É
2010 o ano do centenário não da morte, mas da imortalidade de um dos maiores
escritores não só de seu tempo, de seu país, mas de toda a história da
literatura mundial: Liev Tolstoi.
Autor de obras monumentais, de
contos intensos e novelas primorosas, Tolstoi teve seu reconhecimento pela
crítica e público ainda em vida. Sua obra, vastíssima é composta não só de
livro no gênero literário, mas também de obras de cunho filosófico, pedagógico
e teológico, e também teve uma notável importância no tocante à religião, sendo
fundador de uma doutrina filosófico-teológica conhecida como “Tolstoismo”.
Tolstoi nasceu em Yasnaya Polyana em
1828, o jovem conde ficou órfão cedo, sendo educado por preceptores, e em 1851,
na juventude, devido a um sentimento de vazio existencial por que foi tomado,
acabou se alistando no exército da Rússia, o que colaborou para, mais tarde,
vir a se tornar pacifista. No final da década de 1850, devido a preocupações
relativas a precariedade da educação no meio rural, criou uma escola para
filhos de camponeses, onde utilizava um novo método de ensino, com material
didático próprio e, diferentemente da pedagogia da época, deixava os alunos
livres, sem as excessivas regras e punições, comuns à pedagogia tradicional.
Casou-se, em Sônia Andreievna Bers,
com quem teve 13 filhos. Dedicou-se à vida familiar durante anos, mas longe de
o casamento ser pacífico e harmonioso, seria repleto de distúrbios e brigas, mas,
contraditoriamente, foi nessa época que produziu os dois romances que mais o
tornaram conhecido para o universo literário, Guerra e Paz, escrito entre 1865 e 1869, e Anna Karienina, composto entre 1875 e 1877.
Após a publicação de seus dois
maiores romances, principalmente, muito bem-sucedido como escritor e
mundialmente famoso, Tolstoi atormentava-se com questões sobre o sentido da
vida, tentando encontrar respostas na filosofia, teologia e ciência, mas só a
encontrou sendo guiado pelo exemplo de vida dos simples camponeses, que ele
considerava o ideal. E a partir desse momento, teve o início de sua vida que o
próprio escritor chamou de sua “conversão”.
Encontrou, então, o que procurava ao
seguir ao pé da letra a sua interpretação dos ensinamentos cristãos, nessa época
de sua vida. Nesse cristianismo, Tolstoi recusava a autoridade de qualquer
governo organizado e igreja. Dedicou-se a difundir suas ideias através de
ensaios e peças teatrais e a criticar a sociedade e o intelectualismo estéril,
sem ação. Tais ideias, difundidas tão amplamente, causaram grande impacto nos
seus leitores e influenciando pessoas em todo o mundo, sendo o mais conhecido
deles Gandhi, que colocou na prática os seus ensinamentos e modo de viver e ver
a vida.
Suas ideias atraíram inúmeros
seguidores, que se denominaram “Tolstoianos”. Abriu mão dos direitos autorais
de seus livros, que só voltaria a receber o dinheiro mais tarde, quando
precisou arrecadar fundos para transportar para o Canadá uma comunidade de
camponeses perseguidos pelo governo. Chegou a ser vigiado pelo Czar e devido às
suas ideias e textos, foi excomungado pela Igreja Ortodoxa Russa, em 1901.
No entanto, apesar de toda a
simplicidade que acreditava e que buscava alcançar, sua família, em especial a
sua mulher, cobrava-lhe luxos e riquezas, o que levou o escritor a fugir de
casa, abandonando a família para seguir a vida na qual acreditava.
Na sua fuga, preferia viajar em
vagões de terceira classe, para ficar mais próximo às pessoas simples, mas tal
atitude, num homem já debilitado, o fizeram contrair uma pneumonia, que logo se
agravou, o que acarretou sua morte, no dia 20 de novembro de 1910, na estação
ferroviária de Astapovo, província de Riazan.
Em toda a sua obra, a crítica social
é um dos temas que direta e indiretamente influencia os indivíduos, sendo fator
primordial para sua felicidade ou infelicidade. Temas, também, como fé, dúvida
e finitude estão muitas vezes presentes (quando não os três, pelo menos um
deles) em todas as suas histórias.
No entanto, mesmo sento tão conhecido
(e reconhecido), muito devido a monumentalidade de sua obra, ainda há muito a
se conhecer de tão genial escritor. E só recentemente seus livros começaram, no
Brasil, a terem o tratamento justo, que sempre mereceram, com traduções diretas
do russo. Mas há, ainda, um longo, árduo e prazeroso trabalho pela frente, para
se conhecer a obra desse magnífico imortal da literatura mundial.
Nesse ano, que marca o centenário da
morte em vida e imortalidade em obra de Tolstoi, devemos, nós, leitores e
amantes de sua literatura, fazer como os camponeses o operários, que foram
receber o trem funerário que trazia o corpo do escritor, e receber sua obra, e
carregar seus livros, da mesma forma que aqueles carregaram seu caixão, seguido
por uma multidão que se estima tenha sido de 3 a 4 mil pessoas, cujo número não
foi ainda maior porque o governo de São Petersburgo proibiu a vinda de trens especiais
de Moscou para o enterro do escritor.
Na época, a morte do escritor foi
noticiada nos principais jornais do mundo, hoje, no centenário de sua
imortalidade, sua obra será lida e apreciada nos quatro cantos do universo,
onde haja amantes da boa literatura.
Ainda estou pra conhecê-lo, por recomendação sua. ;)
ResponderExcluirJá tenho Guerra e Paz, vou começar daqui a alguns dias.