Eu sou o tipo de pessoa que ter escrito na testa a palavra “metódico”.
Sou, sempre fui e sempre vou ser um metódico e tradicionalista. Sou do tipo que
segue cronogramas de leitura, que traça metas e que, embora por vezes se desvie
em alguns momentos, acaba, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, voltando
ao “plano original”. Nas minhas leituras, eu sou mais metódico ainda. Tenho “tradições”
de reler pelo menos um livro por ano, iniciar o ano lendo um grande livro e terminá-lo
também me deliciando com a leitura de uma grande obra literária.
Esse ano,
de 2011, foi bom, sem dúvida, mas eu confesso já ter tido anos bem melhores sob
diversos aspectos, tanto no número de livros lidos quanto nas grandes surpresas
encontradas ao longo do ano. Mas mesmo 2011 não tendo sido tão marcante, por
assim dizer, do que anos anteriores, mesmo assim, foi muito bom...
Iniciei o
ano de leitura, lendo, logo de cara, para começar o ano bem, três grandes
livros: Ratos e Homens, de John
Steinbeck, Contos de Belkin, de
Pushkin e A Aldeia de Stiepanchikov e
seus habitantes, de Dostoievski. Li, como sempre, Tolstoi e muitos outros
clássicos da literatura russa e mundial, mas também li excelentes “Best-sellers”
e confesso ter me surpreendido enormemente, que eu julgava tão despretensiosos.
É bom sempre se surpreender com as leituras, o que prova (comprova) que com a
literatura a gente só tem a se surpreender, por mais que a gente leia e conheça
de livros. Dos clássicos, por mais “antigos” que sejam, por mais que já se
conheça a respeito, sempre nos surpreendem, e sempre há algum grande livro que
não sabemos como nem por que nunca prestamos atenção, o que foi o caso, para
mim, em 2011, de O Emblema Vermelho da
Coragem, de Stephen Crane, um livro que até hoje está ecoando em minha
cabeça e que está na minha lista de releituras para os próximos anos. Li e me
surpreendi (sempre) com Tolstoi e me deliciei com as leituras de Steinbeck,
principalmente com o primeiro livro do ano, que até agora está me angustia, por
mais que eu já tenha “fechado o livro” há tantos meses. A minha releitura ficou
por conta de Odisseia, de Homero, que
eu tinha lido há tantos anos e já tinha esquecido como o livro é rico, escrito
de uma forma magistral e tão envolvente, verdadeiramente hipnótica. Mas mesmo
nas leituras de clássicos, nem tudo são flores, como se diz popularmente. Há clássicos
de que se fala tanto, que tantos comentam, fala-se tão bem, e, quando os lemos,
ficamos com aquela impressão de: “será que li o livro certo?”, “será que era
esse o livro de que todos falavam tanto e tão bem?”. E ficamos com o gosto de
certa frustração da leitura. Esse ano, a frustração literária foi o Jakob Von Gunten: um diário, de Robert Walser.
O livro é bem escrito, sem dúvida, mas não acrescentou nada demais nas minhas
leituras (é duro dizer isso, acreditem!) ao longo do ano.
No que se
refere aos “Best-sellers”, li alguns que me deixaram complexamente extasiado. Li
bons policiais, suspenses psicológicos, romances e dramas. O Eu Mato, de Giorgio Faletti foi, talvez,
o que mais me pegou desprevenido, pois eu jamais será capaz de imaginar quem
estava por trás de todo aquele mistério, mas o As duas menininhas de azul, de Mary Higgins Clark também merece
destaque, pelo ritmo frenético, pela magnífica “arquitetura da história” e pela
forma como toda a trama é conduzida. E por falar em “arquitetura da história”,
o que posso falar de Patrícia Highsmith? Simplesmente nada! Li dois livros
dela, e adorei o primeiro, Este Doce Mal.
Um suspense psicológico desses de tirar o fôlego e de enlouquecer o leitor com
as loucuras do personagem. Romances, li alguns muito bons, e queimei a língua, felizmente,
com um: o Água para elefantes.
Conhecia muito superficialmente o livro e quando ouvi falar que ia ser adaptado
para o cinema, pensei que se tratava apenas de mais um Best-Seller agradável,
escrito só e unicamente para vender, sem grande valor literário. Mas logo nas
primeiras páginas vi que a minha opinião estava equivocada, completamente
enganada. O livro é muito bom, rico, agradável, envolvente, etc, etc e etc.
Mas, em 2011, as gratas surpresas da literatura Best-Seller ficaram por conta
dos livros A Guardiã da minha irmã, Quarto e Aqueles que nos salvaram, de Jodi Picoult, Emma Donoghue e Jenna
Blum, respectivamente. São dramas fantásticos, livros de uma força
surpreendente, de uma carga emocional ímpar, de “fator psicológico” capaz de
mexer com o humano-leitor. E o que falar de Marina,
de Carlos Ruiz Zafón? Um livro simplesmente magnífico, sob todas as óticas.
Dos grandes
livros, não clássicos (ainda), e que não podem ser colocados no mesmo patamar
dos Best-Sellers, merecem destaque o Sombras
Marcadas, de Kamila Shamsie, O 11º
Mandamento, de Abraham Verghese, Nêmesis,de
Philip Roth e O Silêncio, de Shusaku
Endo, se bem que estes dois são verdadeiros clássicos modernos. O último,
inclusive, é um livro que ouso colocar no nível de “perturbador” e “excessivamente
forte”.
Nas minhas
leituras de 2011, óbvio, não faltaram grandes livros de literatura brasileira. Érico
Veríssimo é lugar cativo nas minhas leituras anuais e já está entre as minhas “tradições”.
Li Luis Fernando Veríssimo e Ronaldo Correia de Britto, mas talvez o brasileiro
que mais “me pegou desprevenido” tenha sido o Rubem Fonseca. Sempre ouvi falar
muito bem dele, mas nunca tinha parado para ler nada. Resolvi me render e ler
um de seus livros, o Axilas e outras
histórias indecorosas. É um livro, são histórias que linhas muito tênues
separam um lado do outro: ácido, irônico e sarcástico do ridículo, o
intelectual do banal, o “Cult” do “tosco”, e por aí vai...
Para finalizar
o ano, um grande livro era necessário, e, entre tantas opções que tinha à minha
frente, escolhi o 1984, de George
Orwell, um livro que estava na minha “lista” há um bom tempo, mas que, por
motivos diversos, eu nunca pegava para ler.
Enfim, 2011, no fim das contas,
foi um ano muito bom no que se refere às leituras. Foram no total 46 livros lidos
e apenas 1 abandonado.
Expectativas para 2012? Muitas,
muitas e muitas. Espero ser muito surpreendido, “queimar minha língua” e
descobrir tesouros-literários escondidos entre as estantes das livrarias, ler
aquele livro que jaz esquecido, que ninguém conhece ou ouviu falar. Reler grandes
clássicos e descobrir outros tantos. Enfim, ter um 2012 repleto de livros,
livros e mais livros.
e você, amigo leitor, que acompanha e lê as postagens deste blog, o que leu de bom, de ruim, o que lhe surpreendeu e o que lhe decepcionou nesse ano de leituras?
ResponderExcluircompartilhe conosco as suas leituras de 2011.
Independente de posição política, ideológica, religiosa ou qualquer outra coisa, desejo um Feliz 2012, de muita saúde para continuar seu trabalho. Conte com a equipe do Blog do Pau Molão.
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