Hoje em dia as pessoas se doem com absolutamente tudo. Tudo que
a gente fale ou faça é Bullying, preconceito ou simples desrespeito. Tudo bem
que esses temas tem sido cada vez mais debatidos com mais frequencia na sociedade atual, mas não é por conta disso
que tudo se enquadre como “subversivo”, “agressivo” e “desrespeitoso”. Apelidos,
por exemplo. Ter apelidos é normal, natural e ouso dizer que até saudável. O apelido
é como uma maca registrada que vai ser levado para toda uma vida, é como um
retrato de um tempo que passou. Tudo bem que existem apelidos mais agressivos,
que pessoas não gostam do que recebem (normalmente as pessoas não gostam, mas,
de uma forma ou de outra, acabam se acostumando e até gostando dos apelidos que
receberam), mas daí a se afirmar que todo apelido é Bullying a ponto de quase
proibirem as pessoas de colocarem apelidos umas nas outras e receberem seus
devidos apelidos já é demais.
Apelidos,
como disse anteriormente, são saudáveis até, e nos fazem lembrar épocas, amigos
e fatos acontecidos há anos dos quais sentimos imensa saudade. Eu, por exemplo,
já recebi inúmeros apelidos em diferentes épocas de minha vida. Fui, na adolescência,
devido ao grande número de espinhas que tinha cara, chamado de Choquito, fui,
em outra época, quando jogava vôlei com os amigos, chamado de Moloide, por que
era um tanto quando desengonçado (todo molenga mesmo) e não levava muito jeito para
o esporte. Já fui o Preguiça (não preciso explicar esse apelido né?), fui (e
continuo sendo) o Chato, fui o Pata de Caranguejo, por que minhas canelas são
finas e cabeludas, entre tantos outros apelidos que recebi e continuo a receber
(embora, nessa época em que tudo é Bullying e preconceito, com menos
frequencia) outros apelidos, que irão continuar comigo pelo resto da vida,
embora eu não tenha mais espinhas (deixei de ser o Choquito), não jogue mais vôlei
(deixei o Moloide de lado) e tenha conseguido deixar minhas pernas um pouco
menos finas (me livrei da alcunha de Pata de Caranguejo), mas alguns eu ainda
continuo sendo, como o Preguiça e o Chato.
Tive amigos
em que os apelidos pegaram tanto, de tal forma, que se tornaram quase os nomes
dele, e chego até a pensar seriamente se o Abelha (amigo de minha infância) tem
esse nome no registro, se o Miqui Jegue (uma corruptela de Mick Jagger) tinha
sido batizado como tal. Tem uns até que não lembro nem o nome, como o Toco, o
Bucho-de-Sôia, o Carrapicho, o Batatão, o Nino e o Cádá, e outros que o apelido
se incorporou de verdade aos nomes, como Adonias-Cabeção, Wandersapo e o
Kléber-Gordo. Tive amigos na escola em que todos só os chamavam pelo apelido,
como o Bicho-do-Mato, o João-Gordo e o Nhonho.
Acabar com
o direito de colocar apelidos, considerando tudo como uma forma de Bullying, é
como cortar um pedaço da infância, como proibir algo que é natural, prazeroso e
que vai nos fazer lembrar momentos e de pessoas que irão nos marcar para o
resto de nossa vida.
Coisa semelhante
acontece com o preconceito. Hoje, tudo é uma forma de preconceito velado, e
ninguém pode chamar ninguém de Branquelo, Amarelo, Moreno, Negro ou fazer
qualquer relação com sua cor.
Balela!,
todo mundo teve um amigo, na infância, a quem chamava de Negão, e se este tinha
um irmão menor, o outro seria o Neguinho, se tivesse uma irmã, Neguinha, e
isso, na época, não se configurava como um preconceito. Havia sempre um alguém
que recebia o apelido de Amarelo-Palemado (não me perguntem o que é “palemado”
que até hoje eu não sei o que isso significa), um outro de Branco-Papel. Também
tinha um (em todo grupo tem um) a quem chamamos de Crente, por frequentar uma
igreja evangélica.
Hoje em dia,
se você chama um alguém de “negro”, se é, logo de cara, tachado de “preconceituoso”,
só por que se fez uma referência à pessoa pela cor de sua pele. Se chamar, até,
uma pessoa de “morena” é, por alguns, correr o risco de ser considerado
preconceituoso. Hoje em dias, todos são o que se chama (que virou moda) de
Afrodescendente (confesso achar horrível esse nome, que nem sequer soa bem).
Existe,
sim, sempre existiu e sempre existirá, preconceito, os valentões das escolas,
praticando o Bullying, e isso tem de ser combatido, óbvio, mas daí a colocar
tudo no mesmo nível, considerar tudo como sendo “prática de bullying” e “preconceito”
já é demais. Temos que, tanto nas escolas, como no trabalho ou onde quer que
estejamos inseridos, saber os limites e continuar brincando, colocando
apelidos, como sempre fizemos, que nem por isso estaremos praticando bullying.
Apelidos não
se configuram Bullying (pelo menos não todos), assim como chamar uma pessoa de
negra não é preconceito racial ou de Crente um preconceito religioso. Mas agir
de forma contrária, “se doendo”, considerando tudo Bullying e preconceito é uma
maneira de se mostrar o quão preconceituoso e complexado se é quanto a essas
questões.
Devemos,
sim, combater o Bullying e o preconceito, seja ele de cor, crença religiosa e
opção (ou orientação, ou seja lá de como estejam chamando hoje em dia) sexual,
mas devemos, também, combater os excessos de complexos e segregações que estão
implantando em nossa sociedade, caso contrário, em breve, deixaremos de ser um
país do respeito, onde todos as cores, raças e crenças vivem em perfeita
harmonia, e passaremos a ser um país separado em pequenos grupos de
complexados-imbecis.
antigamente ninguém falava de Bullying e a palavra "preconceito" era algo que ninguém sabia do que se tratava, e mesmo assim, as pessoas viviam normalmente, em paz, em harmonia. hoje em dia...
ResponderExcluirKleber-Gordo: è meu amigo na quela época apelido não dava processo mas, dava um quebra-pau danado, e olha que eu nem era tão gordo assim, hoje sim eu sou um verdadeiro GORDO. tem mais alguns apelidos emblemáticos de nossa época; bufinha, Jenipapo, china, Paulo peruca, Lambão, neifila, meião, major, mudores, fominha, Bú, cú do gato, satan ...
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