Impossível
falar em literatura e excluir os contos, um dos gêneros literários mais
apreciados e intensos. E impossível, também, é falar em contos sem tocar no
nome de Anton Tchekhov, considerado o maior contista de seu país e de toda a
literatura mundial, de todos os tempos.
Anton Pavlovitch Tchekhov (1860 –
1904), russo, nasceu em Taganrog, em família de origem humilde (seu avô
paterno, inclusive, foi servo, e teve que comprar sua liberdade). O pai,
comerciante, viveu com um estigma de ex-servo, e educou os filhos de forma
autoritária, habituando-os a obedecer. No entanto, deu acesso à educação aos
filhos, dando-lhes condições de frequentar os melhores liceus da cidade. Na escola,
o jovem Tchekhov não foi um bom aluno, chegando, inclusive, a ser reprovado. A partir
dos 13 anos, ficou fascinando pelo teatro, mas devido aos poucos recursos da
família, não pôde frequentá-lo como gostaria. Na adolescência, o pai desejoso
de ascender socialmente, resolve comprar uma casa maior e expandir seu negócio,
mas acabava contraindo muitas dívidas, e sem ter como quitá-las, acaba fugindo
para Moscou, ficando, então, Tchekhov sozinho, pois se vira obrigado a ficar
para terminar seus estudos. Nessa época, contraditoriamente, seu rendimento
escolar melhorou e demonstrou uma maturidade pouco vista entre pessoas de sua
idade, tendo que se sustentar sozinho, longe de toda a família, dando aulas
particulares. Reencontrou a família anos depois, quando se mudou para Moscou
após o término do liceu.
Sua produção literária começou
praticamente na mesma época em que se iniciaram seus estudos de medicina,
profissão esta que iria exercer durante grande parte de sua vida. Publicava, a
princípio, pequenos contos e artigos com uma certa veia humorística, pendendo
para a ironia, e os publicava em jornais e revistas. Com o dinheiro dessas
publicações, ajudava no sustento da família e bancava parte de seus estudos. Nessa
época, apareceram os primeiros sintomas da tuberculose, doença esta com o qual
lutou durante todo o resto de sua vida e que acabou vendendo-o, obrigando-o,
inclusive, a sair da cidade a fim de buscar tratamento.
Formado em medicina, iniciou seus
trabalhos como médico, sem nunca abandonar de todo a literatura; muito pelo
contrário: foi nessa época que compôs grande parte de seus mais significativos
contos e peças.
Autor de grandes clássicos da
literatura nos gêneros de contos, como o A
Dama do Cachorrinho, tido por muitos como o maior conto da literatura
moderna, O Beijo, Enfermaria nº6¸ Um Homem Extraordinário¸ O
Homem do Estojo, Iônythc, Anna no Pescoço, entre outros, também se
destocou também como dramaturgo, sendo responsável pela escrita de clássicos do
teatro, como As Três Irmãs¸ O Silvano e A Gaivota. Tchekhov é respeitado não só como contista, mas tido,
também, como um dos fundadores do teatro moderno, junto com Ibsen. Também escreveu
novelas e diversos artigos, no entanto, não figura nenhum grande romance na sua
vasta obra.
Dono de uma escrita singular,
simples e direta, Tchekhov interessava-se pelo cotidiano, pelo particular das
pessoas, por seus dramas e tragédias, acontecidos no interior de suas casas. Explorou,
como nenhum outro jamais o fez, as diversas classes sociais e seus dramas, de
forma que suas histórias se passam nos mais diversos lugares – na izbá de um
camponês, na casa comum de uma pessoa comum da classe média, na mansão de um
nobre ou na casa de um nobre falido. Sua obra, quando tomada em conjunto, forma
um retrato da sociedade russa do final do século XIX e início do XX.
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