Jamais
imaginei que pudesse sentir o que sinto, que algo dentro de mim, que jazia
esquecido, morto, sepultado, pudesse ser tomado por uma súbita e indescritível
força e voltasse a pulsar e a viver. Tive medo ao sentir-me novamente vivo, ao
sentir algo vivo dentro de mim, que batia tão incontroladamente a ponto de me
fazer sufocar. Não sabia como reagir com àquilo, tão novo, tão ímpar e tão
belo. Havia me acostumado à solidão de minha vida e a frieza de meus sentimentos,
à morte de meu coração, e eis que ele se mostra vivo, pulsando, desejoso de
companhia, de proximidade e de sentir.
Não sei como nem quanto aconteceu
esse reviver, esse reflorescimento de minha alma, essa minha ânsia, mas
aconteceu. É algo forte e intenso, contra o qual não posso nem quero lutar. Quero
me deixar levar, sentir a vida tomar conta de todo o meu corpo e devorar minha
alma.
Fecho os olhos e te vejo, tão perto
que posso te tocar, que posso sentir o teu abraço, mas quando os abro e vejo a
solidão, a distância, sinto novamente a tristeza me corroer. Ao respirar, ao
sentir o cheiro que paira no ar, sinto o teu, e, inebriado, viajo para junto de
ti. Sinto o gosto de teu beijo na boca, o calor de teu corpo e de teu abraço.
Mas onde estás? Eu não sei. Distante
ou perto, estás sempre perto, ao meu lado, no meu pensamento, dentro de mim,
dentro desse coração que pulsa, que sente, que vive.
Não sei como lidar com esse
sentimento que me toma, que me devora, pois nunca aprendi a lidar com quaisquer
sentimento que me tomaram. Sinto-me inseguro, sinto medo do desconhecido, daquilo
que sinto.
Não sei como me expressar, não sei
como me dar, não sei como te dar tudo aquilo que sinto, aquilo que me há de
mais valioso, que bate tão incompassado em meu peito.
Ele está aqui, entalado em minha
garganta, explodindo em meu peito, na palma de minha mão. E o entrego a você,
Desconhecida, que eu não sei quem é, mas que a amo mesmo assim, sem medo, sem
ressalvas, por inteiro.
Pegue o meu coração, ele é seu, ele te
pertence. Cuide bem dele, pois ele é único.
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