendendo na vida, a gente vai tomando, aos poucos, um “choque de
realidade” e passa a enxergar a vida sem lentes, sem distorções. Os sonhos
agora passam a ser muito reais, e eu não queria mais ser jogador de futebol,
pois além de saber que seria muito difícil de realizar tal sonho, estava muito
decepcionado com o futebol e a seleção brasileira, e, além do mais, estava meio
que prevendo o que iria nos aprontar na final daquela Copa a França de Zidane. Quinze
anos para mim, um adolescente tímido que era (e continuo a ser tímido, embora
não mais adolescente), representava muito para mim, pois embora ainda tão
jovem, já possuía alguma boa noção do que a vida tinha pela frente. Minha
ansiedade, nesse dia em especial, era que no dia seguinte eu seria (me
sentiria) mais “maduro” e que talvez isso significasse algum fim da timidez que
me assolava desde que “eu me entendo por gente”.
Quando, no
dia seguinte, eu faria os meus dezoitos anos, em 17 de julho de 2001, e estava
adentrando na idade adulta, embora ainda não recaísse sobre meus ombros todas as
responsabilidades que a idade e vida adulta; estas estavam me vindo bem aos
poucos, em doses homeopáticas. Estava ansioso, pois, no dia seguinte iria
trazer a minha primeira namorada (demorei para ter minha primeira namorada por
conta de minha patológica timidez) para apresentá-la à minha mãe e algumas
pessoas da família, que viriam a minha casa para uma pequena festa, bem
pequena, “só para não passar em branco”, como minha mãe disse. Estava
encerrando mais um ciclo em minha vida e iniciando uma nova fase. Já havia
entrado na universidade, já tinha minha primeira namorada e já vislumbrava um
futuro próximo; já tinha uma série de responsabilidades e por isso me sentia um
pré-adulto.
Em 17 de
julho de 2004, as vésperas de adentrar de vez na maioridade, quando, no dia
seguinte eu completaria meus vinte e um anos, eu me sentia um tanto quanto
perdido. Já havia feito tantos planos, já havia sido tantos eus e já tinha
sofrido algumas decepções. Estava excessivamente taciturno naquele dia (e
ficaria ainda mais no seguinte), pois, como todo mundo que está chegando a essa
idade, eu tinha pressa excessiva, e queria tudo pra ontem. Ainda não tinha um
emprego de verdade (estava fazendo um estágio na universidade), e tinha pressa
de conseguir logo um; as namoradas que tive me causaram certa decepção, e por
isso mesmo, pela minha natureza mais propensa a melancolia e dramática,
sentia-me inseguro e com medo de vir a ter novas decepções; e queria conseguir
tudo o quanto antes, pois tinha a impressão de que o tempo estava passando
muito depressa, os anos estava passando muito rápido, e eu não tinha conseguido
e construído nada de mais sólido e efetivo em minha vida! Tinha medo do que
esse novo ciclo que se iniciava em minha vida e queria, a todo custo, me
segurar e permanecer no anterior por mais alguns anos, pelo menos até me sentir
realmente preparado, mas o tempo não para, os anos, os meses e os dias
continuam seu percurso natural, e no dia seguinte eu seria obrigado pela vida a
dar mais um passo em minha vida. Não havia planejado nada para o dia seguinte,
e só sabia que o dia seria longo, e que o ciclo seguinte seria beeeemmmm loooonnnngo...
Hoje, 17 de
julho de 2013, estou prestes a completar meus trinta anos e a iniciar um novo
ciclo de minha vida, que já não é mais tão curta, mas que ainda não constitui
uma vida longa. Ainda não construí tudo que gostaria, mas não tenho a pressa
que tive há alguns anos (aniversários) atrás, e sei (aprendi) que nada na vida
é “pra já”, que tudo se dá em seu devido tempo, que as coisas acontecem um
passo depois do outro. Tenho, ainda, óbvio, mil e um planos para a minha vida,
para os próximos 5, 10, 15, 18, 21 e 30 anos; tenho tantos planos que seriam
necessárias pelo menos mais 10 vidas plenas e inteiras para vivê-los e
realizá-los. Mas o que importa a realização dos sonhos? O que importa,
realmente, é o sonhar! O que me vai acontecer amanhã, eu não sei (não tenho o
dom de prever o futuro!), mas sei que estarei iniciando um novo ciclo, que
estarei dando um novo passo, e que, embora não crendo na cabala e na
numerologia, é sempre bom a gente se prender não a números, não a significados,
mas a cada momento, a cada fato que a vida nos proporciona.
Meu amigo, acabei de ler a sua crônica! Posso dizer que data temos 15 dias de diferença do nosso nascimento, não me chame de vó! (risos).
ResponderExcluirNa minha humilde opinião, os 30 anos te dá respostas/frutos positivos e negativos do que você fez nos anos passados, provavelmente é também porque só quando chegamos nessa idade é que paramos pra pensar o que fizemos para chegar até aqui!
No meu caso não sou uma canceriana típica, caso alguém acredite em signos. Sou de correr atrás do que quero sem "frescurinhas", mas os resultados por incrível que pareça colho hoje aos 30, acho que pode ser coincidência mesmo! Acho porque hoje sei que tudo passa, tudo se resolve, dinheiro, emprego, família, amor e amigos, TUDO SE RESOLVE!
Beijo e saudades!
Retire o "data" por favor!kkkkkkkkkkk
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