sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Balanço Anual de Leitura


Eu sou o tipo de pessoa que ter escrito na testa a palavra “metódico”. Sou, sempre fui e sempre vou ser um metódico e tradicionalista. Sou do tipo que segue cronogramas de leitura, que traça metas e que, embora por vezes se desvie em alguns momentos, acaba, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, voltando ao “plano original”. Nas minhas leituras, eu sou mais metódico ainda. Tenho “tradições” de reler pelo menos um livro por ano, iniciar o ano lendo um grande livro e terminá-lo também me deliciando com a leitura de uma grande obra literária.
            Esse ano, de 2011, foi bom, sem dúvida, mas eu confesso já ter tido anos bem melhores sob diversos aspectos, tanto no número de livros lidos quanto nas grandes surpresas encontradas ao longo do ano. Mas mesmo 2011 não tendo sido tão marcante, por assim dizer, do que anos anteriores, mesmo assim, foi muito bom...
            Iniciei o ano de leitura, lendo, logo de cara, para começar o ano bem, três grandes livros: Ratos e Homens, de John Steinbeck, Contos de Belkin, de Pushkin e A Aldeia de Stiepanchikov e seus habitantes, de Dostoievski. Li, como sempre, Tolstoi e muitos outros clássicos da literatura russa e mundial, mas também li excelentes “Best-sellers” e confesso ter me surpreendido enormemente, que eu julgava tão despretensiosos. É bom sempre se surpreender com as leituras, o que prova (comprova) que com a literatura a gente só tem a se surpreender, por mais que a gente leia e conheça de livros. Dos clássicos, por mais “antigos” que sejam, por mais que já se conheça a respeito, sempre nos surpreendem, e sempre há algum grande livro que não sabemos como nem por que nunca prestamos atenção, o que foi o caso, para mim, em 2011, de O Emblema Vermelho da Coragem, de Stephen Crane, um livro que até hoje está ecoando em minha cabeça e que está na minha lista de releituras para os próximos anos. Li e me surpreendi (sempre) com Tolstoi e me deliciei com as leituras de Steinbeck, principalmente com o primeiro livro do ano, que até agora está me angustia, por mais que eu já tenha “fechado o livro” há tantos meses. A minha releitura ficou por conta de Odisseia, de Homero, que eu tinha lido há tantos anos e já tinha esquecido como o livro é rico, escrito de uma forma magistral e tão envolvente, verdadeiramente hipnótica. Mas mesmo nas leituras de clássicos, nem tudo são flores, como se diz popularmente. Há clássicos de que se fala tanto, que tantos comentam, fala-se tão bem, e, quando os lemos, ficamos com aquela impressão de: “será que li o livro certo?”, “será que era esse o livro de que todos falavam tanto e tão bem?”. E ficamos com o gosto de certa frustração da leitura. Esse ano, a frustração literária foi o Jakob Von Gunten: um diário, de Robert Walser. O livro é bem escrito, sem dúvida, mas não acrescentou nada demais nas minhas leituras (é duro dizer isso, acreditem!) ao longo do ano.
            No que se refere aos “Best-sellers”, li alguns que me deixaram complexamente extasiado. Li bons policiais, suspenses psicológicos, romances e dramas. O Eu Mato, de Giorgio Faletti foi, talvez, o que mais me pegou desprevenido, pois eu jamais será capaz de imaginar quem estava por trás de todo aquele mistério, mas o As duas menininhas de azul, de Mary Higgins Clark também merece destaque, pelo ritmo frenético, pela magnífica “arquitetura da história” e pela forma como toda a trama é conduzida. E por falar em “arquitetura da história”, o que posso falar de Patrícia Highsmith? Simplesmente nada! Li dois livros dela, e adorei o primeiro, Este Doce Mal. Um suspense psicológico desses de tirar o fôlego e de enlouquecer o leitor com as loucuras do personagem. Romances, li alguns muito bons, e queimei a língua, felizmente, com um: o Água para elefantes. Conhecia muito superficialmente o livro e quando ouvi falar que ia ser adaptado para o cinema, pensei que se tratava apenas de mais um Best-Seller agradável, escrito só e unicamente para vender, sem grande valor literário. Mas logo nas primeiras páginas vi que a minha opinião estava equivocada, completamente enganada. O livro é muito bom, rico, agradável, envolvente, etc, etc e etc. Mas, em 2011, as gratas surpresas da literatura Best-Seller ficaram por conta dos livros A Guardiã da minha irmã, Quarto e Aqueles que nos salvaram, de Jodi Picoult, Emma Donoghue e Jenna Blum, respectivamente. São dramas fantásticos, livros de uma força surpreendente, de uma carga emocional ímpar, de “fator psicológico” capaz de mexer com o humano-leitor. E o que falar de Marina, de Carlos Ruiz Zafón? Um livro simplesmente magnífico, sob todas as óticas.
            Dos grandes livros, não clássicos (ainda), e que não podem ser colocados no mesmo patamar dos Best-Sellers, merecem destaque o Sombras Marcadas, de Kamila Shamsie, O 11º Mandamento, de Abraham Verghese, Nêmesis,de Philip Roth e O Silêncio, de Shusaku Endo, se bem que estes dois são verdadeiros clássicos modernos. O último, inclusive, é um livro que ouso colocar no nível de “perturbador” e “excessivamente forte”.
            Nas minhas leituras de 2011, óbvio, não faltaram grandes livros de literatura brasileira. Érico Veríssimo é lugar cativo nas minhas leituras anuais e já está entre as minhas “tradições”. Li Luis Fernando Veríssimo e Ronaldo Correia de Britto, mas talvez o brasileiro que mais “me pegou desprevenido” tenha sido o Rubem Fonseca. Sempre ouvi falar muito bem dele, mas nunca tinha parado para ler nada. Resolvi me render e ler um de seus livros, o Axilas e outras histórias indecorosas. É um livro, são histórias que linhas muito tênues separam um lado do outro: ácido, irônico e sarcástico do ridículo, o intelectual do banal, o “Cult” do “tosco”, e por aí vai...
            Para finalizar o ano, um grande livro era necessário, e, entre tantas opções que tinha à minha frente, escolhi o 1984, de George Orwell, um livro que estava na minha “lista” há um bom tempo, mas que, por motivos diversos, eu nunca pegava para ler.
Enfim, 2011, no fim das contas, foi um ano muito bom no que se refere às leituras. Foram no total 46 livros lidos e apenas 1 abandonado.
Expectativas para 2012? Muitas, muitas e muitas. Espero ser muito surpreendido, “queimar minha língua” e descobrir tesouros-literários escondidos entre as estantes das livrarias, ler aquele livro que jaz esquecido, que ninguém conhece ou ouviu falar. Reler grandes clássicos e descobrir outros tantos. Enfim, ter um 2012 repleto de livros, livros e mais livros.

2 comentários:

  1. e você, amigo leitor, que acompanha e lê as postagens deste blog, o que leu de bom, de ruim, o que lhe surpreendeu e o que lhe decepcionou nesse ano de leituras?
    compartilhe conosco as suas leituras de 2011.

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  2. Independente de posição política, ideológica, religiosa ou qualquer outra coisa, desejo um Feliz 2012, de muita saúde para continuar seu trabalho. Conte com a equipe do Blog do Pau Molão.

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